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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

O cheiro que enche o balão

39.º Congresso do PSD: o discurso de encerramento (as críticas, promessas e  recados) de Rui Rio - SIC Notícias

 

O PSD, dividido ao meio nas eleições internas de há duas semanas, depois de quatro anos com cada um para seu lado,  surgiu agora em Congresso unido como nunca. Já ninguém apoia ninguém que não seja Rui Rio.

É o que faz o cheiro a poder. Um cheiro que entrou intenso em Santa Maria da Feira, trazido pela aragem das sondagens. Essas mesmas,  as - há tão pouco tempo - malditas sondagens. E não qualquer outra coisa. 

Não uma mensagem forte, e muito menos propostas empolgantes. Nem outras, na verdade não surgiu uma única proposta para apresentar aos eleitores. Mas é assim a nossa democracia. Não precisamos de propostas, até porque não estamos habituados a que sejam levadas muito a sério. Basta-nos que o poder apodreça nas mãos de quem o tem, e que comece a espalhar mau cheiro. Que cheira ao mais requintado perfume a quem só está à espera que esse cheiro se aproxime.

Tem sido sempre assim. E assim vai continuar a ser a nossa alternância democrática. 

Quando o poder apodrece basta agarrá-lo, e o balão enche mesmo com qualquer coisa que não tenha sentido, como Costa ter de dizer se viabiliza um governo do PSD se não ganhar as eleições, quando já disse que se vai embora se não as ganhar.

E no entanto é esta a ideia mais forte que do Congresso saiu para fazer vida na campanha!

Por que é que as pessoas votam na continuação desta governação?

Por Eduardo Louro

 Imagem relacionada

 Nos meus tempos do liceu o sumário de cada aula era escrito no quadro. Às vezes lá aparecia: “Continuação da aula anterior”. Nas campanhas eleitorais, os partidos apresentam programas – ninguém lhes liga muito, é verdade, mas apresentam. Comos os professores apresentavam os sumários. A coligação não apresenta programa, o sumário é: continuação da governação anterior.

Chegados aqui parece que é fácil perceber o que está em causa nestas eleições. O eleitorado só teria que dizer se quer a continuação da aula anterior, ou se quer matéria nova. Se quer manter a governação destes últimos quatro anos e tal – o tal é o que Cavaco quis acrescentar ao mandato – ou se quer outra coisa. Postas as coisas nestes termos, e sabendo – como se sabe pelos estudos de opinião, independentemente dos resultados das sondagens para todos os gostos que todos os dias nos chegam – que mais de 70% dos portugueses está contra este governo e esta governação, admitir que a coligação possa ganhar as eleições não poderia passar de uma aberração. Não faria sentido nenhum, não teria ponta por onde lhe pegar…  

Como bem sabemos não é nada disso que se passa. Não é nada disso, e a coligação poderá até não ganhar as eleições, mas neste momento ninguém tem dúvidas que a coisa está muito apertada.

Por várias razões, certamente. Mas por duas, fundamentais. A primeira porque, em Portugal, muita gente – alguns milhões de pessoas – entende os partidos políticos como um clube. Ligam-se a um partido como se ligam a um clube, de futebol ou de outro domínio qualquer. Projectam num partido os seus sentimentos de pertença e as suas necessidades de integração e interacção. E, como se sabe, muda de tudo mas nunca se muda de clube…Quando se diz que o Partido Comunista é o que melhor fixa o seu eleitorado, é disto que se fala. Mas este é um fenómeno que em Portugal é transversal a todos os partidos, e quando chega a hora de depositar o voto muita gente fá-lo no seu partido do coração. Podem estar até revoltadas com o governo, mas quando vão votar é o seu partido que está ali no boletim, não é o governo onde o seu partido lhe fez todas as malfeitorias.

A segunda é de outra ordem, e tem a ver com a formatação de um pensamento único que não admite alternativas. Veio da Europa. Embrionado na moeda – também – única, cresceu com a crise do euro e das dívidas soberanas, e tornou-se soberano com o Tratado Orçamental. Ao assinarem o Tratado Orçamental os partidos social-democratas assinaram a sua certidão de óbito, e todos foram desaparecendo do mapa político do poder na Europa.

O PS – que tão apressadamente tratou, pela mão de Seguro, de assinar aquele Tratado – não consegue fugir deste cerco. Tem, como os outros, a sua base eleitoral, os simpatizantes com e sem cartão de sócio, mas esses nunca chegam para ninguém ganhar eleições. E aos outros é difícil convencer que sejam alternativa. Asseguram alternância. Do mal, o menos, em democracia... Mas nem sempre chega. E quanto maiores forem os medos e as ameaças, maior é a probabilidade de não chegar…

Entre a cópia e o original, as pessoas tendem a escolher o original. E quando António Costa diz que devolve em dois anos o que Passos diz devolver em quatro, só está a dizer que não é alternativa nenhuma. É, como me dizia um amigo (do PSD) com quem discutia o tema, como duas pessoas que se oferecem para, no seu carro, levar alguém ao mesmo sítio e uma diz que vai a 180 e a outra diz que vai a 120.

Pode haver quem ache mais excitante ir a 180. Ou quem valorize chegar lá um bocadinho mais cedo. Mas há certamente muita gente que acha que não vale a pena correr todos os riscos de ir a 180. Que é mais tranquilo e mais seguro fazer a viagem a 120!

Pois é…Não há leituras inteligentes dos tratados!

É possível pior?

Por Eduardo Louro

 

Já se começou a perceber aquilo que, pela minha parte, mais temia: que António Costa vai recolocar o PS no poder para repetir o que para trás foi feito. Para simplesmente manter a alternância, perpetuando os erros, mesmo que com muito menos espaço para errar.

Arriscamo-nos seriamente a prosseguir um ciclo inimaginável, que começou no início do século, em que cada governo é pior que o anterior. Pensávamos que não podia haver pior governo que o de Santana Lopes. Mas veio Sócrates que, depois de resistir a um primeiro mandato, que começara a prometer muito e acabara a anunciar o que aí vinha, acabou a meio do segundo, atolado em mentira e incompetência, deixando o país entregue aos credores, já na pele do mais odiado primeiro-ministro e de pior governo da história da democracia. E veio Passos Coelho, mentindo em tudo e a todos. E, depois de Sócrates nos mostrar que era possível ser pior que Santana, prova-nos que é ainda possível ser pior que Sócrates.

Custa-nos a crer que seja possível pior que Passos e Portas …e Pires de Lima… Não julgamos isso possível, mas também já percebemos que, nisto, não há impossíveis!

A primeira mensagem deste risco foi-nos dada pelo novo líder da bancada parlamentar, logo que iniciou funções. Ferro Rodrigues, que tinha sido um dos subscritores do chamado Manifesto dos 74, cujo objectivo era justamente trazer a reestruturação da dívida para a discussão pública, e em especial para a Assembleia da República, tratou de se demarcar logo que o assunto da dívida lá chegou, conduzindo o PS para a abstenção e acabando logo ali com a discussão.

Sobre o tema, que é central para o país, nem mais uma palavra. António Costa, que até pela sua morfologia não podia continuar a tentar passar entre os pingos da chuva, tinha que dizer alguma coisa. Conseguiu apresentar esta semana a sua moção estratégica ao congresso sem se molhar, sem dizer nada. E mesmo na “Agenda para a Década”, supostamente com medidas e propostas concretas para um horizonte temporal de dez anos, continua a fugir a este problema central. 

Renegociar ou reestruturar são palavras proibidas. Constata o “elevado grau de endividamento do país” e diz que o país tem de tomar iniciativas de “redução sustentada do impacto do endividamento, seja na construção de instrumentos que estimulem a procura e o investimento europeu em paralelo à promoção da coesão interna da UE”. Se bem entendo isto, quer dizer que o problema da dívida, como de resto todos os outros no discurso de António Costa, se resolve com crescimento (“procura” e “investimento”) - como se o crescimento económico seja algo que se decreta, um meio, e não um fim - e com boa vontade da UE. Se a experiência nos diz que da boa vontade da UE não há muito a esperar, a ciência económica diz-nos que a dívida – os juros – impede o crescimento! 

Não quero com isto dizer que António Costa deveria andar por aí a dizer que a primeira coisa a fazer quando chegasse ao poder seria renegociar da dívida. Quero apenas dizer que, fugir desta forma do problema maior do país, é sinal de incapacidade de mudar o que quer que seja. O problema é que agora, sem mudar nada, não fica tudo na mesma. Fica muito pior!

 

A segunda vitória de Costa

Por Eduardo Louro

Sondagem DN: PS no limiar da maioria absoluta

 

As sondagens já dão 45% das intenções de voto ao PS, naquilo que é a segunda vitória de António Costa. Que acaba com todas as dúvidas, se é que alguma ainda existia!

Esta seria sempre uma boa notícia. Porque assegura a governabilidade - talvez melhor: uma solução governativa - e afasta qualquer cenário de crise política que, em cima da crise económica, financeira e social que teimosamente continua a agravar-se, se tornaria ainda mais dramática para o país. E porque assegura a sobrevivência do regime, que muitos julgavam impossível.

É a alternância a funcionar, é a democracia... Mas não sei se é a esperança. Não sei se não será uma das últimas válvulas de segurança do sistema. Se olharmos para os últimos 20 anos está lá tudo: a um governo rebentado por todas as costuras do cavaquismo, sucedeu na alternância a esperança de Guterres. Que sucedeu a si próprio, para rebentar também logo a seguir. E logo voltou a alternância pela mão de Durão Barroso e de Santana, que rapidamente implodiu. E a alternância trouxe Sócrates e uma esperança cheia de maioria absoluta. Para depois repetir, em pior, tudo o que ficara para trás. E voltar de novo a alternância, agora com Passos e Portas -  repetente e sempre na sombra - a fazer ainda pior que os anteriores, e que só não implodiu como o de Santana por contar com a cumplicidade de um Presidente da República da mesma cor.

Diz-se por aí que a António Costa tudo foi cair no colo. Que não precisou, nem precisa, de se mexer. Até pode ser assim... Mas, da mesma forma que lhe coube a enorme responsabilidade de transformar o PS na alternativa que com Seguro nunca seria, cabe-lhe agora a ainda maior responsabilidade de romper com este ciclo, e fazer da alternância um meio e não um fim. 

Pode sempre acreditar-se que, decididamente, os portugueses são de memória curta. Mas isso pode ser arriscado!

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