Rússia 2018#12 - o grande futebol
No dia em que Cristiano Ronaldo foi confirmado na Juventus, e em que o mundo pôde assistir ao assalto final à gruta de Tam Luang, e ao resgate dos últimos jovens tailandeses, ficou conhecido o primeiro finalista deste campeonato do mundo, a primeira das duas selecções que no próximo domingo disputarão a grande final, que terá eventualmente como espectadores especiais justamente estes jovens que nas últimas semanas emocionaram o mundo.
Depois de um grande jogo de futebol é a França que segue para a final de Moscovo, mercê de um golo do central Umtiti, em mais um golo de bola de parada, num pontapé de canto ainda na fase inicial da segunda parte. A Bélgica não chegou ao céu, foi empurrada para o purgatório, a que chamam jogo de consolação, mesmo que o consolo seja pouco. Ou nenhum...
Este seria sempre o jogo da final antecipada, este seria sempre o confronto entre as duas melhores equipas da competição. Seria assim, se lá estivesse o Brasil. Como foi assim com a Bélgica, uma grande equipa de futebol que explodiu finalmente. Depois de tantos anos de promessas, cumpriu. Cumpriu tudo o que vinha prometendo nos últimos três ou quatro anos, quando esta fantástica geração de jogadores atingiu a maturidade plena.
Passou a França, o único dos grandes favoritos que nunca falhou. Confirmou que é uma grande equipa, cheia de jogadores de altíssimo nível. A maioria deles ainda jóvens - apresentou a mais baixa média de idades num mundial - mas todos eles jagadores feitos, e já em plena maturidade, o que faz desta selecção francesa um caso sério do futebol mundial.
Deve provavelmente grande parte do seu sucesso a esta maturidade. Já evidenciara, antes deste jogo, clara vantagem sobre a Bélgica na forma como geria os jogos, com muito mais tranquilidade, doseando bem a carga emocional, sabendo arrefecer o jogo. Por isso se desgastou sempre menos, física e mentalmente.
Hoje isso foi mais uma vez decisivo. A Bélgica foi muito superior na primeira parte, tal como acontecera no jogo com o Brasil. Mas, também como nesse jogo, não aguentou o mesmo ritmo na segunda parte. A diferença foi que desta vez não conseguiu capitalizar a sua superioridade técnica e táctica (o seleccionador, o espanhol Roberto Martinez, um verdadeiro estratega, consegue sempre surpreender tacticamente o adversário) da primeira parte, acabando por não tirar qualquer rendimento do seu melhor período. Após o intervalo, que Deschamps aproveitou bem, a França entrou melhor. E com o golo, logo ao fim dos primeiros 5 minutos, o jogo mudou por completo. E veio ao de cima toda a sua maturidade, que lhe permitiu gerir o jogo como mais gosta e melhor sabe.
Pode não ganhar a final do próximo domingo, mas que é bem provável que a França conquiste na Rússia, na sua terceira final, o seu segundo título mundial, lá isso é.
E quando faltam três jogos para que o pano caia, já se pode dizer que, ao contrário do que a determinado momento se chegou a recear, o grande futebol passou pela Rússia. Chegou atrasado, mas a tempo de nos mostrar como eram descabidas, num mundial discutido por equipas europeias, as ditas ambições do campeão europeu.