Ao negociar com a extrema-direita o apoio parlamentar ao seu governo, nos Açores, o PSD abriu uma porta que, pela democracia e pela decência, teria de ser mantida fachada.
Por essa porta não entrou apenas o Chega, à procura da normalidade e da legitimização pelo poder. Entrou também a miserável, absurda e indecente argumentação de alguns dos dirigentes do PSD. De Paulo Rangel ao líder Rui Rio. Bastaria que pensassem em tudo aquilo que nos molda como sociedade, que a extrema-direita renega. E como foram construídos e votados, ao longo dos anos da nossa democracia, os diplomas que dão corpo à maioria do tecido legislativo do Estado de Direito.
Misturar tudo e agitar bem funciona nalgumas receitas de culinária. O problema é que, na política, ainda é preciso adicionar aldrabice qb e umas pitadas de descaramento. Sem vergonha, de preferência.
Nenhuma surpresa nas eleições regionais nos Açores. Nenhuma novidade na quinta maioria absoluta do PS - a segunda de Vasco Cordeiro. Nenhuma novidade na abstenção galopante - já está praticamente nos 60%. Se não preocupa ninguém, deveria preocupar toda a gente. Nenhuma surpresa no ar triunfal da Cristas. Nem sequer no bem preenchido séquito com que se apresentou a festejar não se sabe bem o quê. Que apenas realçou ainda mais a solidão de Passos Coelho na hora de mais uma derrota.
Passos, sozinho, também já não é novidade. E muito menos surpresa!
Quando se esperaria que andasse tudo a protestar contra a hipótese de os americanos fazerem a transfega das armas químicas nos Açores, assiste-se ao contrário. Tem andado tudo, e nos Açores todos, desde o presidente da Junta de Freguesia ao do Governo, a pedir insistentemente: por favor, venham cá fazer isso!
Os americanos é que são pouco dados a sentimentalismos, e pura e simplesmente insistem em ignorar preces tão fervorosas. Isso das Lages foi chão que já deu uvas, esqueçam - querem eles dizer…
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