O Ginásio - Ginásio Clube de Alcobaça - celebra hoje 75 anos. Foi fundado em 1 de Junho de 1946, resultando da fusão dos dois clubes da então vila - o Alcobaça Futebol Clube, fundado em 1918, e o Clube Desportivo Comércio e Indústria de Alcobaça, em 1932.
Conheceu o ponto alto da sua História na época 1981/82, quando subiu à I Divisão, e atingiu as meias-finais da Taça de Portugal, sendo afastado da final do Jamor pelo Sporting, em Alvalade, perdendo por 2-1 um grande jogo de futebol, o mais memorável do seu historial. Foi efémera a sua participação no mais alto escalão do futebol nacional, uma época apenas. Mas histórica. A partir daí foi caindo, passando por épocas sucessivas a alternar entre a terceira divisão nacional e o campeonato distrital, onde se mantém há largos anos.
Desta História faz parte o algarvio Domiciano Cavém, o nosso bi-campeão europeu, que chegou a Alcobaça no início da década de 70, ainda jogador, para cá se fazer alcobacense e uma das figuras incontornáveis da cidade. Por cá viveu, entre os altos e os baixos da montanha da vida, mais de 30 anos. E cá descansa na sua última morada, e na memória de todos nós.
Hoje deveria falar só de coisas doces, tão doces como as que por cá temos em exposição desde ontem e até domingo. Porque é de doces, e dos melhores, que se trata… Mas também porque é um dos mais bem conseguidos eventos de promoção da nossa terra, que verdadeiramente projecta Alcobaça no país… e no mundo. Porque hoje as coisas são assim, correm mundo com grande facilidade.
Pena é aquela porta de entrada por onde todos os anos recebemos os milhares de visitantes que o evento chama. Pena é aquele penoso corredor entre o parque de estacionamento e o acesso à nossa melhor sala de visitas, que temos de fingir que não vemos.
De tanto fingir que não vemos, parece-me até que já não vemos mesmo. Que aquelas montanhas de silvas entre escombros fazem já parte do nosso património, uma coisa assim como … o castelo. Mas mais pitoresca…
Não adianta continuar a fingir que aquelas ruínas não nos enchem de vergonha na mesma conta em que se enchem de silvas. Nem podemos ignorar que, com coisa tão amarga à entrada para a sala de visitas, dificilmente a “cidade dos doces conventuais” poderá “dar lugar ao amor”.
Esta é a vigésima edição deste prestigiado acontecimento, que sempre conviveu com aquela desgraça urbana. Vinte anos, é muito tempo, como dizia a canção. É uma geração… Há gente nasceu, cresceu e se fez homens e mulheres sem conhecer ali outra coisa.
Creio que a “Mostra internacional de doces & licores conventuais” não pode continuar a conviver com esta vergonha. Deixava por isso aqui um desafio à Câmara Municipal: uma proposta simples, mas séria. Propunha simplesmente que, no anúncio da próxima edição, na XXI Mostra internacional de doces & licores conventuais, em todos os cartazes e folhetos promocionais, a Câmara Municipal pedisse desculpa aos alcobacenses e aos visitantes, e garantisse que estava empenhada, e a desenvolver todos os esforços, para encontrar uma solução.
Basta isto. Bastando, evidentemente, que sobre vergonha para não repetir os cartazes por mais vinte anos.
Em 2012, já lá vão pois 6 anos, foi descoberto um novo corpo no sistema solar. Trata-se de um novo asteróide, que ficou identificado como 2012 FF25, uma espécie de nome de código em fase experimental.
Seis anos, foi quanto cientistas e astrónomos demoraram a validar a descoberta e, muitas observações telescópicas depois, a confirmar com rigor a sua órbita e a sua localização. Só agora a descoberta foi finalmente tornada oficial pelo Minor Planet Center. Só agora deixou de ser um projecto científico para passar a ser um novo membro do sistema solar. Chegou agora a hora de o baptizar, de lhe dar o nome próprio com que passará a figurar no catálogo dos corpos do Sistema Solar.
São normalmente os progenitores que escolhem os nomes aos filhos. O mundo da ciência e da astronomia respeita essa regra, e indigitou já os autores da descoberta para atribuírem nome por que passará a responder o novo asteróide.
O que é que haverá aqui de mais? – perguntarão. Muita coisa, respondo já!
É que esta descoberta aconteceu em Portugal, fruto de uma campanha organizada pelo Núcleo Interactivo de Astronomia (NUCLIO) com quatro Escolas do ensino secundário: a Escola Secundária D. Maria II, em Braga; a Escola Secundária Luís de Freitas Branco, em Paço D’Arcos; o Agrupamento de Escolas de Valpaços; e a nossa Escola Secundária D. Inês de Castro.
Mais importante que a escolha do nome – é a primeira vez que Portugal vai escolher um nome para um asteróide, mesmo que já haja um com o nome de Portugal (o“3933 Portugal”), mas descoberto por um astrónomo dinamarquês, em 1986 – mais importante que a escolha do nome – dizia eu - é que a descoberta se deve mesmo a portugueses e, mais importante ainda, a jovens estudantes do Ensino Secundário. Entre os quais, e mais uma vez, gente da nossa terra que, mais do que de orgulho, nos enche de esperança.
Daqui, desta modesta tribuna, deixo um forte aplauso e os meus parabéns a todos os jovens e professores envolvidos no projecto. Naturalmente que um bocadinho mais forte, e mais emocionados, para o Bernardo Figueiredo e para o Professor Paulo Carapito, que constituem a equipa da nossa D. Inês de Castro em tão marcante descoberta científica.
A instalação de um hotel no Mosteiro, não se podendo dizer que seja exactamente uma velha aspiração alcobacense, é um velho projecto por que Alcobaça há muito espera.
A notícia chegou finalmente na semana passada, e rezava que o grupo Visabeira assinara com a Direcção Geral do Património Cultural um contrato de concessão do Claustro do Rachadouro, válido por 50 anos, que permitirá a construção de um hotel de cinco estrelas, de três pisos, 81 quartos, nove suites, e tudo o mais o que um equipamento daquela natureza requer, num investimento de 15 milhões de euros, mediante o pagamento de uma renda de 5 mil euros por ano.
E, como não podia deixar de ser, suscitou generalizada controvérsia bem animada pelo nosso crónico vício da maledicência, alimentado em doses quanto baste de preconceito e ignorância, bem apimentados pela intransigência e pelo sectarismo que fazem parte da crispação política que reina no país.
A coisa começou com a direita a acusar a política cultural da esquerda no poder, a precisar que lhe lembrassem que tudo tinha começado exactamente no governo anterior. A cor do executivo camarário também não foi esquecida… Passou para o domínio da arquitectura, e da preservação do património, mas também aí a ignorância lhe travou as pernas…
Na realidade, o aproveitamento de património colectivo de relevo histórico e cultural para fins desta natureza não só é comum em muitas partes do mundo civilizado como é, na maior parte das vezes, a única maneira de o manter e de evitar a sua degradação, muitas vezes irreversível. O nosso mosteiro não é excepção. Há muito que lá deixaram de funcionar os serviços públicos que lhe davam vida. E a última utilização que lhe foi dada – Asilo de Mendicidade de Lisboa – não lhe dava sequer a melhor das vidas.
Daí, nenhuma razão para os que fazem do fundamentalismo forma de vida.
Sobra ainda assim espaço para críticas. A concessão ter sido entregue a uma das empresas do regime, é uma delas. Tanto mais que a imprensa a deu por vencedora do concurso internacional lançado para o efeito quando, na verdade, não ganhou concurso nenhum: foi apenas a única admitida a concurso. O que dá ainda mais expressão ao ridículo do valor da renda: cerca de 400 euros por mês!
É certo que Alcobaça tem muito a ganhar com este projecto. Podem os mais cépticos apresentar algumas razões para duvidar que o saiba aproveitar, mas não é isso que diminui o potencial que representa para a cidade.
Mas não é, nunca poderá ser na renda que estejam as contrapartidas para o investidor. Estão, e só têm que estar, nos incentivos financeiros que evidente vai captar para o projecto. E no investimento público, que o Estado e a autarquia terão que fazer nas acessibilidades e no enquadramento paisagístico. E basta olhar à volta para ver que tem muito para investir!
Aí está mais um Cistermúsica. É um mês - certinho - inteiro a encher Alcobaça de música, e a assinalar os 25 anos do mosteiro enquanto património da humanidade. Acabou de abrir, em grande estilo, com 180 músicos em palco ás voltas com Carmina Burano, a obra prima de Carl Orff. A obra prima do século XX, levada a palco praticamente com a prata da casa. Bem cuidada, e em grande forma!