Sabemos e não podemos ignorar
Surpreendentemente, o Relatório da auditoria da Ernst & Young à gestão da CGD nos primeiros 15 anos deste século acabou nos jornais. Por obra e graça da Joana Amaral Dias, que começou por divulgá-lo no domingo à noite na televisão que lhe paga, antes de o entregar aos jornais.
Apesar de todas as enormidades reveladas, da dimensão pornográfica do buraco, e da chocante revelação que mais de mil milhões de euros foram derretidos em crédito concedido contra a opinião das comissões de avaliação de risco do crédito, nada disto é grande novidade. Já toda a gente sabia que tinha sido assim, e nem os nomes na lista dos maiores "caloteiros" são novidade. Toda a gente já tinha falado deles!
A única coisa nova é a própria divulgação pública deste Relatório. Se não tivesse sido divulgado tudo ficaria na mesma, como sempre ficou no passado. É que, com esta divulgação pública, sabemos, e não podemos ignorar!
Sabemos, e não podemos ignorar, quem foi quem. Quem foi que roubou ao país milhares de milhões de euros em proveito próprio. Quem foi que se locupletou com prémios de gestão por resultados falsificados por crédito irrecuperável. Quem foi que durante mais de 10 anos deixou passar isto na auditoria às contas. Sabemos, e não podemos ignorar, que eles andam aí... E eles sabem, e não podem ignorar, que nós sabemos!