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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

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Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Sinal de alarme*

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Há pouco mais de uma semana uma freira de 61 anos morreu, em S. João da Madeira, vítima de um violento e hediondo crime.

Maria Antónia Pinho – a Irmã Tona – para além de conhecida pela sua intervenção social, era ainda reconhecida por uma alegria contagiante e pelo ar radical que lhe era emprestado pela mota em que se fazia sempre deslocar.

Em liberdade condicional desde Maio, depois de cumprir parte da pena de 16 anos a que fora condenado, com novo mandato de captura já emitido mas por executar, e inscrito num centro de recuperação de toxicodependentes em que Irmã Tona exercia voluntariado, o homem atraíra a freira a sua casa, a pretexto de lhe oferecer um café, em agradecimento por uma boleia que ela lhe tinha dado.

Não sei se lhe chegou a servir o café, sabe-se que tentou violá-la em vida e que, não tendo conseguir vencer a resistência da pobre senhora, a matou para a violar depois de morta.

A notícia passou num ou noutro jornal. Mas despercebida. Não tive qualquer percepção de a ter visto passar nas rádios nem nas televisões, e não se viu no país nenhum tipo de indignação. O país, que tão rápido é geralmente a indignar-se em choque contra actos criminosos deste tipo, atrás dos directos das televisões, desta vez não reagiu.

Indignado com esta passividade do pais perante tão hediondo crime, o Bispo do Porto tornou pública há dois dias uma veemente nota de indignação, acusando a opinião pública, e as instituições do país, pela irrelevância que lhe deram, e pelas responsabilidades que objectivamente lhes cabem neste desfecho trágico.

A reacção que se conhece a esta tomada de posição pública do Bispo não poderia ser mais chocante. A resposta foi simples e brutal. Não, não foi por se tratar de uma freira, como apontara o Bispo. Ninguém se indignou - responderam grupos visados - porque o caso simplesmente não existiu nas redes sociais.

É isto. É este o tempo que vivemos. Sem redes sociais não há opinião pública. Não é a comunicação social que forma a opinião pública, são as redes sociais. A comunicação social demitiu-se da sua função, e segue ela também as redes sociais. Se não tem impacto nas redes sociais, não é notícia. Não tem importância!

Acreditem, isto é o pior que nos podia acontecer. Deixar a opinião pública à mercê da informação mais primária e manipulável é o que de pior pode acontecer a uma sociedade. As consequências vão ser ainda mais graves. E vamos pagá-las todas. Mais cedo do que poderemos estar a pensar!

 

* A minha crónica de hoje na Cister FM

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