Ser e parecer
Se Fernando Medina comprou o seu apartamento (a uma familiar próxima da administração da Teixeira Duarte) com um desconto de 200 mil euros sobre o preço de mercado (seiscentos e tal mil euros, contra mais de 800 mil de valor de mercado), pode simplesmente ter feito um bom negócio. O que não tem nada de errado.
Ou pode ter fugido com a diferença à escrituração. O que está errado.
Se a Teixeira Duarte não tinha negócios com a C.M. de Lisboa, e passou depois da data dessa transacção a ter, pode até não ser simples coincidência, mas pode nem assim não ter nada de errado. Se todos esses negócios eram de valor inferior a 5 milhões de euros, e por isso dentro dos limites da adjudicação directa, não tem nada de errado.
Mas que, tudo junto, e tudo sendo verdade, tem tudo para parecer errado, lá isso tem. E quando assim é, lá vem a mulher de César para a conversa... Por isso, quando assim é, dizer que é tudo uma cabala da oposição escondida atrás de uma denúncia anónima, e que quando comprou a casa não fazia ideia nenhuma da ligação da vendedora à Teixeira Duarte, é pouco. Pode ser verdade, mas não chega.
E Fernando Medina sabe bem que não chega. Mesmo que chegue para ganhar as eleições...