Surpresa: desta vez ganhou mesmo quem perdeu!
Foi uma noite eleitoral de surpresas. A primeira é que foi longa, justamente pela surpresa maior - Lisboa. A segunda é que, quando sempre todos ganham, desta vez houve quem não ganhasse. Nesta surpresa, outra - o PC, verdadeiro especialista na viragem de resultados nas noites eleitorais, desta vez foi directo ao assunto e não lhe deu a volta. Jerónimo de Sousa bem cedo declarou a derrota - cedo demais, mas Almada bateu com força - e foi único não ganhador.
De resto todos ganharam, mas isso não é surpresa. Transformar derrotas eleitorais em vitórias é a nossa especialidade política. Só que, e para continuar no domínio da surpresa, desta vez ganhou mesmo quem perdeu. E perdeu quem ganhou.
O PS ganhou estas eleições autárquicas, sem nenhuma dúvida. E nem sequer ganhou por poucochinho, mas essa vitória não lhe vale nada mais que as presidências das Associações Nacionais de Municípios e de Freguesias. Perdendo Lisboa e Coimbra, e mais nove capitais de distrito, perderia sempre estas eleições. Claro que não perdeu o Porto, mas também não o ganhou, nem isso seria possível. E a cor do mapa das principais cidades do país deixou de ser rosa. Lisboa foi a grande surpresa. Nenhuma sondagem alguma vez apontara para a vitória de Moedas, em que nem ele próprio acreditava. Ganhar ou perder Lisboa, é sempre mais que simplesmente ganhar ou perder. O futuro de Medina e de Moedas vai passar por esta noite.
O PS, e pelo envolvimento que nelas teve, António Costa, ganhou estas eleições autárquicas, mas perdeu-as. O PSD, e muito em particular Rui Rio, perdeu estas eleições, mas ganhou-as. Desde logo porque ganhou tudo o que o PS perdeu, que apenas ganhou o que a CDU perdeu. Mas ganhou também porque, com elas, ganhou o fôlego que necessitava para em Janeiro próximo manter a concorrência à distância.
As lideranças partidárias estavam também em jogo nestas eleições, e nesse aspecto as do PSD e do CDS, podem respirar de alívio. Para já, para o futuro é outra coisa, e lá vêm Medina e Moedas... Em sentidos opostos, evidentemente.