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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

ABRIU A ÉPOCA!

Por Eduardo Louro

 

Deixou de se falar na privatização da Caixa Geral de Depósitos (CGD) e ainda bem. Bom, mas sabemos que a privatização dos negócios dos seguros e da saúde é mesmo para a avançar o que, confesso, não me parece mal!

Pela mão da nova administração, de que pouco tenho ouvido falar. Daí que decidisse meter os pés a caminho até à João XXI para dar uma espreitadela.

Chego lá e encontro logo António Nogueira Leite: o homem de Passos Coelho para as coisas das Finanças. E que não quis ser ministro… E que entra na administração da Caixa acabando de atravessar a porta de saída do Grupo José de Mello, o dos negócios na Saúde!

Incompatibilidades? Não, mas se as houver é o próprio vice-presidente que nos tranquiliza: já avisou que sairá da sala sempre que em discussão estejam temas que suscitem conflito de interesses entre as suas novas e as suas anteriores funções. Descansado, portanto!

A seguir encontro Eduardo Paz Ferreira, Pedro Rebelo de Sousa e Álvaro Nascimento, todos advogados de negócios, que, evidentemente, nunca conflituarão com os da Caixa! Pedro Rebelo de Sousa, por exemplo, é apenas advogado da italiana ENI, accionista da GALP – e player decisivo no processo de recomposição accionista – onde a CGD tem igualmente um papel a desempenhar. Mas também da Compal, em contencioso com a Caixa no negócio Sumolis/Compal… Não tenho dúvidas que, também ele, saberá encontrar a melhor maneira de resolver esses conflitos de interesses… Se se vierem a colocar, evidentemente!

Depois encontro uma pessoa que não conheço e que não faço ideia do que lá esteja a fazer: chama-se Nuno Fernandes Thomaz. Dizem-me que está lá em representação de Paulo Portas.

Não resisto a manifestar a minha surpresa: “Ah! Não sabia que já tinham privatizado alguma coisa da Caixa e que o Paulo Portas era accionista”!

Corrigem-me: “não, não houve privatização nenhuma, representa o ministro dos negócios estrangeiros. Percebo então que é o Ministério dos Negócios Estrangeiros que tem m lugar na Administração… “Não? Também não”? Pronto, não quero mais explicações…

Sigo em frente e encontro então Norberto Rosa, Jorge Tomé, Rodolfo Lavrador e Pedro Cardoso. Estes sim, conheço-os! E sabem o que estão lá a fazer, já vêm de trás. Aproveito e dou um abraço ao meu amigo Jorge Tomé que, para além de meu antigo colega e amigo, é um homem altamente competente e conhecedor do negócio, com muitos anos de banca e de CGD.

Já só me faltam os dois do topo: José Agostinho de Matos e Faria de Oliveira. Dizem-me que o primeiro é o novo CEO – o presidente executivo – e que Faria de Oliveira passa agora para chairman – mantém-se Presidente do Conselho de Administração, mas agora como figura decorativa, sem funções executivas.

Estou no fim do corredor e interrogo-me: porquê este modelo? O que é que faz um chairman numa sociedade com um único accionista – o Estado? E por que é que houve tanta preocupação em reduzir o número de ministros e, agora, a administração da CGD cresce desta maneira? Passa de sete para onze! Mais quatro: cresce 57%!

Não preciso de fazer grande esforço para encontrar as repostas: são os sete necessários, conforme as anteriores composições, mais um a representar o Presidente da República e outro o Primeiro-Ministro. O terceiro, como acima deixei perceber, não sei bem quem representa: se Paulo Portas – himself -, se o CDS ou se o MNE. Finalmente, o quarto – Faria de Oliveira – representa-se a si próprio. Então para onde é que haveria agora de ir? Cria-se um novo lugar e resolve-se o problema!

Não tivesse eu ouvido o Ministro da Finanças afirmar-se “or-gu-lho-so” da equipa que nomeou para a Caixa e estaria seriamente preocupado com a abertura da nova época dos jobs for the boys!

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