Desconfio que até os mais distraídos, e os mais crentes, já perceberam que já chega de CHEGA. Que o limite não é o céu, e que, pelo contrário, o Partido de André Ventura já só faz caminho no comboio descendente - tudo á gargalhada, todos á janela, todos em grande reinação ...
André Ventura foi capaz de fazer o seu projecto político pessoal crescer vertiginosamente em pouco tempo. Seria difícil fazer de um projecto pessoal um partido, e virtualmente impossível mantê-lo sozinho.
Um projecto político pessoal basta-se de um bom actor, que saiba manipular exponenciar emoções. Um partido político precisa de muito mais. E precisa acima de tudo de pessoas qualificadas, de quadros.
O projecto político de André Ventura é pessoal. E uni-pessoal. Não tem mais ninguém. Por isso agarra tudo o que venha à rede, sendo que convoca quem queira aparecer, e que quer aparecer quem não tem por onde se mostrar.
E por isso não surpreende que um roube malas nos aeroportos, e aproveite até portes mais baratos da Assembleia da República para vender o produto do roubo. Que outro, muito marialva e ainda muito mais macho, seja apanhado em relações homossexuais pagas com um menor. Ou que não faltem deputados - quase um quinto deles - acusados de crimes como roubo, imigração ilegal, falsificação de documentos, ou desobediência.
"O Conselho de Estado é o órgão político de consulta do Presidente da República, por ele presidido", e por ele exclusivamente convocado, a que "compete pronunciar-se sobre um conjunto de actos da responsabilidade do Presidente da República. Deve também aconselhá-lo, no exercício das suas funções, sempre que ele assim o solicite" - assim, tal e qual, no site da Presidência da República.
Na sequência de uma rixa entre famílias de etnia cigana, em Viseu, que resultou numa morte, André Ventura entendeu solicitar ao Presidente da República que convocasse esse órgão político para nele lhe solicitar o seu aconselhamento sobre o "estado de insegurança brutal" no país.
Para dar sequência à solicitação o Presidente da República entendeu remetê-laaos restantes Conselheiros de Estado, para transmitirem o que tivessem por conveniente.
Marcelo é Presidente da República vai para 10 anos, entrou já no último ano de mandato. É professor catedrático de Direito. Encarna a mais experimentada e sagaz personagem política da República.
Há duas hipóteses:
- Uma é que Marcelo passe por um tal estado de desorientação que tenha perdido por completo o conhecimento, a lucidez e o discernimento;
- Outra é que não se importe nada de fazer esta figura para - também ele - não ficar de fora da agenda que André Ventura domina, nem passar ao lado das percepções por ela impostas.
"O Chega, pode-se dizê-lo, está no Governo. E tem um primeiro-ministro: chama-se Luís Montenegro. É a minha percepção, pelo menos. Também tenho direito, não?"
João Pedro Henriques, jornalista. Hoje, no Expresso curto, donde aproveito também a foto.
Com o PSD meio envergonhado por ter permitido aquilo, e a IL a fazer daquilo apenas e só uma birra, a "sessão solene de comemoração do 25 de Novembro" acabou por transformar a Assembleia da República numa taberna.
Não é a primeira vez que o Parlamento faz de taberna, mas é a primeira vez que faz de taberna solene, decorada com rosas brancas. O taberneiro, esse é sempre o mesmo. Sem solenidade, nem rosas!
No entanto o "pantomineiro-mor" do país troca esta realidade pela narrativa que lhe alimenta a pantominice, e marca uma grande manifestação para Lisboa contra a imigração. Freta autocarros por todo o país, e arregimenta todas as estruturas para este objectivo principal do partido. Disse-se por aí que quem não apresentasse resultados ficaria com contas para ajustar.
E ontem lá se encontraram todos - gente que não sabia o que ali estava a fazer, gente que também tinha sido emigrante, "mas dos bons, nada destes que para cá vêm", e gente que sabia bem ao que vinha, como um tal Mário Machado com o "seu" 1143 - percorrendo precisamente o eixo da capital mais marcado pelas mais degradantes imagens da exploração associada à imigração.
O pantomineiro tinha à sua volta câmaras e microfones que bastassem. Para elas dizia que não, que não era nada contra a imigração, enquanto descia pela Almirante Reis debaixo da gritaria "nem mais um, nem mais um". Novo microfone à frente e, de novo, não, aquilo era apenas contra a desregulação, contra a "bandalheira" das portas abertas.
As tais que, dizem os empresários deste país, a fecharem-se, seria devastador!
Pantominice é isto. Também lhe chamam populismo, mas isto é mais propriamente pantominice!
Um helicóptero caiu nas montanhas fronteiriças com o Azerbaijão, daí resultando a morte do presidente do Irão (e do ministro da defesa). Os governantes de Israel apressaram-se a dizer que não tinham nada a ver com aquilo, e acreditamos que desta vez estejam a falar verdade.
Um meteorito passou por aqui a velocidade vertiginosa, e ainda não percebi se caiu no Atlântico se em Castro de Aire.
O Presidente da Assembleia da República achou que o André Ventura pode dizer lá mesmo tudo o que lhe apetecer, sem que isso lhe mereça qualquer reparo, porque a liberdade também serve para publicamente, “difamar ou injuriar pessoa ou grupo de pessoas por causa da sua origem étnico-racial, origem nacional ou religiosa, cor, nacionalidade, ascendência", por acaso crimes punidos por lei da Instituição a que preside. Por acaso numa reunião extraordinária - se não estou enganado a primeira em cinquenta anos de democracia - destinada a responsabilizar o Presidente da República pelo crime de traição à pátria. Por acaso, armado em campeão da liberdade de expressão, freneticamente aplaudido pelos 50 deputados que desencadearam um processo criminal para condenação do Presidente da República por delito de opinião.
E o mesmo que acusa o Presidente de traição à pátria, e gratuitamente injuria pessoas pela nacionalidade, foi a Madrid, à convenção de um partido que celebra a "hispanidade" ibérica, e ostenta um mapa que elimina Portugal, declarar-se - em "portuñol", ao lado de parceiros como o senhor Milei, ou a senhora Le Pen, a expressarem-se nas suas línguas - o próximo primeiro-ministro do país.
E foi assim este fim de semana, em que só caiu um helicóptero e um meteorito. Tudo o resto ficou de pé!
O papel de actor principal de Passos Coelho na apresentação daquela coisa menor que não passa de uma colectânea de aberrações a que deram o banal nome de “Identidade e Família”, não tem relação com qualquer espécie de coerência ideológica entre o protagonista e as aberrações. Há uns anos - décadas - Passos Coelho liderou a JSD que, no Parlamento, promoveu e fez avançar, alguma vezes em confronto com a linha oficial do partido, boa parte das iniciativas de progresso civilizacional que agora são objecto das aberrações por que dá a cara.
Tem apenas a ver com oportunismo. O oportunismo a que ontem aqui se referia o último parágrafo, mas ainda o seu oportunismo pessoal. Passos Coelho não é a figura que dele alguns querem fazer, é simplesmente um oportunista. Que o momento do país seja difícil, que as dificuldades do que ainda diz ser o seu partido sejam grandes para assegurar a governação, ou que o foco político devesse estar na apresentação do programa do governo, não lhe interessa nada. Interessa-lhe apenas o que tem a retirar em proveito próprio deste momento. E isso, entende ele, é muito, e serve-lhe de qualquer forma: serve-lhe para o imediato, se o governo cair, na oportunidade de encabeçar uma frente a federar a extrema direita num novo governo; e serve-lhe a curto prazo, na oportunidade da candidatura à Presidência da República.
Não foi por acaso que ele próprio formulou a primeira, e André Ventura a segunda.
Como é público e notório o Partido do André Ventura vai trepando pelas sondagens acima. Hoje é dada conta de uma que o aproxima já da AD, que curiosamente cai relativamente às intenções de votos no PSD em Dezembro.
O previsível crescimento daquele partido nas próximas eleições, apontado pelas sondagens e diariamente alimentado nas televisões, abriu uma inusitada onda de casamentos por conveniência entre André Ventura e os muitos mancebos, e mancebas, que ficaram sem os lugares nas cadeiras que há anos (dezenas, nalguns casos) ocupam em S. Bento. A conveniência é óbvia: a André Ventura faltavam "nomes" para tantas cadeiras que lhe são atribuídas; aos "nomes" faltava-lhe a cadeira em que querem continuar sentados. E o casamento torna-se perfeito!
Só teria um problema, e não é de poligamia. Casar com tanta gente não é problema para André Ventura. Dá "facada" na "Família", mas ainda lhe sobra "Deus" e a "Pátria". O problema seria como é que ele "limpa o país" trazendo-se para si os que o "sujaram". Como é ele que acaba com esta "corja que vive à conta da política", "que nunca fez nada na vida", "casando" precisamente com eles. Não fosse ele o noivo, e isto seria uma "vergonha". A mesmíssima "vergonha" que é mono-tema no seu discurso Mas, para que isso fosse "vergonha", e problema, era preciso que o André Ventura pudesse ser levado a sério. Como não pode, nem isso é problema para ninguém, e menos ainda para as televisões, o casamento é mesmo perfeito. De sonho, até!
Ainda pouco se sabe do ataque de um refugiado afegão ao Centro Ismaelita de Lisboa, que resultou na morte de duas mulheres - Marina Jadaugy, de 24 anos, assistente social na instituição; e Farana Sadudin, de 49, gerente e principal responsável de uma associação de assistência humanitária afiliada da rede Aga Khan para o Desenvolvimento, ali sedeada.
Sabe-se pouco de Abdul Bashir, o refugiado autor do ataque, de 28 anos e com três filhos pequenos. Mas o suficiente para lhe adivinhar um quadro mental e psicológico complicado. Sabe-se que a acção pronta, profissional e exemplar da PSP evitou uma matança ainda maior. Sabe-se que a PJ continua a investigar, não apontando, para já, para acto terrorista.
Sabe-se - já se sabia, porque isto é como a pescada - é que André Ventura não perdeu a oportunidade para voltar mais uma vez a mostrar que é um nojo. E, para já, a ser o primeiro terrorista na cena do crime.
Se isto não servir para acordar tanta gente que por aí anda com sonhos húmidos, o melhor é continuarem a dormir!
Passos Coelho e Marcelo voltaram a cruzar-se. E quando se cruzam, o sebastianismo agita-se.
Aqui há uns meses - em Outubro, se não estou em erro - tinham-se encontrado numa homenagem a Agustina Bessa-Luís, e o Presidente não quis perder a oportunidade: “o país pode e deve esperar muito do seu contributo no futuro”. Voltaram a encontrar-se no início da semana, no Grémio Literário, na comemoração do décimo aniversário de uma desconhecida organização, a que chamam Senado, mas que não tem senadores. Tem jovens, cerca de 200, de vários partidos e sensibilidades de direita.
Desta vez Passos falou, e foi quanto bastou para o Presidente exaltar os seus princípios, valores e apreciações ... e o seu futuro. Outra vez. Só que, desta, para Marcelo o futuro é agora. Tão agora que mandou fixar a data: "fixem esta data - 27 de Fevereiro". A data em que Passos anunciou o futuro na forma de "horizonte político".
Marcelo não tem ilusões. Conhece bem o estado a que o PSD chegou. E, lá no fundo, acredita que só o criador pode parar a criatura!
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