O DIA DAS EMOÇÕES FORTES
Por Eduardo Louro
Chamava-lhe ontem o dia das emoções fortes mas, do grande ataque dos hackers informáticos, nem notícias…
Já de Marselha, da cimeira, as notícias começaram a chegar cedo. Era o tal tratado! O Tratado da governação económica e da constitucionalização do défice, para entrar em vigor até Março próximo. Tudo como estava anunciado...
Saiu vencedora, como não poderia deixar de ser, a posição alemã. E a ideia peregrina de que tudo isto não passa de uma crise de confiança e que, segundo esta mesma ideia mestra da posição alemã, passando os países membros a estar obrigados ao cumprimento de um tecto no défice, acabam-se os desvarios. E com essa garantia, regressa a confiança. E com ela os melhor dos mundos, como se tudo se pudesse resumir a um conto de Natal!
A Alemanha convenceu toda a gente disto. Todos os 17 países da moeda única e todos os restantes dez, menos os ingleses, os eternos desconfiados destas coisas que, mais tarde ou cedo, acabarão por bater com a porta.
Como tantas vezes no passado recente, só daqui por uns tempos é que alguns – sempre os mesmos - começarão a perceber o que perdem. É que as mesmas regras para realidades tão diferentes não dão normalmente bom resultado: em vez de convergências costumam aprofundar assimetrias! Desconfio que na Europa, nesta altura, não é possível confiança sem procurar a convergência… Nem sem solidariedade. Nem, já agora, sem democracia!
De Marselha sai uma Europa ainda menos solidária – os fortes vão ser ainda mais fortes e os fracos mais fracos – e ainda menos democrática, com mais um tratado a passar ao lado dos cidadãos.