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Por Eduardo Louro
Hoje recomendo "O ministro que não era", do Gabriel Silva, no Blasfémias.
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Por Eduardo Louro
Hoje recomendo "O ministro que não era", do Gabriel Silva, no Blasfémias.
Por Eduardo Louro
Quando o governo criou a Secretaria de Estado da Inovação e do Empreendedorismo - como eram diferentes esses tempos - aplaudiu-se aqui quer a ideia quer a escolha do seu titular, um jovem com perfil inovador e empreendedor. Não se imaginaria então que, alguém que parecia a pessoa certa no lugar certo, fosse empurrado do governo na primeira oportunidade. E menos se esperaria ainda que a sua substituição viesse a abrir uma das polémicas que mais brechas poderá provocar no governo.
A nomeação de Franquelim Alves (foto da direita) representa a substituição da pessoa certa no lugar certo pela pessoa errada no lugar errado. Deveria estar justamente aqui o centro da polémica, até porque parece resultar de um processo de reforço do poder Secretário de Estado Almeida Henriques (foto da esquerda) – que ainda há dois ou três dias aqui trouxe - dentro do Ministério da Economia. Que, diz-se por aí, é quem verdadeiramente manda no Ministério!
Não lhe serem conhecidas especiais competências no domínio da inovação e do empreendedorismo não é o ponto. Quer dizer, o problema não está no lugar errado. Está na pessoa errada!
Não me parece que esteja em causa a competência de Franquelim Alves. Não o conheço - foi meu colega em Económicas, onde era à época destacado activista do MRPP, mas nunca fomos próximos – mas acredito que tenha condições de competência para o exercício destas como das funções públicas que anteriormente já ocupou. Mas, evidentemente que, com todos os escândalos do BPN bem frescos e a pesarem como pesam na carteira de todos nós, nomear para o governo alguém que por lá passou, mais que um grave erro político é uma afronta.
Que toda a gente, a começar por ele próprio – que tratou de apagar tal passagem do seu currículo – reconhece. À excepção do ministro Álvaro Pereira, que diz que bater neste assunto é baixa política. E do primeiro-ministro, que espera que o assunto morra depressa!
Por Eduardo Louro
Vêm aí mais impostos! Pedro Passos Coelho – lui même – prepara-se para anunciar novidades, entre elas a forma como nos irá sacar o 13º mês.
Isto depois de nos ter acabado de dizer que para o ano a economia dava a volta. No mesmo preciso dia em que o INE revelava que a recessão se agravava – queda de 3,3% do PIB no segundo trimestre, para o período homólogo - e o desemprego (oficial) batia a barreira dos 15%.
Quando a recessão corre que nem um jamaicano em direcção à maior depressão do último século, o primeiro-ministro diz que estamos a um ano de sair da crise. Para, dois dias depois, vir o ministro da economia – o Álvaro, que já não quer fazer mais de bobo… do governo – dizer que não é bem assim. Que sempre ensinou aos seus alunos que “previsões macro económicas são previsões macro económicas”! Que “há sempre imponderáveis”
Quer dizer: o primeiro-ministro diz que está a luz está lá, no fundo do túnel, e o ministro da economia diz que, se lá está, não a vê. E que, se lá está, pode apagar-se!
Entretanto a troika está a chegar e, claro, vai servir de pano de fundo para o anúncio de mais impostos. Há sempre imponderáveis: apenas a morte e os impostos são certos. Cá, mais certos que em qualquer outro lugar do mundo!
Por Eduardo Louro
Depois de tanto se especular sobre a demissão de Álvaro Santos Pereira, é agora ele próprio que a anuncia. Quando, na entrevista ao Expresso deste sábado, o Ministro da Economia diz que “há sectores com um nível de protecção inaceitável” e que quer acabar com isso, está a anunciar a sua demissão.
Tenho a impressão que aquela declaração, devidamente traduzida, significa qualquer coisa do tipo: “gostei muito deste bocadinho - isto de ser ministro até tem a sua graça - mas agora, como o meu Secretário de Estado dizia há dias, tenho uns assuntos pessoais e familiares a tratar”!
Pois é, agora é apenas uma questão de tempo: ele só não disse quando.
É só uma impressão!
Por Eduardo Louro
Continua a decorrer a reunião de concertação social para discutir as medidas de competitividade que nos ajudarão a sair deste buraco onde estamos metidos. Lá está a nata nacional – responsáveis máximos de patrões e trabalhadores e os principais ministros do governo, os superministros – a discutir os grandes problemas que afectam a economia nacional e bloqueiam o nosso futuro.
Como, por exemplo, a inclusão das pontes no calendário de férias! Como se essa não fosse uma prática antiga e mais do que instalada no sector privado da economia, perfeitamente aceite e percebida pelos trabalhadores. Em trinta e muitos anos de actividade profissional à frente de empresas privadas, não encontrei uma única onde o calendário de pontes não fosse estabelecido com o orçamento anual e tido em consideração na programação das férias, sempre com o acordo dos trabalhadores. Contra a lei? Talvez, mas a favor de empresas e trabalhadores, verdadeiramente concertados!
As nossas elites – a nata – andam distraídas. Ou são loiras! Com tantos e tão sérios problemas para resolver, a nata discute um problema que não existe e faz disso a coisa mais importante deste mundo!
Acordem meus senhores: esse problema não existe. Álvaro, isso é como os pastéis de nata, já está! Já toda a gente faz isso, como já toda a gente come natas por esse mundo fora.
Devia ser de outra maneira? Deveria, mas quando a nata é assim…
Por Eduardo Louro
Hoje o país mudou! Não, não tem nada a ver com o apagão televisivo, nem com as fabulosas oportunidades que a TDT lhe traz.
O país mudou – hoje mesmo – porque, finalmente encontrou um desígnio. O ministro Álvaro – temos que começar a pensar na estátua – sentenciou hoje que acabou o tempo de todos os falhanços na afirmação externa de Portugal: “meus amigos e minhas amigas, esse tempo acabou”! E, sem perder tempo, decretou as exportações como desígnio nacional!
Andamos há séculos à nora, por aqui perdidos sem saber o que fazer para dar a volta a esta triste sina, mas eis que, vindo do cinzento e frio Canadá – e nós a pensarmos que, a chegar um dia, viria daqui do quente e luminoso norte de África – nos chega D. Sebastião em versão século XXI, visionário, de vistas largas e rasgadas sobre o mundo!
Perguntar-me-ão: mas se o homem já cá está há seis meses, por que é que andou tanto tempo escondido, sem dizer ao que vinha? Por que é não disse logo quem era? Pelo menos sempre pouparia, a nós, alguns meses de angústia e, a ele próprio, algumas das cenas de bullying de que, injustamente, tem sido vítima. Porque, ninguém tem dúvidas, o Álvaro tem sido o menino mais martirizado da turma…
São pertinentes, essas questões. Mas eu explico: o homem é um visionário mas não é mágico. Não podia chegar cá e… já está! Não, ele precisou destes seis meses de duro e rigoroso trabalho, todos os dias, sem feriados e com bem mais que a tal meia hora – com certeza que se lembram que, quando toda a gente o dava por desaparecido, quando, diziam, não havia ministro da economia ou estaria em parte incerta, ele surgiu a explicar que estava a trabalhar – para que surgisse o clique. E esse surgiu quando, após meses de trabalho árduo e intenso, descobriu o pastel de nata! As natas, na linguagem do Álvaro…
Se é isto a nata que temos…
Por Eduardo Louro
Afinal, ao contrário do que por aí se dizia, o governo está preocupado com a economia. E tem estratégia!
Questionado sobre o assunto quando apresentava o OE 2012, o ministro das finanças disse claramente que a estratégia para a economia portuguesa era a consolidação orçamental e a estabilidade financeira. Eu não percebi! Como que por milagre – provavelmente o mesmo que irá impedir que a economia caia mais que os 2,8% previstos – percebeu que eu não estava convencido e resolveu explicar melhor, explicar como só ele sabe: a consolidação orçamental e a estabilidade financeira vêm trazer credibilidade, que é o que a economia precisa!
Continuei sem perceber. Mas como não houve mais milagres fiquei a pensar que o problema era meu!
Estava eu nisto quando eis que surge novo milagre: o ministro da economia veio falar! Bom, apenas meio milagre. Milagre completo seria se, para além de simplesmente falar, dissesse alguma coisa. Alguma coisa importante, bem entendido, e com algum jeito!
O Álvaro disfarçou-se de vendedor da banha da cobra e veio dizer alto e bom som que há vida para além da austeridade. É pouco? Não é nada?
Não, não! É muito! Afinal o homem está a fazer-se, já não falta tudo para termos aí um ministro da economia à séria. Produziu o seu primeiro sound byte! Coisa de que não o julgávamos capaz e que, como bem sabemos, é a essência da condição de ministro!
Pela minha parte fiquei muito feliz com esta entrada do ministro da economia – na conferência “O Estado e a Competitividade da Economia Portuguesa”, organizada em Lisboa pela Antena 1 e pelo Negócios – e à espera do viria a seguir. Do que seria essa vida!
Explicou que a isso se chamava combater a subsídio dependência, reformar sem medos e receios contra lóbis e proteccionismos. Bem dito, gostei de ouvir! Chamo a isso limpar a economia, são medidas de higiene económica. Mas então por que é que, quando se apresenta um orçamento destes, não se fala das PPP? Por que é que, quando o escândalo das estradas está na ordem do dia - com o Estado obrigado a entregar aos concessionários 600 milhões de euros em razão de um contrato revisto à medida – subsistem medos e receios contra lóbis e proteccionismos?
Depois, para compor o ramalhete, umas não medidas (não se pode voltar a relançar o crescimento económico através de subsídios; não se pode voltar a obras públicas faraónicas…) e uma grande novidade, que nem estamos fartos de ouvir: "Portugal tem de levar a cabo as reformas estruturais de que precisa”!
Ora aí está um governo cheio de ideias para a economia! E a gente a pensar que o governo não passava duma gigantesca Repartição de Finanças… Estamos bem entregues! Estamos, estamos…
Por Eduardo Louro
Afinal o TGV – o famoso TGV Lisboa Madrid, obsessão antiga – ainda mexe ou será apenas um detalhe do fascínio deste governo pelos adiamentos?
Como o governo adia tudo, porque tudo continua por estudar, acredito que quando o Álvaro diz ao governo de Madrid que em Setembro lhe dará novidades, não queira dizer que o governo não saiba muito bem que não se pode meter em aventuras. Quem disse do TGV o que Maomé não diria do toucinho não pode, agora, dizer estas coisas. Nem mesmo em Madrid!
Por Eduardo Louro
Aí está o novo governo! Um novo governo que também é um governo novo (de gente nova) e com algumas, ou mesmo muitas, surpresas. Escolhi quatro – e não sei se lhes chame surpresas se polémicas: estas quatro!
Começo pelas senhoras – primeiro as senhoras, que são apenas duas – e por Assunção Cristas. Não que seja exactamente uma surpresa, porque sabendo-se que faz parte do núcleo duro de Paulo Portas seria de esperar que o líder a requisitasse para o governo. Também o facto de ser claramente uma estrela em ascensão, com reconhecidos méritos patenteados particularmente no Parlamento, diluirá o factor surpresa. Mas surpresa mesmo é a pasta que lhe calhou em sorte: uma pasta de mixed feelings que leva a agricultura à cabeça (terá sido a fórmula encontrada para satisfazer a reivindicação de Paulo Portas) que acaba por congregar todos os sectores mais desprotegidos da nossa actividade económica.
Passando aos cavalheiros surge Paulo Macedo: um nome de que se vinha falando pelo que, também aqui, a surpresa/polémica vem agarrada à pasta. Ninguém se lembraria do quadro do BCP (agora administrador) que teve uma passagem marcante pela Direcção Geral dos Impostos para o Ministério da Saúde, mas são mesmos os resultados aí obtidos que acabam por justificar esta escolha de Passos Coelho. Está fora dos lóbis que se movimentam nesta área e tem um rótulo de reformador, e só isso já basta para esbater a eventual polémica.
Álvaro Santos Pereira é mesmo uma surpresa: uma surpresa no mega Ministério da Economia que poderá vir a ser polémica. É o segundo mais jovem, depois de Assunção Cristas, e um académico – muito prestigiado e, sem dúvida, um dos grandes talentos do país - fora, como tantos outros (vem de Vancouver, no Canadá) que tem dado a cara por opções económicas altamente polémicas. Por ele, por exemplo, a tal major reduction da Taxa Social Única que tanta polémica levantou na campanha eleitoral e que a tudo se prestou, é mesmo substancial: 10 ou 15 pontos! Há mais, muitas mais opções polémicas: basta esperar para ver!
Por último, Vítor Gaspar, talvez o menos conhecido de todos para o grande público, mas também de méritos indiscutíveis. Chega com dois handicaps que, curiosamente, abordei aqui em dois dos últimos textos sobre a constituição do governo: o primeiro terá a ver com o facto de não ter sido primeira escolha (Vítor Bento, o nome que aqui se adiantara, não aceitou), e o segundo com a falta de peso político, o tal factor que também aqui apresentei como determinante. Nada que, a meu ver, seja agora relevante. Para além de inquestionável competência Vítor Gaspar goza de grande prestígio pessoal e profissional em Bruxelas: na Comissão Europeia e no Banco Central Europeu. E conhece como poucos aqueles corredores. Nas actuais circunstâncias do país e da governação esta é uma mais valia que ultrapassa, em muito, o handicap da sua leveza política.
Para além das suas características individuais, e do brilhantismo de cada um, estas são também caras que acentuam o lado liberal deste governo. Para o bem e para o mal, goste-se ou não!
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