Senadores de meia tigela
O país confia nas suas instituições, como o mostram as sondagens dos últimos dias. Em poucos outros momentos históricos os portugueses revelaram tanta confiança nas instituições, o que é tão mais sintomático quanto sabemos que, ainda há poucos meses e poucas semanas não era essa a ideia que tínhamos.
As decisões políticas têm merecido, também em conformidade com estudos de opinião publicados nestes dias, fortíssima aprovação dos portugueses. A decisão do estado de emergência, por exemplo - com a qual não concordei, como bem sabe quem por aqui perde parte do seu tempo - tem índices de aprovação largamente maioritários.
No Parlamento, em vez da crispação habitual, constata-se um saudável ambiente de serenidade, com as diferentes forças políticas disponíveis para apoiar as medidas que o governo vai anunciando, e a deixarem a afirmação das suas diferenças para outras oportunidades, que esta é de união.
Nas ruas, reina a tranquilidade. Duas ou três dezenas de detenções, por violação do regime de emergência, não beliscam minimamente essa tranquilidade. Os portugueses estão ou em casa, ou no trabalho, civicamente a acatar as regras instituídas.
E no entanto há por aí uns quantos que se acham senadores da nação a clamar por um governo de salvação nacional. Há uma semana foi Marçal Grilo, num espaço que partilha com Luís Nobre Guedes na RTP 3. Ontem foi José Miguel Júdice - "Se há momento em que um Governo de salvação nacional é necessário, é este” - no seu espaço na SIC Notícias.
Hão-de vir mais. É só esperar mais um bocadinho.
Se, depois de passado o tsunami, e de toda a extensão da devastação ficar à vista, perante a avaliação da tarefa de reerguer a economia nacional e a própria sociedade portuguesa, se poderia admitir essa discussão, agora não. Não, não é este o momento. Por muita que cresça todos os dias a pressa do Presidente Marcelo...