Um país que é isto!
A tragédia põe sempre as fragilidades a nu. É assim com as pessoas, e é assim com as sociedades e com os países.
Andamos todos a pensar que Portugal se mostra na Websummit, nos hotéis, nos alojamentos locais ou até nos tuck tucks, mas Portugal mostra-se a cada tragédia. É aí que chocamos de frente com a verdadeira imagem do país, que rapidamente reconhecemos.
Voltou a mostrar-se nestes dias, com grande violência. Voltamos a ver Portugal numa aldeia de Trás-os-Montes onde, num casebre forrado a miséria, para não morrerem de frio, cinco pessoas morreram afogadas em monóxido de carbono. No dia seguinte lá estava de novo a mostrar-se, agora no não menos profundo Alentejo, no que restava de uma estrada que, comida por gigantescos buracos abertos por anos de rebentamentos de misturas explosivas de interesses privados e incúria pública, deixou de resistir. Ruiu de vez, e enterrou a 100 metros de profundidade máquinas, carros e vidas humanas. Pelo menos, mais outras cinco.
Não adianta esconder nada, nem protestar que não se pode dizer que Portugal é só isto. Basta que seja isto para que dificilmente Portugal seja mais que isto!