A dúvida anda no ar: remodelação ou implosão? Será que o governo está mesmo para cair - de maduro para uns, de podre para outros - ou será que Passos Coelho está para dar ouvidos ao parceiro de coligação, e vai proceder à remodelação? Devolvendo o Álvaro à procedência, eventualmente com a incumbência de criar a confraria do pastel de nata no Canadá...
Relvas, bem se sabe, é apenas a outra face de Passos Coelho. Um não pode ser remodelado sem o outro, e o primeiro-ministro não o pode ser… Logo, Relvas, queira ou não queira o CDS, não será remodelado!
Se calhar é por isso que o ministro Crato guarda/esconde os resultados da investigação à famosa licenciatura de Relvas - que pediu à IGEC (Inspecção Geral da Educação e Ciência) há perto de um ano - desde meados de Janeiro…E que diz agora que está para os divulgar em breve!
Pois…também pode ser o Nuno Crato a acompanhar o Álvaro… Ou pode cair tudo!
Cinco mil milhões de euros, vivinhos, em notas, passearam hoje no Chipre. Não em carros blindados, mas em camiões vigiados por terra e ar por gente fortemente armada.
Chegaram de barco, provenientes da Alemanha – pois claro, eles é quesão os donos da bola– e tinham por objectivo fazer com que não faltassem notas, hoje na reabertura dos bancos. Que estavam mesmo vazios!
Também vi, claro. Era o grande happening televisivo.Quem é que não viu?
Também assisti, no me toca sem ponta de saudades, a este regresso de Sócrates. E achei-o na mesma, igual a si próprio, sem qualquer cedência à sua narrativa. Ele, que disse estar ali para combater uma narrativa, a que chamou de narrativa …única.
É isso, não há factos. Apenas narrativas. É este também um dos nossos grandes problemas: tudo se resume à narrativa! A uma, a outra ou a outra ainda…
Fora disso, da narrativa e da manipulação de factos e números – arte em que sem dúvida é mestre – apenas uma tareia, diria mesmo um enormetareão, no Presidente da República. E aí, a sério, acho quesó se perderam as que caíram no chão…
De resto, narrativas e manipulação à parte, o mesmo Sócrates de sempre, com a mesma crispação de sempre, e a mesma arrogância de quem nunca erra. Que diz assumir as suas responsabilidades mas que é incapaz de admitir uma única. Um único erro: ter constituído um governo minoritário! Que, evidentemente, põe ao serviço de outra das suas especialidades: a vitimização!
Um Sócrates em forma, mesmo que por duas vezes lhe tenha saído um “é pá” a deixar perceber ainda alguma falta delubrificação.
No que me parece que esta entrevista falhou foi na sua vertente de marketing. É que, se tinha também por objectivo funcionar como instrumento promocional – e eu acho que tinha - do seu novo espaço de comentário semanal, a estrear já na próxima semana, parece-me que falhou. No fim da entrevista acho que já estávamos todos fartos de Sócrates, e sem grande vontade de o passar a seguir todas as semanas!
Sobre o Sr Schauble já quase tudo foi dito. Se calhar faltará dizer que o ministro das finanças alemão tem mentalidade de sopeira. É o que eu digo, com todo o respeito pelas sopeiras, a quem só não peço perdão porque me parece que já não as há!
Que seja ignorante, que pense como uma sopeira, poderia ser um problema dele. E, vá lá, dos alemães… Infelizmente não é. É um problema nosso… e grande! É gente desta - gente extraordinária - que manda na nossa vida, no nosso futuro e no futuro dos nossos...
E lembrarmo-nos nós que está agora a fazer 60 anos que foi perdoada a dívida à Alemanha...
Não faço ideia se será o Vale e Azevedo do Sporting, nem sequer se serão muitos os pontos de contacto entre estas duas personagens. Lá que parece haver um lado obscuro – ou mesmo mais - em Bruno de Carvalho, parece. Que há coisas que se não percebem, há. Que há ali populismo – mesmo que mais bemembrulhadoque o de Vale e Azevedo -, há!
Mas, se a lógica não fosse uma batata, não poderia ser outro a ganhar as eleições para a presidência da agremiação de Alvalade. Nunca poderia ser o José Couceiro que praticamente todas as sondagens davam como certo. Por uma razão simples: o Bruno de Carvalho tinha tido há dois anos praticamente o mesmo número de votos de Godinho Lopes. E mais votantes, que dois anos depois garantiam ainda mais votos!
Ao longo destes dois últimos anos da presidência de Godinho Lopes o Sporting teve um percurso muito idêntico ao do país: sempre a correr para o abismo, com cada mês pior que o anterior. Godinho Lopes rivalizou com Passos Coelho na asneira, no disparate e na profundidade do buraco que foram cavando. Bruno de Carvalho, mesmo que não fizesse nada, mesmo que se mantivesse imóvel, ganharia só com o péssimo desempenho do seu antigo adversário. Acresce que aguerra civilestalou em Alvalade, mas não foi por ele. Sempre se manteve fora da cena de guerra em que o Sporting se foi afundando, nunca alimentando publicamente o que quer que fosse. Manteve aquilo que se convencionou chamar de postura responsável, sem desperdiçar os votos que lhe vinham cair às mãos.
Bruno de Carvalho partiu para estas eleições com a sua base de votação de há dois anos significativamente reforçada, não partiu apenas com os seus de 35%. Era um patamar de saída virtualmente imbatível, mesmo que a campanha eleitoral lhe corresse muito mal. O que nem sequer foi o caso!
José Couceiro, dado como o candidato da continuidade, isto é, aquele que seguraria ostatus quomuito assente na feira de vaidades em que aaristocracialeonina transformou o clube, partia como herdeiro dos votos de Godinho Lopes. Só que Godinho Lopes não deixava herança, tudo tinha sido desbaratado!
Os resultados das eleições no Sporting só podiam ser os que foram. Na dimensão da crise que tomou conta de Alvalade não poderia sair outra via que não a revolucionária. O problema é que, das revoluções, só se sabe como começam…
Até aqui, até aos resultados desta noite, tudo era previsível. A imprevisibilidade vem a seguir!
A temperatura política subiu bem mais que a meteorológica nesta parte final da semana. E não teve nada a ver com a chegada da Primavera, o equinócio não trouxe nada de novo ao nível das condições climatéricas.
É a moção de censura ao governo que o PS – o antigo Partido de Soares, que foi Partido de Sócrates, e é agora Partido de Seguro – anunciou ao final da noite da passada quinta-feira, anúncio solenemente confirmado ontem no Parlamento, na discussão quinzenal com o governo que, evidentemente, mais faz subir o mercúrio do termómetro político do momento. Sabe-se qual é o destino de uma moção de censura a um governo que dispõe de maioria parlamentar, e nessa medida há sempre alguma dificuldade em desenquadrar a decisão de uma daquelas medidas folclóricas que fazem parte do jogo político. Não servem para nada mas têm significado político: os media animam-se, os comentadores excitam-se e os políticos levam-se a sério!
A anunciada moção de censura do PS é tudo isso e ainda mais alguma coisa. António José Seguro apresenta-a exactamente no registo que, no passado, utilizou nas suasabstenções violentasdos dois orçamentos anteriores. Ou no que usou para a violenta declaração do seu voto de aprovação do tratado orçamental imposto por Merkel, aquele que impõe o défice zero. Défice que Portugal não consegue baixar dos 5%, nem depois de secar os bolsos dos seus pobres contribuintes, nem de esgotar a imaginação com artifícios contabilísticos, mas que, pelas mãos desta maioria e do PS, foi o primeiro, pela ratificação do tratado, a comprometer-se a anular.
É por isso que Seguro anuncia a apresentação da moção de censurasem anunciar a data da sua apresentação. Uma moção de censura para data incerta, que denuncia a pressa – gato escondido com rabo de fora - com que foi decidida. Recordandoosoundbytede Segurode há dois meses atrás - Qual é a pressa? – dir-se-á que a pressa veio de Sócrates. Diria que, gerido o dossiê António Costa, o regresso de Sócrates obrigou Seguro a mexer-se!
E é também por isso que, enquanto anunciava a moção de censura para daqui a umas semanas, Seguro tranquilizava a troika. Que a moção de censura não punha em causa qualquer compromisso, que tudo seria integralmente respeitado!
O problema não está, evidentemente, se o PS poderia dizer o contrário. O problema está apenas no simples facto de que não há solução para o país sem rever ou renegociar os compromissos assumidos. E que o PS, apenas porque anunciara uma moção de censura inconsequente,não precisava nada de ir a correr para a troika com juras de amor e fidelidade eternos!
O anúncio da moção de censura sem data está para aabstenção violentana votação do orçamento como a carta logo enviada à troika está para a votação do tratado orçamental. Tudo na mesma, portanto!
Choca que alguém que está tão ligado à desgraça nacional seja reabilitado desta forma, pela mão da televisão pública. Choca que Sócrates não se enxergue, e esteja convencido que tudo o que as suas tropas por cá têm feito nos últimos tempos o reabilitou. Choca que quem manda na estação pública de televisão não perceba que isto é uma afronta, que já deu origem a uma petição pública de repúdio. Mas choca ainda mais pensar que isto possa ser um grande favor que a RTP está a fazer ao governo... Sim, porque para o governo, isto é um jackpot do euromilhões!
Choca pensar que eles achem que já nos tiraram tudo. Que já nem capacidade de nos chocarmos tenhamos…
Ainda não ouvimos uma palavra, seja da boca do primeiro-ministro seja da do ministro das finanças, sobre o dito resgate do Chipre. Sabemos que Vítor Gaspar foi um dos que, na madrugada de sábado,aprovou aquela decisãode confiscar os depósitos dos cipriotas. E não só, bem sei…
Por isso mesmo, porque fez parte da decisão que acabou de vez com a União Europeia, maior seria a sua obrigação de dizer qualquer coisa. Mas sabemos bem que poderemos esperar sentados. Nem ele está para se dar a essa maçada, nem nunca à sua mente chegaria a ideia de que pudéssemos merecer algum tipo de explicação.
Mas se do governo nada ouvimos, o mesmo se não passa do lado dos seus apoiantes. A legião de escribas ao seu serviço espalhada por todo o espaço mediático, resolveu propagandear que a situação é igual à da Islândia. E têm até o desplante de perguntar como é possível que os que apoiaram o processo islandês estejam agora revoltados com esta medida imposta ao Chipre.
O silêncio do governo é a prova de que já morreu, que já não está nem diz. Os seus indefectíveis apoiantes e ideólogos bem se esforçam por esconder o cadáver, mas não percebem que apenas acabam por espalhar ainda mais o mau cheiro!