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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

TANTA AJUDA...

Por Eduardo Louro

 
A Chanceler Merkl já partiu, tão depressa quanto chegou. Uma visita tão estranha quanto curta, mas que nem por isso deixou de servir para afirmar os seus sérios propósitos de nos ajudar.

A Alemanha está disposta a ajudar Portugal, repetiu Angela Merkl sucessivamente. Por exemplo, Angela Merkel convidou os investidores portugueses a investir na Alemanha. Mostrou-se aberta a apoiar parcerias entre empresas portuguesas e alemãs, especialmente em zonas do globo onde a Alemanha tem mais dificuldade em entrar. Ou a apoiar a criação do tal banco de fomento… Ou combater o desemprego jovem, aceitando jovens enfermeiros portugueses!

Foi mesmo com a ajuda de Merkl que finalmente Vale e Azevedo regressou a Portugal. Terá pensado que com a polícia toda à volta da senhora não apareceria ninguém para o prender. Tanta ajuda em tão pouco tempo, é obra…

 

AÍ ESTÁ O ACORDO!

Por Eduardo Louro

 Taxas de juro serão de 3,25% nos primeiros três anos e 4,25% a partir do 4º ano (SAPO)

Ora aí está o acordo, ou o Memorando: pode-se ver! Não é de nunhum portal público - até parece que o governo não quer que ninguém o veja - é do Expresso e já só falta traduzi-lo, serviço público que a blogosfera está a prestar ao pais, com este trabalho do Aventar

Estranhamente, ou talvez não, foi recebido com algum alívio. Até com elogios…

Esperemos que seja cumprido - é a nossa derradeira oportunidade - e que daqui por um ano não estejamos, sem ponta de vergonha, a reclamar revisões. Ou mais dinheiro!

Eu vejo três grandes motivos de satisfação: (i) as taxas de juro - 3,25% nos primeiros três anos e 4,25% a partir do quarto -, (ii) a objectividade e precisão do programa – medidas bem apresentadas e rigorosamente calendarizadas, e (iii) a lição aos políticos e tecnocratas portugueses -  um programa desta profundidade e importância apresentado em 8 pontos e 34 páginas!

Aprendamos com isto, como devemos aprender com esta gente que veio cá trabalhar e mostrar-nos a nós como se usam alguns dos nossos ditados. Por exemplo: "em tempo de guerra não se limpam armas"; ou "trabalho é trabalho e conhaque é conhaque"!

NEGÓCIOS DO DIABO

Por Eduardo Louro

 

Teixeira dos Santos, o ministro das finanças, ficará na História como o ministro da banca rota, ficará para sempre ligado à imagem do desgoverno, dos PEC`s - uns atrás dos outros sem que nada resolvam –, dos erros trágicos nas contas públicas que não param de corrigir défices em alta - 2008, 2009 e 2010 - e da falta de credibilidade do país. Quando olharmos para este que é um dos períodos mais negros da História de Portugal veremos sempre dois rostos: José Sócrates e Fernando Teixeira dos Santos!

Este é o resultado da capitulação do Teixeira dos Santos perante a estratégia suicida de Sócrates. Teixeira dos Santos, por razões que a razão desconhece, depressa deixou de ser um técnico respeitado e altamente prestigiado e de inquestionável competência, para se transformar num capacho político. No capacho de Sócrates! Depressa deixou de ser o ministro que carregava o governo às costas, que lhe dava substancia e credibilidade, para passar a ser um irresponsável e desacreditado funcionário de Sócrates. Quem o conhecia nem queria acreditar!

Ficou agora fora das listas do PS. Mas pior que ficar de fora é a forma como ficou: sozinho e abandonado como qualquer descartável. Como um cão abandonado pelo próprio dono, um dono a quem se havia dedicado com toda a fidelidade!

Adivinhara aqui este desfecho no próprio dia do debate parlamentar do PEC, quando ficou só, e já abandonado, a representar o governo no parlamento, enquanto Francisco Assis era aplaudido de pé e em êxtase. Mas também já o adivinhara quando o PS criou a doutrina – a primeira das muitas que se têm sucedido para intoxicar a opinião pública – de que o problema do PEC não passara de um erro de comunicação. Quando António Costa o exibiu – a lembrar o actual momento pascal – como o pior e o mais inábil mensageiro político do hemisfério norte. Disse eu então que Teixeira dos Santos merecia aquela sua condição de cordeiro pascal pronto para o sacrifício. Reafirmo-o agora, quando se sabe que o último e decisivo pontapé de Sócrates aconteceu precisamente quando o ministro das finanças, que há muito sabia que já devia ter pedido ajuda externa, teve que mandar uma resposta por escrito para o Jornal de Negócios a anunciá-la!

Teixeira dos Santos vendeu a alma ao diabo (nunca a expressão terá feito tanto sentido, Sócrates é mesmo o diabo)! Só o diabo nos quer comprar a alma, mais ninguém ousa fazer uma proposta dessas… A alma não é para ser vendida! E são negócios do diabo os negócios com o diabo...

A VINGANÇA DO TEMPO

Por Eduardo Louro

 

Suponho que nunca como agora Portugal terá estado tão debaixo de olho da comunidade internacional. O número de correspondentes dos maiores e mais influentes jornais do mundo tem engrossado nos últimos tempos.

O mundo quer saber o que se passa cá. Os credores querem saber o que fizemos ao dinheiro, como vivemos, se temos gosto pelo trabalho, como tratamos das coisas… Não se preocupam se merecemos ajuda, preocupam-se é se merecemos crédito. Se valerá a pena emprestarem-nos o seu dinheiro e, mais do que isso, se teremos condições para lho pagar de volta.

É realmente muita coisa que, aos olhos de toda esta gente que por cá vai passando, está em jogo. São todos estes correspondentes que irão levar a nossa imagem ao mundo. Uma imagem que já está viciada à partida: a maioria destes correspondentes aterra em Lisboa já com uma ideia pré-estabelecida. Com preconceitos, evidentemente! Que, como todos os preconceitos, resvalam muito frequentemente para a caricatura, que nada tem a ver com a realidade. Creio que todos nós tivemos já oportunidade de constatar muitos desses preconceitos: analfabetos, baixíssima educação cívica – o nosso comportamento nas estradas suporta o mais pesado rótulo que nos colam à testa – calões, irresponsáveis, etc.

Estes correspondentes, que se instalam nos nossos melhores hotéis e passam uma ou duas semanas entre os nossos melhores restaurantes e os mais cosmopolitas cantos de Lisboa, levam uma visão de nós que nada tem a ver com aqueloutra dos muitos estrangeiros que se fixam entre nós e connosco partilham vidas. E não me refiro sequer ao típico imigrante, aos que escolheram o país à procura de melhores condições de vida, de condições que os seus países, menos desenvolvidos, lhe não podiam oferecer, refiro-me aos muitos que escolheram Portugal depois de aqui terem vislumbrado, entre as condições naturais do país e a nossa própria cultura, verdadeiros factores de qualidade de vida. Estes, ao contrário dos primeiros, já cá se fixaram despidos de preconceitos – caso contrário não o teriam feito - e têm realmente oportunidade de nos conhecerem. De conhecerem a nossa solidariedade, a nossa forma aberta de receber e de nos relacionarmos, a nossa gastronomia, e tantas outras nossas coisas boas. E as más, evidentemente!

Mas estes poderão, quanto muito, escrever isso numas cartas e juntar umas fotografias que mandam às suas famílias. Os outros fazem chegar a sua visão, as suas experiências e os seus preconceitos a toda a gente, a todo o mundo!

E fazem-lhe chegar que os restaurantes estão cheios, que têm de esperar em fila por uma mesa na Trindade, que à noite, no Bairro Alto, não cabe uma agulha e que, chegada a semana da Páscoa – com praticamente 5 dias de feriados, onde para além dos homens da troika da “ajuda externa”, mais ninguém trabalha – os portugueses correm para o sol e esgotam a capacidade hoteleira do Algarve onde, de papo para o ar, dão uma semana de férias à crise. É isto que vai correr por esse mundo fora. Que vai alimentar as opiniões públicas da Alemanha, da Suécia, da Holanda e da Finlândia… Esses que não acham boa ideia que os seus governos nos emprestem dinheiro!

Quero crer que a meteorologia quis temperar um pouco isto. É a vingança do tempo: já que vocês não se sabem dar ao recato e dão esta imagem a estes tipos, tomem lá chuva e frio em vez de sol!

VINGANÇA

 

 Por Eduardo Louro

  

É a nossa vingança: desprezam-nos e humilham-nos por essa Europa fora, mas a gente vinga-se na bola!

Três em quatro: maioria qualificada de 75%! AAA: triple A!

Um lugar na final já cá canta! E a caminho está uma final toda portuguesa, em Dublin.

Pelo caminho ficaram alemães e holandeses. Não ficaram finlandeses - porque esses só têm jeito para os carros – mas ficaram os russos, que sempre são vizinhos do lado…

OS NOSSOS PARCEIROS EUROPEUS

 

 Por Eduardo Louro

 

A gritaria continua. No meio desta gritaria ensurdecedora já ninguém ouve ninguém. Talvez por isso o presidente nada diz. Um dia mais tarde - talvez no site da presidência ou no facebook - haverá de vir explicar que nada disse porque no meio desta gritaria ninguém o ouviria. Porque a Constituição não lhe dá poderes para falar mais alto, para falar por cima dos outros… E porque não tem meios: nem para um simples megafone. E pedir um emprestado aos Homens da Luta não iria bem com o estatuto!

Por tudo isso … deixa andar: esta não é a sua guerra! Os tipos da União Europeia que os mandem calar, como o mandaram calar a ele. Que lhes digam que deixem as eleições para mais tarde, que o tempo, agora, é de ver se o programa sai a tempo de ser aprovado pelo Ecofin, lá para meados de Maio. Que lhes expliquem que não vale a pena continuarem a esfolar-se porque as eleições não vão decidir nada. Nada a não ser o capataz que a UE e o FMI cá deixam a velar pelo cumprimento das suas ordens. Que tudo é decidido por estes tipos que não têm, nem nunca terão, nada a ver com eleições. Que eles só têm que assinar, nem que seja de cruz.

Assim é que, no meio desta gritaria, nem percebemos bem os pontos de ordem à mesa. Vêm em inglês e em voz grossa!

É que alemães, holandeses, suecos e especialmente finlandeses – e digo especialmente porque também estão em período eleitoral, quer dizer, no período em que têm voz – já não nos vêm se não como pedintes irresponsáveis. Se já nos achavam uns calões incorrigíveis – estou convencido que é precisamente por isso que eles embirram particularmente com a nossa legislação laboral – agora acham-nos uns miseráveis pedintes, a quem se pode virar a cara e deixar de mão estendida.

Imagine, caro leitor, que ao portão de um beco qualquer se deparava com um pedinte que lhe estendia a mão. Enquanto pensava em puxar do porta-moedas olhava para o fundo e, no meio de tudo a arder, via um tipo impávido e sereno a assistir ao incêndio. E uma data de outros tipos numa festa onde, puxando pelos últimos cobres do bolso, se continuam a embebedar, completamente alheios às chamas. Chegaria a abrir o porta-moedas? Muito provavelmente não: fugiria dali, sem se cansar de repetir que era tudo gente doida!

A imagem que o país está a passar para os seus credores europeus – já não vale a pena continuar a falar de parceiros europeus, porque já não é assim que eles nos vêm, a única relação que agora temos com eles é a de devedor/credor – não é muito diferente desta. Já só faltava mesmo aparecerem uns militares que, na perspectiva do dinheiro já não chegar aos ordenados - e sabe-se lá se influenciados pelo reclamado dono do 25 de Abril - começarem a deixar umas certas insinuações no ar! Não sei quando voltará a fazer sentido falar de parceiros europeus. Sei é que, hoje, é completamente descabido apelar, como ainda hoje fez o inefável Pedro Silva Pereira a propósito da posição finlandesa, à solidariedade europeia. Isso acabou tudo!

 

 

 

SÓ FALTAVA ESTA!

 Por Eduardo Louro

 

Enquanto Sócrates e o governo foram de fim-de-semana para Matosinhos, o presidente Cavaco – é outro luxo - foi de fim-de-semana para Budapeste, ali bem perto do local onde as instituições europeias andam às voltas com a ajuda que lhe pedimos. E de lá já disse que não tinha nada a ver com isso de promover o consenso entre os partidos que a União já exigiu: parece que isso não está na Constituição, e que não tem meios, vejam bem!

Mas soube dizer que a União tem que ter imaginação. Imaginação para resolver o problema sem que ele tenha de se incomodar com os partidos, imaginação para desenhar uma solução intermédia para o imediato e deixar o resto para o novo governo, lá mais para o Verão…

A resposta, para vergonha dele e nossa – mais nossa, acho eu – veio de imediato: imaginação é o que não falta na União Europeia, o que lhe começa a faltar é paciência para aturar as autoridades portuguesas.

Já não bastava que o ministro das finanças lhes tivesse dito que não estava ali para negociar nada. Que isso era lá com eles!

Só visto… Sem dinheiro, sem honra e sem vergonha! A quem havíamos de ter entregue isto…

 

CAMBALHOTAS

 Por Eduardo Louro

 

Sócrates tem uma capacidade extraordinária para a cambalhota. Um verdadeiro especialista em cambalhotas: muitas delas verdadeir(os)amente mortais!

A última, o pedido de ajuda ou de resgate - eufemismos universais – de ontem, não é só o último exemplo dessas cambalhotas. É bem mais que isso, é um exemplo de como um líder especialista em cambalhotas consegue pôr todo um país … às cambalhotas.

Repare-se nisto: Sócrates consegue entregar o país nas mãos do FMI – o mais terrível dos papões para qualquer povo – e deixar toda a gente contente. À excepção das pessoas e dos partidos que o sistema já expulsou – Partido Comunista e Bloco de Esquerda são invariavelmente apresentados como externalidades, os partidos que não fazem parte do sistema (percebe-se por que não são ilegalizados: porque ficaria mal à democracia mas também porque fazem falta ao ecossistema) – toda a gente foi unânime a aplaudir a boa nova de ontem. Nas televisões e nos jornais não se consegue perceber uma única voz contra: aí estava Sócrates a fazer o pleno! Aí está um país inteiro (em Portugal o que não passa na televisão não existe) a dar uma cambalhota nunca antes vista: toda a gente a apoiar uma decisão de Sócrates, que outra não era que entregar o país ao resgate!

Isto é absolutamente extraordinário e não deixará de vir a ser capitalizado pelo timoneiro da nossa desgraça. Como, não sei, mas ele há-de arranjar maneira. Não fosse ele um especialista!

Há coisas assim: como o homem andou meses a dizer que só por cima do seu cadáver, os portugueses assumiram que só poderia ser bom. Depois, mesmo que sem cadáver, a ideia já estava assimilada como boa. A cambalhota estava dada. Irreversível como todas as cambalhotas!

Evidentemente – e agora a sério – que as coisas chegaram ao ponto em que (no contexto específico e institucional do país) já não havia alternativa. A resistência de Sócrates já não era resistência, já não passava de intolerável e irresponsável teimosia. Daí que o pleno, nestas circunstâncias, não seja assim tão extraordinário. É apenas irónico!

Tão irónico como os nomes com que a operação nos é apresentada: ajuda externa! Ou resgate!

O que aí vem não vai bater leve … levemente! E ajuda não é certamente … Perguntem aos irlandeses!

Também não é resgate, que pressupõe libertação. Não iremos ser libertados de coisa nenhuma (talvez de Sócrates, com um pouco de sorte!). Iremos ser capturados! Perguntem aos gregos…

Aos mais novos iria sugerir que perguntassem ainda aos mais velhos. Aos que, como eu, se lembram de 1977 e de 1983. Perguntem: ouvirão falar de fome – sim houve fome, quem se não lembra de Setúbal? – de miséria e de destruição. De muitas estruturas e até de vidas!

Mas não se esqueçam que em 1977 estávamos a sair da revolução, a ensinar democracia bebé a dar os primeiros passos e a apresentar o nosso pedido de adesão à CEE, com todo o mundo ocidental, e em especial os Estados Unidos e a Alemanha (outra Alemanha, a RFA de Willy Brandt, que nada tem a ver com esta de Merkel) - então sim – verdadeiramente empenhados num resgate. E que em 1983 tínhamos o escudo para utilizar como válvula de escape – muitos dos ajustamentos passaram por aí – e tínhamos uma luz bem forte lá no fundo: a adesão à CEE, a dois anos de distância, com os milhões todos que lá viriam!

Desta vez não teremos nada disso: os tempos são outros, já não há mais Willy Brandt. Há Merkel! Já não há mais milhões a chegar da Europa. Já vieram e desapareceram todos. Já não há escudo para nos amparar. Há um euro forte, em que não podemos mexer, que obriga a concentrar todos os esforços de ajustamento nas mesmas medidas. Que tocam sempre aos mesmos! E que vão doer a sério…

ORA AÍ ESTÁ!

 Por Eduardo Louro

 

Jorge Lacão entreabria a porta ao fim da manhã. À tarde seria Teixeira dos Santos a escancarar a porta que Sócrates tem teimado em manter fechada, como ainda há dois dias atrás deixava claro na entrevista à RTP. Pouco depois o primeiro-ministro anunciava uma comunicação ao país para as oito da noite: viria comunicar a demissão do ministro das finanças? Não! Vinha confirmar que havia finalmente abandonado aquela trincheira. Apenas tinha usado dois dos seus fiéis escudeiros!

Evidentemente que a situação era absolutamente insustentável. Sócrates não podia mais prolongá-la por mero capricho pessoal. A decisão de recorrer a ajuda externa – eu não gosto desta terminologia (porque não é de ajuda que se trata, ajuda andamos nós a receber há muito tempo), mas como é a que vem sendo utilizada … - não podia continuar adiada, ao sabor da teimosia irresponsável do primeiro-ministro.

Quererá isto dizer que Sócrates foi finalmente convencido pela realidade? Que abandonou as suas fantasias? Que cedeu na sua teimosia?

Vamos a ver. Depois da entrevista de segunda-feira encontramos três ocorrências eventualmente relacionáveis com a decisão de recurso à dita ajuda externa: a polémica do Conselho de Estado, que ele próprio despoletou na entrevista, as declarações (apelo desesperado ou ordem?) do presidente do BES, Ricardo Salgado, e a nova operação de colocação de dívida de hoje. O downgrading das notações de rating dos bancos de primeira linha já vem da semana passada, ontem apenas foram atirados para lixo bancos de segunda linha. Por isso não entra para estas contas!

Não estou a ver que a lamentável novela em torno do Conselho de Estado possa ter sensibilizado o primeiro-ministro. Essa apenas é mais uma machadada na credibilidade das instituições e na da actual geração de políticos.

Nem o Conselho de Estado – órgão consultivo do presidente - teria que se pronunciar sobre a matéria (a não ser que - e perdoem-me a brincadeira - andando o governo a dizer que cabia ao presidente pedir ajuda externa, toda a gente tenha levado isso a sério) nem os conselheiros poderiam vir pronunciar-se sobre o que lá se passara. Não o podia ter feito o conselheiro primeiro-ministro, que lançou a trapalhada, não o deveria ter feito, por muito que lhe custasse engolir em seco as palavras de Sócrates, Bagão Félix. E não podiam ter feito o que fizeram os restantes conselheiros ligados ao PS, em especial Carlos César e Almeida Santos.

A verdade é que a dignidade deste órgão, que se deveria situar no topo da respeitabilidade institucional, já estava em causa desde Dias Loureiro!.

Não seria portanto por aqui que Sócrates mudava de agulha!

A colocação dos pouco mais de mil milhões de dívida de hoje – duas operações de curto prazo – correu como as restantes: encontrou procura (embora tudo indique que foi envolvido o fundo da segurança social) mas a taxas de juro cada vez mais insustentáveis – a taxa de juro dos bilhetes do tesouro a 6 meses chegou perto dos 6%, o dobro da última, há um mês atrás. Razão suficiente para fazer José Sócrates mudar de ideias? Talvez, mas dados os antecedentes, tenho dúvidas.

Sobram as declarações de ontem de Ricardo Salgado, também com uma porta entreaberta de véspera por Carlos Santos Ferreira: apoio externo já e em força!

Bingo! Era a ordem que faltava… Esperemos agora que ele dê também a outra: TGV fora dessa cabeça, já!

 

QUE AVISO!

Por Eduardo Louro

 

 

Um jornal irlandês – Sunday Independent – endereça, em carta a Portugal, um conselho amigo: Um conselho de amigo para Portugal, chama-lhe! Nada mais sintomático numa altura em que atingimos as taxas de juro que obrigaram a Irlanda a pedir ajuda: à capitulação!

O original da carta está aqui. Uma tradução dirá mais ou menos isto:

 

Querido Portugal, daqui escreve a Irlanda. Sei que não nos conhecemos muito bem, embora tenha ouvido dizer que alguns dos nossos investidores estão por aí a cavalgar a recessão. Podem ficar por aí um tempinho. Não quero parecer intrometido mas tenho lido umas coisas sobre ti nos jornais e acho que posso dar-te um ou outro conselho sobre o que se passa contigo e que vem aí.

A piada que corre é: sabem qual a diferença entre Portugal e Ireland? Cinco letras e seis meses.
Adiante; reparo que estás sob pressão para aceitar um resgate exterior mas os teus políticos afirmam estar determinados a não aceitar. Só, dizem eles, por cima dos seus cadáveres. Na minha experiência, isso significa que está para breve, provavelmente a um Domingo.
Primeiro deixa-me explicar-te um pouco as nuances da língua Inglesa. Devido ao facto de o inglês ser a tua segunda língua, poderás pensar que as palavras “bailout” e “aid” implicam que irás contar com a ajuda dos nossos parceiros comunitários para sair das tuas actuais dificuldades.
O Inglês é a nossa primeira língua e isso foi o que pensámos que “bailout” e “aid” significavam.
Permite que te avise: não só este “bailout”, quando te for inevitavelmente imposto, não te livrará dos teus problemas actuais, como irá prolongá-los por gerações e gerações.
E ainda esperam que fiques grato. Se quiseres procurar a tradução correcta de “bailout”, sugiro que pegues no dicionário de Inglês-Português e procures palavras como: moneylending, usury, subprime mortgage, rip-of (empréstimo, usura, hipoteca, roubo). Assim terás uma tradução correcta do que te vai suceder. Vejo também que vais mudar de governo nos próximos meses. Desculpa ter de sorrir. Sim, coloca uma demão fresquinha de tinta por cima das rachas da vossa economia, e aprecia o perfume enquanto dura. Nós também tivemos um governo novo, aliás até é divertido ao princípio. O novo governo chegará envolto numa leve euforia. Terá prometido todo o tipo de coisas durante a campanha sobre deitar fogo aos capitalistas e assim enquanto a UE sorri benevolamente ante a converseta. Mal tome posse, o novo governo irá à Europa tentar fazer boa figura. Poderás até ganhar umas partidas contra o teu velho inimigo, seja ele quem for, ou atrair visitas de alguns dignitários estrangeiros como o Papa ou isso. Vai haver boas vibrações no ar e toda a gente vai refugiar-se nessa ilusão por um tempo.
Aproveita enquanto puderes, Portugal. Porque assim que a diversão acabar a realidade vai intrometer-se no teu caminho. A única coisa boa disto tudo é que jogar golfe se tornou muito atractivo aqui. Espero que o mesmo suceda por aí e poderemos então combinar um jogo.

 Com amor,·


Irlanda”

 

Obrigado Irlanda, já não nos vens ajudar em nada mas sempre é melhor sabermos com o que podemos contar!

 

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