Boas notícias e ... obrigado, André Almeida!
Casa praticamente cheia, na Luz, como é habitual. Desta vez com perto de 60 mil nas bancadas, para assinalar o regresso a casa, depois de três jogos consecutivos fora. Mas também para "mimar" a equipa, que bem merece, e para um último carinho a André Almeida, na hora da despedida do capitão. Um símbolo do Benfica, por mais que tenha dividido opiniões nos doze anos de águia ao peito.
O jogo começou por ameaçar tornar-se complicado. O Casa Pia, a equipa sensação da primeira volta - essa já ninguém lhe tira, independentemente de o vir ou não a confirmar no fim da época - entrou no jogo com a sua receita habitual, com a forte organização defensiva que lhe valeu ser sempre uma das defesas menos batidas do campeonato, e ainda a terceira melhor, com uma pressão enorme sobre os adversários, e sempre disponível para sair para a frente em velocidade. O seu 5x4x1 permite-lhe defender a sua área sempre com muitos jogadores, e ainda criar nas alas um dispositivo táctico que cria frequentes situações de três para um.
Fechados em cima da sua área, aos gansos sobrava sempre mais um jogador para a dobra a um colega, e sempre mais uma perna no caminho da bola. Logo que a ganhavam tentavam sair em transições rápidas, o que iam conseguindo uma vez por outra.
O Benfica entrou com a mesma equipa que iniciara o último jogo, em Arouca, e com os jogadores a interpretarem os mesmos papéis. Começou pressionante, mas nem por isso deixou de revelar dificuldades em libertar-se daquele cerco. Criou então duas oportunidades para marcar - logo no início, numa boa jogada de penetração na área, que João Mário não concluiu da melhor maneira, rematando por alto e, logo a seguir, numa espectacular abertura de Florentino, a picar a bola para dentro da área, concluída com o remate de Neres junto ao ângulo da barra com o poste.
Lembramo-nos então que o Benfica tinha resolvido os últimos jogos com golos serôdios, no aproveitamento das primeiras oportunidades. E da eficácia nesses jogos. E temeu-se que, jogando o Casa Pia naquela sua maneira, as oportunidades se não repetissem assim tanto.
Por volta dos quinze minutos, já o Benfica estava a abrandar a pressão, e a deixar a ideia de um jogo morno. Parecia um mau sinal, mas não. Era a percepção que aquilo não estava a resultar, e que era preciso mais paciência na circulação da bola. Era a maturidade da equipa a vir ao de cima. E resultou!
Logo aos 19 minutos, surgiu a melhor oportunidade de golo, com Gonçalo Guedes a responder com classe, de calcanhar, à Gonçalo Ramos, para o guarda-redes casa-piano a defender em último recurso, para a frente. E, no novo regime, iniciava-se uma nova fase de sufoco para os gansos. Que culminou ao minuto 34 - sim tem de ser o 34, não o 35 ou o 36, porque André Almeida merece - no primeiro golo, do goleador João Mário (o que Schmidt fez deste jogador!), a concluir com um passe para a baliza, assistido por Neres (mais que o regresso à forma, há ainda que saudar o compromisso com a equipa, muito acima do nível antes revelado, e a alegria que nunca se lhe tinha visto), uma bonita jogada de futebol, que finalmente desmontara a estrutura defensiva do Casa Pia.
A partir daí foi "show de bola". Oito minutos depois, só mudou o assistente, desta vez Grimaldo. O golo foi do mesmo, o novo goleador, já no topo da lista dos marcadores. "Show" que se prolongou pela segunda parte, então já com o Casa Pia a abandonar a sua estrutura super-defensiva, e a abanar por todos os lados. De tal forma que, na derrota mais pesada na época, o melhor que aconteceu ao Casa Pia foi mesmo o resultado.
As oportunidades de golo sucederam-se, com o futebol fluido, e de encantar, da primeira parte da época decididamente de volta. Golos, é que apenas mais um. E numa transição, que era coisa que estava a faltar. Foi uma jogada individual de Bah - mais outro, decididamente de regresso e já melhor que o melhor que tinha mostrado - não foi colectiva. Mas foi em transição!
Numa altura decisiva da época, com a Taça em jogo nos quartos em Braga, com o acesso aos quartos da Champions para discutir com o Bruges, e numa interessante - chamemos-lhe assim - fase da Liga, a exibição do Benfica mostra que a equipa está pronta para todos os desafios.
Hoje já deu para o regresso de Rafa - e como mostrou também que está pronto! -, e o de Ramos também não estará longe. E, a avaliar pelo que Schemidt fez de Bah, Aursenes, João Mário, Florentino e Chiquinho, dos dois reforços nórdicos que "estão no forno" só poderão chegar melhores notícias ainda.