Sem xistradas
Depois da derrota da semana passada, ainda por digerir, o Benfica tinha hoje uma deslocação a Braga, sempre difícil, ao contrário do que alguns por aí gostam de dizer. E que o Benfica tem sabido, nos últimos anos, parecer fácil. Como hoje voltou a acontecer, a jogar contra um grande Braga, como tinha deixado patente há duas semanas em Alvalade, e há quatro dias, em Moscovo. Sem que ninguém lho facilite, jogando contra um adversário completo e inteiro. Sem que lhe seja dada a benesse de jogar contra dez desde os primeiros segundos do jogo, ou contra nove, se e quando o jogo pudesse começar a ficar complicado. Sem xistradas!
O Benfica entrou muito bem no jogo Os primeiros sinais foram de uma equipa confiante, fiel ao seu modelo de jogo e pronta a instalar o seu futebol de qualidade no relvado. Pouco depois dos primeiros momentos do jogo o Braga começou a engasgar o futebol dos campeões nacionais, passando a jogar com pressão sobre os jogadores adversários em todas as zonas do campo, a começar mesmo em cima da área benfiquista. Foi no entanto sol de pouca dura, porque rapidamente o Benfica tomou conta do meio campo - com Taarabt e Florentino em grande plano - e do jogo. Que poderia ter ficado resolvido na primeira parte, com ocasiões suficientes para chegar ao intervalo com uma goleada, apenas retardada porque os dois avançados do Benfica continuam de costas voltadas para o golo, falhando sucessivamente aquilo a que se chama "golos feitos". Uma mala-pata que certamente um dia destes vai acabar.
O golo único da primeira parte, de Pizzi, de penálti, a meio desse período do jogo, foi muito pouco para as cinco ou seis oportunidades claras que o Benfica então criou. Contra uma única do Braga, num remate ao poste de Ricardo Horta, na sequência de um livre por uma das muitas faltas que o árbitro Nuno Almeida assinalava cada vez que Taarabt disputava uma bola. Com tanta convicção que até lhe deu um amarelo pela sucessão de faltas que só ele via.
Sá Pinto percebeu e sentiu esse domínio do Benfica e mexeu na equipa na entrada para a segunda parte, com duas substituições, tirando Galeno e Hassan e fazendo entrar Murillo e Rui Fonte.
Mas nem deu para ver no que dariam. O Benfica entrou para repor a verdade no marcador, e não deu qualquer hipótese de reacção ao Braga. E logo na de saída de bola, pegou nela e desenhou uma grande jogada de futebol, culminada no excelente cruzamento do regressado André Almeida - que falta tem feito naquela ala direita! - para uma não menos excelente desmarcação de Pizzi, concluída num grande golo.
Quatro minutos depois, ainda dentro dos primeiros 5 da segunda parte, o Benfica chegou ao terceiro. Mais uma bela jogada, com um grande trabalho de Seferovic, a dar o golo a RDT. Só que - está visto - ninguém quer que os avançados do Benfica marquem, e o Bruno Viana antecipou-se ao avançado espanhol, roubando-lhe o golo que tanto persegue. Exactamente como um quarto de hora depois, então a passe de Jota - que tinha entrado a substituir o avançado espanhol -, foi o Ricardo Esgaio a roubar o golo a Seferovic que fechou o resultado.
A partir daí, e quando se esperava que o novo trio de ataque - Jota, Vinícius e Caio - quisesse fazer miséria no resultado, o Benfica alternou espaços de asfixia sobre a baliza de Matheus com outros de clemência, acabando até por ser nesse período que Odysseas foi chamado a duas grandes defesas, mantendo a baliza a zeros.
No fim, fica mais um grande resultado - mesmo que escasso para as oportunidades criadas, e mesmo com os avançados de novo em branco - em mais uma visita ao Minho. E a forte convicção que na semana passada apenas aconteceu um acidente de percurso.