Quarenta anos
Passam hoje 40 anos sobre Camarate, de que, depois de tanto se ter vindo a saber, nada se continua a saber.
Sabe-se que foi um atentado, e não um acidente, em que morreram o chefe e um ministro do governo de Portugal. Quer dizer, sabe-se o suficiente para tornar incompreensível que nada se saiba. E sabe-se que nasceu um mito.
Adelino Amaro da Costa era uma esperança, a quem se apontava grande futuro político. Uma esperança do CDS, e da direita em geral. Francisco Sá Carneiro era já um dos mais carismáticos políticos daquela época. E, ao desaparecer assim, daquela forma, tornou-se num mito que perdura na política portuguesa. Serve de referência para tudo. E para o seu contrário...
Foi há quarenta anos e em Portugal viviam-se os dias mais crispados depois do Verão Quente de 75, na véspera de uma das eleições presidenciais mais disputadas de sempre. Onde Sá Carneiro estava do lado errado. Errou, e foi certamente o seu maior erro político, ao escolher Ramalho Eanes como inimigo principal. Até porque, curiosamente, isso também acontecia com Mário Soares...