Cumpriu-se a debandada
Anunciada para hoje, data que nem os últimos acontecimentos em Cabul, designadamente o atentado bombista que vitimou 13 militares americanos e mais de centena e meia de demais pessoas, fizeram alterar, os Estados Unidos anteciparam para ontem a retirada oficial do Afeganistão, sob disparos de celebração dos talibãs.
Vinte anos depois de lá terem entrado com o fim de vingar o 11 de Setembro, liquidando a Al-Qaeda, e o seu líder, Bin Laden, e de libertar o país dos talibãs - que o escondiam e proteguiam - para lhe dar um rumo de paz, na prosperidade e nos trilhos da civilização ocidental. E mais de 40 depois da invasão da então União Soviética, que tinha levado os americanos a apoiar e armar os mesmos talibãs, e a criar o "monstro" que se tornaria na sua maior ameaça.
Dos objectivos de há 20 anos, apenas um tem o visto de cumprido - a liquidação física de Osama Bin Laden. Todos os restantes falharam. À Al-Qaeda sucedeu o Daesh, que espalhou terror por todo o mundo, e dizimou grande parte do médio oriente. No Afeganistão ficam os talibãs com o poder, uma nação sem presente nem futuro, e o mais abjecto dos regimes, dos que mais atentam à dignidade humana, da qual pura e simplesmente suprimem as mulhers. E ainda um novo movimento terrorista, o ISIS-K. Que, não se sabendo ainda exactamente o que é, já deixou o cartão de visita no ataque suicida ao aeroporto de Cabul de há dias. E no mundo fica a panela de pressão de refugiados mais perto de explodir.
Nesta desbandada nem se sabe se deu para o último fechar a luz. Sabe-se apenas da escuridão e das trevas que por lá ficam!