Salvaguardando as distâncias
Observadores e analistas dão conta da protagonismo dos media no momento crítico que o Brasil atravessa. Que vão muito para além da influência, mais ou menos natural, para se transformarem em parte do conflito. E como tomam parte...
Não pode deixar de arrepiar que se fale da Globo lado a lado com forças armadas. E no entanto assim é, nesta crise a Globo aparece-nos como um player...
Salvaguardadas as distâncias, também por cá percebemos isso quando vemos, por exemplo, as notícias que dão o Orçamento de Estado como uma manta de retalhos, em vez de, por exemplo, darem notícia que é, para muitos e relevantes observadores, o melhor orçamento dos últimos anos. Ou quando as notícias se focam em centenas de alterações, metidas a martelo no orçamento, e ignoram o processo negocial de que resultaram... E as vantagens para a democracia da negociação e da procura de consensos na construção de um instrumento de governação tão importante como o orçamento. Ou na forma jocosa como certa imprensa adoptou a geringonça, usando e abusando da expressão para continuar a minar a legitimidade da governação e a diminuir o executivo.
E não deixa de ser curioso reparar como a Globo foi sempre o modelo da SIC. Salvaguardadas as distâncias, bem entendido...