Sentido de regime e sentido de Estado
Mesmo discordando da presença do Presidente da República na tomada de posse de Bolsonaro, dei-lhe o benefício da dúvida. Não pelos argumentos que Marcelo apresentou, exclusivamente centrados na CPLP, essa coisa que não passa de uma central de negócios falhados pouco dada à vergonha, a que só em Portugal é dada alguma importância. Mas porque ainda admitia alguma lógica de interesses de Estado entre dois países que a História fatalmente juntou, que resistem ao fatalismo das costas voltadas a essa fatalidade...
Hoje não tenho dúvidas que esta visita de Marcelo não o prestigiou nem prestigiou o país. Marcelo voltou, em Brasília, a pôr-se de cócoras e a dar do país uma imagem de servilismo que o empequenece. Falou - melhor, procurou falar - com sotaque, adicionando açúcar do Brasil à língua que trazia de Portugal, como se fosse café que trouxera de Angola. E perante a pouca importância que lhe foi dada por Bolsonaro, obviamente medida pelo pouco tempo da audiência concedida, a melhor saída que encontrou foi que os irmãos precisam de pouco tempo para comunicar.
Decididamente, Marcelo é um bom Presidente da República. Mas não é um estadista. Nele é maior o sentido de regime que o sentido de Estado!