Um novo herói, quarenta anos depois...
Por Eduardo Louro
Em tempo de recordar Abril, Adelino Gomes – provavelmente o português que mais memórias de Abril soube procurar e guardar para transmitir às gerações futuras – e Alfredo Cunha (fotografia) apresentaram ontem em livro mais umas quantas estórias daquele dia redentor, guardadas por todos estes quarenta anos.
“Os rapazes dos tanques” – assim se chama o livro – vem contar-nos histórias que ficaram do outro lado da História para nos revelar um novo herói, um herói improvável e escondido durante 40 anos, sem que se soubesse onde nem como.
Herói? "Não quero ser herói. Cumpri a missão que tinha como português" – disse quando percebeu que tinha finalmente sido encontrado pela única pessoa que o poderia encontrar.
No dia aprazado para a revolução, José Alves Costa – assim se chama o novo herói que o não quer ser – chegava ao Terreiro do Paço, num blindado M47 para defender o regime. Quando lhe deram ordem para abrir fogo contra a coluna de Salgueiro Maia, recusou. Não com um não rotundo e definitivo, que isso correria certamente mal. Mas contornando a ordem e ignorando a ameaça de um tiro na cabeça... Com astúcia, ou simplesmente com a inocência do rapaz da aldeia minhota, que nunca mais voltaria a Lisboa…
Só uma revolução feita de cravos poderia ter histórias destas. E novos heróis, quarenta anos depois...