À PT saiu muito mais caro, sem dúvida. Teria poupado uns bons milhares de milhões se tivesse feito o mesmo que os brasileiros, se lhe tem entregue um cheque idêntico há 14 ou 15 anos, como agora uns meses depois de ter entrado!
Mas isso só torna maior o escândalo em que isto tudo de tornou...
Dizia que “ter sucesso é errar menos”. Não terá dificuldade em encontrar outra forma de explicar o sucesso. Por exemplo: ter sucesso é sair pela porta pequena com um cheque grande!
António José Seguro surpreendeu muita gente ao demitir-se sucessivamente de todos os cargos políticos que ocupava. Começou por se demitir do Conselho de Estado e a acabou a abandonar o lugar de deputado que ocupava na Assembleia da República e anunciar que ficaria de fora, no próximo Congresso do partido. Que iria regressar à Universidade, disse…
Ora isto quer dizer que Seguro acredita que tem futuro político. Poderia parecer que, quem como ele nunca fez mais nada que política, nas actuais circunstâncias, optasse por se sentar na última fila da bancada parlamentar à espera das próximas eleições e da generosidade do novo líder. É por acreditar que não está acabado para a política, é – creio eu – mais por ambição que por dignidade e sentido ético, que Seguro optou por se afastar desta maneira. É porque sabe que só assim poderá marcar um lugar para o futuro!
Seguro acredita que sobrevive a António Costa, ao contrário de Passos Coelho. Que não só não acredita que lhe sobreviva como não acredita que tenha qualquer futuro político.
Não deixa de ser curioso que, quando António José Seguro, o seu adversário sempre dado por incompetente, mostra competência, Passos Coelho, ao mostrar que não consegue perceber que a sua obrigação não é segurar ministros, dê a sua maior prova de incompetência. Segurar Portas, há um ano e picos, não tem nada a ver com segurar qualquer ministro noutra altura qualquer. Nessa altura, para a sua estratégia, foi bom. Agora, é desastroso!
É verdade. Continua a haver sempre coisas novas para contar sobre o que aqui chamamos Bescândalo. Novas e cada vez mais graves!
Hoje soube-se que, afinal, de acordo as informações oficiais que constam do ‘site' da Concorrência europeia, o pedido de resolução foi feito à poderosa Direcção Geral da Concorrência Europeia (DGComp) na quarta-feira, 30 de Julho, no próprio dia da publicação das contas do primeiro semestre do Banco, que precipitaram tudo. Muito antes portanto da decisão do Banco de Portugal ser conhecida, no domingo, 3 de Agosto, e antes das acções do banco terem sido suspensas pela CMVM, na sexta-feira, 1 de Agosto. Porfeeling, sem qualquer informação institucional, como também já se sabe. E antes ainda de Marques Mendes saber e divulgar isto tudo...
Quer dizer que durante três dias se transaccionaram acções do BES com gente a saber que iriam perder todo o valor, e muita gente, sem saber de nada, a perder centenas de milhões de euros. E é mais um, em cima da imensa sucessão de escândalos em que o BES se tornou.
O governo preparou tudo. O conselho de ministros reuniu e preparou toda a legislação necessária à resolução. Mas sempre disse que não sabia de nada. Agora é ainda pior: o pedido de resolução foi enviado às instâncias europeias ainda antes disso tudo, mas ninguém sabe quem o enviou. Interrogada hoje na Assembleia da República, a ministra Maria de Lurdes Albuquerque garantiu, a lembrar os episódios dos Swaps, que os contactos do governo com Bruxelas se iniciaram no sábado, 2 de Agosto. E mandou que perguntassem à Direcção Geral de Concorrência, exactamente como o governador do Banco de Portugal, que diz que "o processo só pode ser explicado pela DGCom".
Há pouco tempo a PT era aquilo que seria a primeira multinacional portuguesa a sério. Uma empresa genuinamente portuguesa, moderna e inovadora, que inventara o pré-pago – ummimo– aberta para o mundo e disposta a abraçá-lo.
A sua gestão era glorificada, com títulos e prémios à escala mundial, nunca vistos em Portugal. Zeinal Bava, o prodígio da gestão, era disputado por todo o mundo!
Resistira à espanhola Telefónica, tendo apenas de lhe entregar a brasileira Vivo, mas à custa de muitos milhões: 7,5 mil milhões! Resistiria depois à bem portuguesa Sonae, mesmo que tendo de queimar em dividendos muitos dos muitos milhões da Vivo. Para se voltar de novo para o Brasil onde, perdido o lombo suculento, ainda havia umas peles. Como a OI.
Mas não se atirou às peles, entregou-se às peles… Salvava-se o gestor prodígio e, há precisamente um ano, era assinado o acordo para a fusão com a OiI, de que haveria de resultar a CorpCo que, sob a liderança do génio de Bava, se propunha tornar num player mundial, numa multinacional brasileira gigante no mundo global das telecomunicações.
Sabe-se o que aconteceu depois. Os galardoados prodígios da gestão afinal estavam enrolados com os Espírito Santo e quando isso se descobriu lá se foram não apenas os 900 milhões de euros mas também todas as auréolas. E pior – a respeitabilidade!
E aquilo que era há pouco o maior projecto multinacional da economia portuguesa vai simplesmente desaparecer. Não desaparece nas condições que o Grupo Espírito Santo desapareceu, mas desaparece exactamente como desapareceu o grupo com que se deixou prostituir. Talvez por isso a OI queira hojemisturar-secom os italianos da TIM, descartar a PT e devolver Bava à procedência.
E hoje a notícia é que a OI quer vender a PT – para ter almofada para a italiana – e que os franceses da Altice a querem comprar. E que por isso as acções até estão a subir!
Ah… o grupo francês da Altice é o dono da ONI e da Cabovisão. E vem-nos à memória, não uma frase batida - como na canção - mas uma OPA batida. Que a gestão da PT, à custa de uns muitos milhões, repeliu há pouco mais de sete anos. Engraçado!
Afinal Marina - com 21% dos votos - ficou de fora, não se cumprindo o anunciado duelo feminino pelo melhor lugar no Planalto.
Dilma chegou aos 41%, número que poderá não esticar o suficiente na segunda volta se, como se especula, Marina der o seu apoio a Aécio Neves, permitindo ao candidato do PSD saltar dos seus actuais e surpreendentes 33% para a vitória, que colocará um ponto final em 12 anos dePTismo.
Já não é feriado. Mas é domingo... O que, ao contrário do discurso do Presidente, dá para disfarçar...
E dia em que o maior país de língua portuguesa vai a voltos, à escolha de um presidente, que será presidenta. No país do samba, muitas vezes de uma nota só, exactamente como o discurso do presidente que em má hora por cá escolhemos.
Um discurso de uma nota só, a de um esgotado apelo ao consenso para o qual há muito perdeu legitimidade. Tanto mais quanto mais insiste em ignorar as suas imensas responsabilidades no estado a que o país chegou!
Para Cavaco todos são responsáveis pelo que de mau aconteceu e acontece no país. Menos ele próprio e o governo que apoia... Estranho!
A convocatória do novo seleccionador nacional de futebol surpreendeu meio mundo. Terá indignado um quarto e agradado a outro quarto…
É uma convocatória alargada – 24 jogadores – como se tratasse de uma convocatória para uma fase final, e isso, como primeira convocatória deste seleccionador, compreende-se perfeitamente. E explicará que comporte seis jogadores do Sporting – uma das surpresas, que indignará muita gente e agradará aos sportinguistas –, algumas estreias – José Fonte e Ivo Pinto – que não cabem exactamente no conceito de renovação, que de todo não serve de mote nem alimenta a convocatória, e muitos regressos.
Foquemo-nos nos regressos, em boa verdade, a par das mais que justificadas ausências do Miguel Veloso, do Raul Meireles, do João Pereira ou do Eduardo, o mais picante da convocatória. E deixemos de lado o regresso de Eliseu, que o simples facto de estar a jogar no Benfica torna normal, para nos determos nos de Dany, Quaresma, Tiago e Ricardo Carvalho, que desde logo terão, no mínimo, soado a murros no estômago do Paulo Bento.
Destes, o regresso de Quaresma acabará por ser o mais pacífico. Traduz uma opção política, natural também numa primeira convocatória. É dar mais uma oportunidade ao Quaresma, para que dela ele faça o que entender, e assim resolver um problema que tem sido sempre incómodo. Se o jogador a agarrar está tudo resolvido. Se a deitar fora também!
Por isso se percebe. E se justifica!
O de Dany justifica-se perfeitamente porque é neste momento um dos melhores 10 que por aí andam, mesmo que, recorde-se, nunca tenha atingido na selecção o alto nível que apresenta no seu clube. Para além disso percebia-se claramente que sóo mau feitiode Paulo Bento o mantinha afastado da selecção, onde tanta falta fez no Brasil.
O afastamento de Tiago da selecção não tem nada a ver com Paulo Bento. O mesmo não se pode dizer por não ter regressado, que não pode deixar de ser levado a débito do mau feitio do ex-seleccionador. Toda a gente percebeu, e o próprio Tiago ainda primeiro que todos, que há quatro anos atrás a sua carreira dava todos os sinais de ter entrado na sua decisiva fase descendente. Deixara de ser titular na selecção e terá entendido que, a ter de deixar a selecção, sairia pelo seu pé. Uma decisão legítima!
É nesta altura, e não noutra qualquer, como o anterior seleccionador deixou que se confundisse, e como muita gente tenta confundir, que Paulo Bento o tenta demover dessa decisão, com as tais deslocações a Madrid. Só que Simeone não mudou apenas a vida do Atlético de Madrid, mudou também a de Tiago. Não lhe deu um novo fôlego, deu-lhe uma nova vida tornando-o, depois dos 30, num jogador como nunca antes tinha sido. Com esta nova realidade o Tiago estava evidentemente disposto a regressar, disso deu por diversas vezes sinal, e a selecção só tinha evidentemente a ganhar com o seu regresso. Mas aí já o seleccionador punha o seumau feitioacima dos interesses da selecção.
O regresso de Tiago, mais que justificado, é a mais merecida bofetada em Paulo Bento!
É diferente o regresso do Ricardo Carvalho, por muito que o mesmo mau feitio possa ter sido responsável pela irreflectida atitude do jogador. Nenhuma condenação pode ser eterna, por isso não há prisão perpétua em Portugal. O que neste caso deveria ter sido amplamente divulgado, e não o foi, era o castigo aplicado pela FPF pelo comportamento de grave indisciplina do Ricardo Carvalho. Um, dois ou três anos de castigo, fosse lá o que fosse, estaria já cumprido. O jogador teria pago pelo seu erro e, mesmo aos 36 anos, estaria em condições de ser convocado. Estranho é que só hoje se tenha sabido que o jogador foi castigado por um ano!
Entendia-se que Paulo Bento nunca o convocasse, tinha com ele um problema pessoal que ia para além do castigo aplicado. Da mesma forma que se entende que Fernando Santos não tenha qualquer objecção à sua convocação. Que provavelmente justificará por política de pacificação!
Veremos se lhe dará a titularidade. Apostaria que não!
O estatuto especial de Hong Kong, desenhado pelas autoridades inglesas e chinesas no quadro da devolução daquele território à soberania chinesa está, desassete anos depois, aparentemente esgotado. A população quer mais, quer escolher os seus governantes sem qualquer tipo de condicionalismo. Quer democracia, mesmo a sério, e por isso está há muitos dias na rua...
Por enquanto o movimento atravessa a sua fase romântica. Já conhecida por revolução dos chapéus (arma de defesa contra o gás lacrimogénio), a emergência da liderança de um rapaz de 17 anos - Joshua Wong - acentua-lhe o romantismo. Mas não deixa de colocar a China perante uma encruzilhada em que reprimir os protestos, seguindo a sua matriz natural, será pôr tudo em causa; mas também acolher as reivindicações do território, poderá pôr tudo em causa.
E tudo é mesmo tudo. Desde logo aquela base programática deum país e dois regimesem que a China pretende sustentar a sua condição de superpotência!
Para já o regime parece apostar no tempo, confiando que o tempo se encarregue de vencer, pelo cansaço, os protestos. As notícias de hoje dão conta de confrontos entre manifestantes e opositores, provavelmente induzidos e provocados, justamente para acelerar o poder do tempo.
Sabemos desde o sorteio que, nesta edição da Champions, a sorte não estava muito disposta em sentar-se ao lado do Benfica. Quando o Bate Borisov ou Maribor aqui se chama Mónaco, está tudo dito…
No primeiro jogo, há duas semanas na Luz com o Zénite, houve aqueles vinte minutos iniciais. E aquele Hulk, que fica endiabrado quando pela frente lhe aparece o Benfica. Depois a equipa reagiu, os adeptos gostaram e aplaudiram e, no fim, até ficou a ideia que aquela derrota não passaria de um incidente, perfeitamente remediável no jogo de retribuição, em S.Petersburgo. E até já hoje em Leverkusen com a equipa das aspirinas…
Afinal… nada disso. Só dores de cabeça, sem aspirinas que lhe valham. Dores de cabeça que já dão num sério problema mental com a Champions!
Com Jesus tem sido sempre assim. Dá a ideia que ele acha que nunca tem equipa para a Champions, quando a ideia que deixa é que é ele que não é treinador de Champions. Hoje o Benfica foi completamente trucidado, com duas agravantes para Jorge Jesus: a primeira é que a equipa foi “comida” exactamente da mesma forma que o fora pelo Zénite, naquela primeira meia hora de há duas semanas, sempre atropelada na faixa central do meio campo; e a segunda é que o Leverkusen jogou exactamente como joga sempre. É aquela a sua forma de jogar: pressão alta, grande povoamento da faixa central, com as alas abertas para os laterais, marcações impiedosas e ritmo altíssimo enquanto a capacidade física der!
É inacreditável, mas Jorge Jesus não teve resposta para isso. E a equipa afundou-se, perante um adversário que em valores individuais não lhe é de maneira nenhuma superior. Bem, de maneira nenhuma, tenho que confessar, é um exagero…
Porque, 15 milhões depois, o melhor trinco de que a equipa dispõe – quando permanecem lesionados Fejsa e Ruben Amorin – ainda é o André Almeida. Porque a equipa continua sem guarda-redes: o Júlio César foi a parte mais activa do primeiro golo, meteu dó no segundo e foi simplesmente humilhado no terceiro. E porque o Eliseu é um especialista em pirotecnia: apreciamos as suas bombas, mas preferíamos que fosse, se não especialista, pelo menos competente a defender!
Jorge Jesus já diz que a final da Liga Europa é mais importante que os quartos da Champions. O costume… Se calhar é por isso que ainda há dois anos - lá está, a contar para a Liga Europa - ganhou os dois jogos ao adversário de hoje... Até pode ser, mesmo que financeiramente – e é em dinheirinho que o ordenado lhe é pago – seja muito menos rentável. O problema é que assim nem sequer vai entrar na Liga Europa, quanto mais chegar à final!
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