Sal para cima das feridas
Foi mais do mesmo. A estreia do Benfica no campeonato, em Famalicão, foi mais do mesmíssimo Benfica do campeonato anterior.
Tendo por paralelo a última deslocação a Famalicão, naquele jogo em que o Benfica entregou o título ao Sporting, pode até dizer-se que foi pior. Quando os jogadores adversários têm sempre as melhores soluções para os problemas que o jogo levanta, há qualquer coisa de muito errado.
Os jogadores do Famalicão foram sempre melhores a tapar espaços, ou a abri-los. No passe longo, ou no curto. No drible. Na pressão, onde quer que fosse preciso. E quando os jogadores do Famalicão são melhores que os do Benfica o mundo gira ao contrário.
O Famalicão marcou logo aos 12 minutos, por Sorriso, quando já era visível que o Benfica nunca se entendia com aquela pressão, nem com aquela intensidade. Nunca se entendeu, de resto.
Com Roger Schmidt a lançar o onze afinado na pré-época - sem olhar a nomes, diríamos ao conhecê-lo - o primeiro remate (João Mário) do Benfica aconteceu aos 58 minutos, à beira da hora de jogo. Quando perdia desde o minuto 12!
Só isso diz tudo. Isso e que apenas num curto período da segunda parte, já depois das substituições, e depois da entrada de Di Maria, quando o Famalicão se deixou empurrar para dentro da sua área, conseguiu - mesmo sem largura no jogo, mesmo sem linha final, sem automatismos e mesmo sem nada que desse certo - duas ou três oportunidades para empatar o jogo. Mas antes de marcar o segundo golo, aos 90 minutos, de novo por um tal Zaydou, como no último jogo, já o Famalicão desperdiçara duas claras oportunidades para marcar, em lances em que fez gato sapato dos adversários.
Poderíamos queixar-nos que o guarda-redes adversário não nos ofereceu um golo. Que nem o árbitro nem o VAR - e bem podia - conseguiram arranjar-nos um penaltizinho. Bastava um, nem era preciso dois. Nem uma expulsão, sequer. O guarda-redes defendeu o pouco que teve para defender, e o Fábio Veríssimo só tinha amarelos para oferecer, a torto e a direito. Mas só temos de nos queixar de uma equipa que não teve nada a ver com o que mostrou nos jogos de pré-época. E de um treinador que dissera que a equipa estava pronta para arrancar o campeonato, e depois não teve explicação para o que aconteceu.
Esta entrada do Benfica não é só a Lei de Murphy. É uma tonelada de sal despejada sobre as feridas da época passada!