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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Foi bonita a festa, pá!

“Nunca vi nada assim”. Milhares encheram a Avenida para celebrar Abril

Eram muitas as nuvens que ensombravam estes 50 anos de Abril. Nunca, como nos dias que correm, pairou no ar a ameaça que o 25 de Abril sairia deste aniversário de meio século ainda mais amachucado. Que cinquenta anos é muito tempo. Tanto que levaria ao esquecimento do que foi, e mais ainda do que é. Que os jovens não sabem, nem querem saber, o que foi a ditadura, a PIDE, a censura, a guerra, as prisões ... E que a liberdade, que nunca lhes faltou, é o bem mais preciso da condição humana. 

De repente, as nuvens desapareceram, o sol brilhou, e o povo saiu à rua em festa. Como nunca se tinha visto. E disse que o 25 de Abril não morreu. Que está vivo, e não divide. Une. E uniu como há muito se não tinha visto!

Foi bonita - de novo - a festa. Nas ruas, e na Avenida da Liberdade, cheia como talvez nunca.

Foi digna, também na habitualmente cinzenta cerimónia oficial na Assembleia da República. Ainda dividida pelos cravos vermelhos, mas menos dividida. O cravo vermelho, que em anos anteriores víamos na mão do actual Presidente da República, naquela ambígua atitude de não o evitar, mas também de não o assumir, estava desta vez ao peito, onde pertence. Não foi o único que naquela cerimónia o usou pela primeira vez no sítio certo. Houve mais, e é bom sinal.

Os discursos foram maioritariamente dignos e apropriados. Muito bons os de Rui Tavares e o da jovem Ana Gabriela Cabilhas, do PSD, lamentavelmente sem cravo ao peito. Que bem lhe teria ficado!

 Também bons, e apropriados, os dos dois mais altos magistrados da Nação.

O Presidente da República deixando de lado as "patetices" dos últimos tempos, e ignorando - bem - as provocações que lhe tinham sido dirigidas, num registo evocativo ao jeito de uma lição de História, deu o mote de unidade que depois vimos nas ruas. Igualmente digno o do novo Presidente da Assembleia da República, com Aguiar Branco, de cravo ao peito, a lembrar e homenagear os quatro portugueses que tombaram naquele dia 25 de Abril de 1974. As últimas vítimas da PIDE, que manchou de sangue a Revolução sem sangue.

Pela negativa, o de Paulo Núncio, do CDS à boleia. Bafiento. E o de Rui Rocha,  que fez da "gaivota que voava" um drone para atingir Marcelo. 

André Ventura não entra nestas contas. Fez um comício, como se estivesse numa feira. Não estava ali para outra coisa que não o que sempre faz quando tem câmaras de televisão por perto. 

Esse não gostou da festa!

 

48 anos e 48 anos

Golpe Militar de 28 de maio de 1926 – Museu do Aljube

Iniciam-se hoje as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril. Hoje, pelo simbolismo de ser hoje o dia em que os 48 anos do regime democrático nascido do 25 de Abril de 1974, igualam os 48 anos da ditadura instalada em 28 de Maio de 1926. 

Amanhã, quando comemorarmos os 60 anos da crise académica de 1962 - que será sempre uma marca da resistência à ditadura de Salazar - já teremos mais tempo de democracia que de ditadura na História recente de Portugal.

É muito tempo, 48 anos. Mas nem o tempo suficiente para fazer tudo o que havia para fazer, nem o tempo suficiente para apagar tudo o que havia para apagar. Estes últimos 48 anos desenharam um país muito diferente do dos outros 48, mas não apagaram, ainda assim, muitos dos traços mais carregados dos anteriores 48 anos. São muitos os que perduram, que marcaram e continuam a marcar gerações sucessivas, décadas e décadas depois. E que eventualmente continuam a contribuir para que falte fazer muito do que havia para fazer.

Há 45 anos, Portugal se livrava da ditadura - Brasil 247

 

Trunfos dados, trunfos (mal) jogados

Burro e Burro em Pé – Só Jogo

É importante comemorar, com a pompa e a circunstância próprias de um cinquentenário, os 50 anos do 25 de Abril. Poderá até, por isso, requerer uma vasta equipa. E poderia eventualmente justificar-se que começasse a ser preparado a três anos de distância. Que esse trabalho se prolongue, depois, por mais dois anos, já ultrapassa o domínio da compreensão.

Cinco anos a trabalhar para uma comemoração - por muito especial que seja, e esta é-o - é muito tempo. E, naturalmente, muito dinheiro.

Isto está antes, e depois, de Pedro Adão e Silva, designado para comissário executivo do empreendimento, mas foi nele que a contestação, particularmente da direita, centrou o alvo.

A direita, tem sempre dificuldade em lidar com o 25 de Abril, de que nem de ouvir falar gosta, quanto mais de o celebrar. Mais ainda nos tempos que correm, de pouco escrúpulo. Aproveitaria sempre tudo para contestar a sua celebração, e não precisaria nada de grandes trunfos para ir a jogo.

Rui Rio, que ainda há dias clamava que não é de direita, foi a jogo, como fora ao chamado "congresso das direitas", para dizer que o não era porque, se o fosse, não o teriam deixado entrar. Por isso, por ao mesmo tempo ser e não ser, e estar e não estar, trocou as mãos e puxou dos mesmos trunfos sem tocar nas outras cartas que teria para jogar. Mais uma vez (se) perdeu (n)o jogo, como o Presidente Marcelo lhe mostrou.

 

 

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