Sem surpresa
Os bancos e as grandes empresas sedeadas na Catalunha estão a anunciar (ameaçar?) deslocar as suas sedes para outras regiões de Espanha. O pontapé de saída foi dados pelos bancos, com o Sabadel na frente, logo seguido do CaixaBank, o dono do BPI e, com o Santander e o BBVA, um dos maiores bancos espanhóis. Seguem-se-lhes muitas multinacionais: a primeira foi a farmacêutica Oryzon Genomics, mas também a Nestlé, a Airbnb e a Volkswagen - com três fábricas na Catalunha - já anunciaram as suas intenções. E até algumas das maiores empresas nacionais, como a Gas Natural SDG.
A surpresa é inversamente proporcional à competência de Rajoy. Se não se pode dizer que estas notícias sejam uma grande surpresa, terá de dizer-se que são um enorme atestado da incompetência de Mariano Rajoy. Mais um, se preciso fosse!
O próprio FC Barcelona, o maior símbolo da identidade catalã, e que já se ofereceu para mediar um diálogo que reclama, não poderá deixar de passar por um dramático processo de "deslocalização".
Com estes trunfos, com a provável quebra de 25 a 30% no PIB da Catalunha e a estimada duplicação da taxa de desemprego, de resto até já anunciadas pelo próprio ministro da economia, se outras razões não houvesse - e até havia, e bem fortes, como a corrupção na generalitat que se esconde por trás do referendo - numa campanha normal, democrática e sem incidentes, o triunfo do independentismo seria muito pouco provável.
Ao não perceber isto, e partir para um confronto onde só tinha a perder, Rajoy confirmou-se um político incompente, radical e politicamente cego. Também sem surpresa!