Que fofinhos!
Confesso-me estarrecido com as coisas que tenho visto escritas sobre a decisão eleitoral dos brasileiros. Não me refiro à Margarida Martins, essa deixou-me chocado. Duplamente chocado - com o soneto e com a emenda!
Nem aos que se tinham declarado apoiantes convictos de Bolsonaro, seja porque defendem o fascismo, seja porque ainda não perceberam muito bem o que andam por cá a fazer. Refiro-me àqueles que, até domingo, juravam que acima de tudo estava a necessidade e a obrigação de defender a democracia. Que, se votassem, fariam como Álvaro Cunhal fez, e aconselhou fazer, em 1986. Que entre um fascista, e um democrata nas antípodas do seu pensamento, sempre o democrata. E que se riam dos brasileiros que diziam que apeariam Bolsonaro se ele viesse a fazer o que dizia que faria.
Mas que, de repente, logo no domingo, passaram a achar que nada poderia ter sido de outra maneira. Que quem está cá deste lado do Atlântico não percebe nada do que passa do lado de lá. Que ódio é ódio, e o que o Lula e o PT fizeram não merece outra coisa. Que o povo é sábio, e nunca se engana. Que o fascismo de Bolsonaro é uma ficção da esquerda. Que a palavra liberdade foi a mais repetida no discurso de vitória. Enfim, que o "cara" não é nada do que pintam.
Pois. Eu até estava quase a ficar convencido. O diabo é que, de repente, começaram a desfilar pelas passadeiras da minha mente as declarações de voto daquela gente no parlamento que ditou o impeachement da Dilma. Depois aquela "oração" daquele militante evangélico de mãos dadas com o presidente eleito, de mãos dadas com a sua jovem esposa.
E quando sacudia a cabeça para afastar para longe estes pensamentos caem-me os olhos no apelo da jovem deputada Ana Caroline Campagnolo, eleita pelo PSL (percebem por que o outro teve que escolher Aliança?) de Bolsonaro. Que abriu um canal de denúncias e exorta os jovens a filmar os professores inconformados com o resultado eleitoral, e a remeter-lhe esses vídeos...
Que fofinha... Que fofinhos eles são!