Surpreendente sem surpresa
Ao contrário do que se poderia pensar, o empate desta noite, na Luz, com o Farense, não é surpreendente. Os astros estavam todos alinhados para este revés caseiro. Surpresa foi a forma como o Benfica empatou este jogo, não foi tê-lo empatado.
Surpreendente foi a exibição da equipa, foram os 36 remates, e a dezena e meia de oportunidades de golo criadas. Era mais ou menos dado por certo que a equipa entrara decididamente num ciclo negativo de que demoraria a sair, provavelmente já com um novo treinador. Isso bate certo com o resultado, mas já não bate com a exibição, nem com o comportamento dos jogadores.
Surpresa foi que a equipa entrou para ganhar desde o primeiro minuto. Podia ter marcado logo nos segundos iniciais, mas não marcou. E essa foi apenas a primeira de uma série de oportunidades de golo que dava para ganhar seis ou sete jogos, mas que não deu para ganhar este.
Claro que há jogos assim. Em que parece que está a ser feito tudo o que há a fazer, mas a bola não quer entrar. E é claro que, quando há jogos assim, ao treinador exige-se que faça também tudo. E ainda mais alguma coisa.
É daqui que, sem surpresa, Roger Schmidt tem dificuldade de sair. E o balão rebentou.
A atitude daqueles adeptos que ali estavam junto ao banco é inaceitável. A dos outros, dos que "apenas" assobiam, era expectável perante mais um mau resultado. Entre o inaceitável e o expectável Schmidt decidiu partir a loiça, partir para o conflito aberto com os adeptos, e colocar uma bomba a rebentar nas mãos de Rui Costa.