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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

As respostas que tardavam

Marcelo quer ″manter legislatura até ao fim″, mas não abdica do ″poder de  dissolver″

O Presidente Marcelo tinha dito que responderia hoje a todas as questões que têm marcado estes últimos dias. Reportava-se à entrevista que tinha agendada para esta noite à RTP e ao "Público". 

Dado que na entrevista Marcelo foi igual a Marcelo, isto é, sem tirar nem pôr, um comentador político, e dado que, no âmbito da política geral, não disse nada que tenha vindo a dizer, nem que acrescentasse o que quer que seja ao que é conhecido, com bicadas ao governo, talvez agora um bocado mais severas, e com a inevitável menção específica a Fernando Medina, há muito na sua mira, como é sabido, não há novidades. Nem grandes nem pequenas. 

Percebeu-se que não dá crédito a Luís Montenegro. Mais ainda por nem o seu nome ter referido. E passou como cão por vinha vindimada sobre o "laboratório" dos Açores, onde os tubos de ensaio estão a rebentar com tanto estrondo que mais parece mais um sismo na região.

Sobram as respostas que tardavam.

Sobre a posição do Conferência Episcopal, já lá vai quase uma semana, sobre os abusos sexuais, manifestou-se preocupado, não deixou dúvidas na condenação: Foi uma “desilusão”; a Igreja ficou “aquém das suas responsabilidades”; é "incompreensível”. Mas continua a não deixar de ser estranho, tratando-se de Marcelo, que tenha precisado de uma entrevista formal, uma semana depois, para se referir a um assunto que, evidentemente, o preocupou.

Já quanto ao relatório da IGF, que levou à decapitação da administração da TAP, foi diferente. Disse que o Governo resolveu “à portuguesa”. Mas ele também: varreu para debaixo do tapete exactamente tudo do que pior "à portuguesa" aconteceu naquele processo. 

À portuguesa!

" Cada cavadela cada minhoca"!

Bispo de Beja. “Há fome no Alentejo” - Renascença

O Bispo de Beja foi um dos que não colaborou, nem só um bocadinho, com a Comissão de Inquérito Independente. Disse, depois de apontado, que estava em convalescença. 

Agora, em entrevista à SIC, sugere perdão aos padres abusadores. "Todos somos pecadores, todos somos limitados, todos temos falhas". "Na Igreja Católica existe o perdão". 

Com algum excesso de boa vontade poderemos perceber que a sua convalescença lhe tenha dificultado disponibilização do acesso aos ficheiros da Diocese à Comissão de Inquérito. Não conseguimos, mesmo, é perceber o que é que, pecado, tem a ver com crime. 

Pode ser que o Presidente Marcelo, lá para o final da semana, como anunciou, nos consiga explicar esta coisa de "cada cavadela, cada minhoca".. Ele tem jeito para estas coisas.

 

Sem perdão. Nem salvação!

Eutanásia. Conferência Episcopal Portuguesa reune em Fátima e deverá  reforçar o "não" da Igreja - Atualidade - SAPO 24

Na passada sexta-feira, ao final do dia, na conferência de imprensa da Conferência Episcopal Portuguesa, realizada em Fátima, ficamos a saber que os bispos portugueses - que tinham encoberto os abusos sexuais cometidos pelos seus padres ao longo das últimas décadas, e que, alguns deles, tinham recusado colaborar com a Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra as Crianças - continuam empenhados em desvalorizar os crimes hediondos praticados, e apostados em continuar a proteger os abusadores infames.

Quando a expectativa era que se penitenciassem, que apresentassem desculpas às vítimas e formas de reparação pelo sofrimento causado, e que assumissem um compromisso solene de tudo fazerem para que nunca mais esses vis comportamentos se repetissem, a mais alta estrutura da Igreja Portuguesa diz apenas que nada faz, e nada tem a fazer. 

Dois dias depois, ontem, o próprio número 1 da hierarquia, o Cardeal Patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, vai ainda mais longe no despudor, dando os factos validados pela Comissão Independente por não provados. E desvalorizando-os na forma mais ignóbil, nestas palavras:

“Eu não sei se há esses casos. Se houver esses casos, têm de ser tratados como tais e atendendo a um facto: a legislação atual não é a legislação de há dez anos, nem civil, nem canónica. E muito menos de há 20 e de há 30”... “muitos dos casos em apreço são de há 50, 60, de há muitos anos, numa altura em que a legislação não era nada disto, nem sequer era crime público, nem era um crime contra as pessoas, eram meros atentados ao pudor que eram tratados com boas palavras”.

Não tem perdão, esta Igreja. Nem salvação!

Ontem à noite, num programa da televisão, o conservador e católico António Lobo Xavier desafiava os fiéis a manifestarem-se em protesto junto a cada um dos Paços Episcopais. É o mínimo de decência exigível nesta altura à comunidade católica!

Repugnâncias

Abusos na Igreja portuguesa. Comissão validou 512 testemunhos, mas pode haver quase 5000 vítimas. Foram enviadas 25 queixas para o MP

Conhecíamos monstruosidades do clero ao longo da História. Já sabíamos da monstruosidade dos abusos sexuais sobre crianças dos tempos históricos mais próximos. Da monstruosidade dos actos, e da não menor monstruosidade do seu encobrimento.

Sabê-lo, e conhecê-lo, através do estudo - de excelente qualidade e rigor científico - que a Comissão Independente liderada por Pedro Strecht hoje apresentou publicamente, que aqui se disponibiliza, só aumenta a repugnância. Pela monstruosidade, e pela sua monstruosa ocultação durante tantas décadas. 

Repugna saber que 77% dos abusadores eram padres, metade dos quais com relações próximas da criança. Repugna saber que "os principais locais de ocorrência dos abusos foram seminários, igrejas internas, confessionários, casas paroquiais e escolas católicas". Repugna saber o que é transcrito em discurso directo das vítimas. Diz uma que, depois do acto, o padre lhe disse: "Estiveste bem. Deus gostou!"

Não repugna menos, pelo contrário, que bispos e cardeais, que o topo da hierarquia católica, tenha sido cúmplice. Que tenha dado protecção aos abusadores e negligenciado as crianças. E que tenha resistido, até mais não poder, a aceitar e a colaborar com a investigação. 

Que esta resistência - bem nos lembramos como resistiu a disponibilizar o acesso aos seus ficheiros, e como isso atrasou os trabalhos da comissão - tenha acabado por empurrar a apresentação pública dos seus resultados para cima do maior evento católico no país, a que chamam "Jornadas Mundiais da Juventude", e ainda mais em cima dos escândalos com os seus gastos, não fosse a dimensão da tragédia, e seria simplesmente irónico.

Indesculpáveis

Marcelo e Costa, um casamento de convergência

Depois de ter dito o que disse não ter dito, Marcelo pediu desculpa pelo que disse. Indesculpável. Ficou a faltar-lhe pedir desculpa por ter dito que não tinha dito.

Mas percebe-se. Foi por ele ter dito o que disse que não tinha dito que, também indeculpável, António Costa veio em sua defesa, e dizer que não tinha nada que pedir desculpa, que os portugueses é que lhe deviam pedir desculpa.

Há quem ache que o primeiro-ministro quis "dar graxa" ao presidente. Não partilho dessa ideia, António Costa já não é aluno de Marcelo. Disputa-lhe o título de catedrático do jogo político. Na realidade quis manietá-lo. E, não querendo deixar-se manietar, Marcelo reagiu rapidamente a pedir desculpa.

Não é um sincero pedido de desculpas. É apenas a inevitável jogada de contra-ataque de quem se não deixou encostar às cordas pelo adversário.

Afinal, para ambos, é apenas o jogo que conta. E isso é também indesculpável! 

Enterrar bem fundo a dignidade

marcelo.jpg

Marcelo perdeu definitivamente a impunidade. Podia dizer tudo o que lhe apetecesse, dos maiores disparates à maiores provocações, que ninguém levava a mal. Deixou de ser assim. Não se sabe se ele percebeu que deixou de ser assim, e sabe-se até que ele não deixará de ser assim, um irresponsável incontinente verbal que se acha acima da crítica.

Todos o ouvimos dizer que os 400 casos de abusos de menores na Igreja não era um número elevado. Foi claro e directo, e sem deixar espaço a qualquer  interpretação, nem a qualquer equívoco. Tratou, sem margem para qualquer dúvida ou interpretação diferente, de desvalorizar o grau de aberração e a gravidade dos crimes continuados da Igreja Católica, na linha, aliás, de intervenções anteriores - públicas, ou privadas, como os conhecidos telefonemas a avisar figuras da hierarquia da Igreja que estariam a ser investigadas.

Se isso é repugnante, a emenda que tentou fazer sobe o nível do nojo. Vir depois dizer que fora mal interpretado, e que quisera apenas dizer que achava que seriam muitos mais. ainda assim continuando a meter os pés pelas mãos, é apenas cavar mais fundo no descrédito para enterrar definitivamente o último assomo de dignidade exigido a um Presidente da República.

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