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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Enterrar os mortos ...

Realizaram-se finalmente as cerimónias fúnebres de José Eduardo dos Santos, no dia do seu 80º aniversário, e quatro dias após as eleições, que mantiveram a maioria absoluta do MPLA - mas agora mais escassa, com pouco mais dos 50% -  com resultados contestados pela UNITA, claramente vencedora em Luanda.

A presença nas cerimónias de Adalberto Costa Júnior, o líder da UNITA  é, neste contexto, um bom sinal. Como referiu Marcelo, inevitavelmente presente, chamando-lhe o primado do interesse nacional. Não ter armas também ajuda!

Enterrar os mortos é muitas vezes momento de paz. De vez em quando enterram-se também conflitos... 

 

 

 

Teias que a História tece

Angola 27 de Maio 1977: orfãos das vítimas querem esclarecimentos - Em  directo da redacção

 

Passam 45 anos sobre o chamado golpe de de Nito Alves, em 27 de Maio de 1977, com que Agostinho Neto - e os  cubanos que tinha como "assistentes" - aniquilou parte da jovem elite do MPLA da altura, a pretexto de reprimir os chamados "fraccionistas". Foi uma das maiores atrocidades da História de Angola. Prolongou-se por dois anos, e somou mais 70 mil mortes à tragédia angolana.

Atrocidades desta dimensão são comuns, fazem parte da História de praticamente todos os regimes totalitários, e dos mais cruéis ditadores. Sabemos que foram capazes disso ditadores como Hitler, Mussolini, Estaline, Mao, Idi Amim, Mengistu Haile Mariam, Hisséne Abré, Pol Pot, Saddam Hussein, François Duvalier, o Papa Doc, Pinochet, Videla, kadafi, ou os Kim Jong, da Coreia do Norte.

Por mim, continuo sem perceber como tenho de juntar o nome de Agostinho Neto a esta lista. Não há como não o fazer, mas confesso - custa-me perceber como um poeta e, a par de Amílcar Cabral, o maior símbolo da resistência ao colonialismo português, chegou a isto. Teias que a História tece, que temos dificuldade em desvendar.

Nito Alves, como tantas outras figuras elite do MPLA - como José Van Dunem e a mulher, Sita Valles, que deixaram órfã a ministra da Justiça (e, no fim, também da Administração Interna) do anterior governo português, Francisca Van Dunen - foram sumariamente executados. António Costa Silva, depois de preso e torturado, escapou. E é o Ministro da Economia do actual governo de António Costa!

 

Uma aresta por limar?

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A (excelente) entrevista do Presidente Angolano à RTP, na véspera do seu aniversário, que festejará com o Presidente Marcelo na véspera do início da sua visita oficial a Angola, demonstrou a boa onda que as relações luso-angolanas atravessam. Que se saúda, e que se deseja duradoura.

Para classificar essa relação, o próprio Presidente João Lourenço declarou-a  "no pico da montanha". E para mesmo nenhuma dúvida ficasse a esse respeito, Vítor Gonçalves, o entrevistador da RTP, lembrando que, em Setembro de 2017, no seu discurso de tomada de posse ignorara Portugal, perguntou ao presidente angolano se, hoje, faria o mesmo.

A resposta foi politicamente correcta, como não poderia deixar de ser, e mesmo dizendo que essa omissão não tinha sido intencional, não hesitou em deixar claro que a resposta seria "não". Mas foi a forma como complementou a resposta que particularmente me prendeu a atenção, quando referiu que, sem adiantar o que irá "dizer sobre Portugal", da próxima, haveria "uma boa surpresa". Passo a transcrever: "Numa ocasião futura, digamos daqui a três anos sensivelmente, quando se realizarem novas eleições, não devo adiantar o que direi sobre Portugal, mas será uma surpresa para todos, angolanos e portugueses, e será com certeza uma boa surpresa". 

João Lourenço confirma-se nesta entrevista como um líder moderno, hábil e ponderado que sabe muito que palavras utilizar em cada momento. Que nada fica a dever aos mais experimentados políticos internacionais. E no entanto não hesitou em dar por adquirido que daqui a três anos estará de novo a tomar posse como presidente da República. Não esperou sequer que o entrevistador lhe perguntasse - como viria a fazer mais tarde, então já com as voltas trocadas e completamente fora de tempo - se se recandiataria a novo mandato. Não referiu nem a hipotética condição da recandidatura, nem os hipotéticos resultados eleitorais... 

Meros apêndices do dispensável politicamente correcto no actual quadro político angolano? Ou ainda uma aresta por limar?

A visita mais desejada

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Finalmente!

Aí está a visita mais aguardada do século. E a mais desejada... Se fosse noutros tempos hoje não havia escola...

Vamos ver se Portugal já é prioridade. Ou se Marcelo, que já disse estar ansioso para vistar Angola, mas que "a casamento e baptizado não vás sem ser convidado", terá mesmo que se fazer ao convite. 

Daí não vai António Costa cair... Já lá foi, quase que sem ser convidado, como se percebeu pelos irritantes  jeans.

Uma imagem vale mais que mil palavras

 

António Costa lá se reuniu ontem à noite, em Davos, com o presidente angolano, João Lourenço. No fim, em declarações à imprensa, disse - como também  o Presidente Marcelo, mesmo sem lá estar e antes desse encontro, havia dito - que as relações entre Portugal e Angola são excelentes, do melhor que há. E que isso mesmo ficara provado na forma calorosa como o presidente angolano tinha recebido a delegação portuguesa.

Está tudo bem, garante o primeiro-ministro. Para ele há apenas uma questão jurídica, que passa completamente ao lado das autoridades políticas dos dois países. E que impede visitas oficiais aos dois países, mas só isso. Não tem importância nenhuma...

De João Lourenço, nem uma palavra. E quando nem uma palavra é acrescentada às últimas que foram ditas, só essas ficam... Como as fotografias!

É bem capaz de ter razão quem garante que uma imagem vale mais que mil palavras...

 

Surpresa

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Arranca hoje o julgamento da Operação Fizz, que envolve o ex-vice presidente angolano e "ex-patrão" da Sonagol, Manuel Vicente. Que está provocar um terramoto nas relações entre Portugal e Angola e, por causa disso, um forte mau estar entre o poder político e o judicial em Portugal.

As razões que assistem às partes são conhecidas. O poder político em Portugal quer naturalmente evitar clivagens com o poder político em Angola, porque são muitos e fortes os interesses económicos envolvidos. Angola argumenta com o acordo judiciário assinado entre os dois Estados no âmbito da CPLP, e a Justiça Portuguesa com a desconfiança na Justiça angolana: teme que, com a trasferência do processo de Manuel Vicente para Angola, se não faça justiça.

Trata-se de um processo de corrupção envolvendo um cidadão estrangeiro, por acaso figura de topo do regime do seu país. E vem-me à memória outro caso de corrupção envolvendo cidadãos nacionais, por acaso também do topo do regime, e estrangeiros. Teve a ver com umas compras de uns submarinos. No estrangeiro foram identificados, julgados e condenados os corruptores. Em Portugal, a Justiça portuguesa não encontrou corrompidos. Arquivou tudo. Como arquivou tudo o que tinha a ver com umas fraudes com uns fundos comunitários, provadas e reclamadas pela União Europeia, que também tinham a ver com figuras gradas do regime.

Há aqui certamente alguns problemas de legitimidade. Mas há, acima de tudo, surpresa. E grande!

Surpreende que a Justiça Portuguesa não desconfie de si própria...

 

Dia de Angola

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Hoje é dia de eleições em Angola. Só por isso já seria um dia histórico, não há eleições em Angola todos os anos. Nem todas as décadas... É mesmo coisa rara.

Aconteça o que acontecer nas eleições e nos seus resultados, hoje é um dia de mudança. Mesmo que, como tudo indica, ganhe o candidato do regime, o poder continue nas mãos do MPLA, e Eduardo dos Santos continue com os cordelinhos do poder, hoje muita coisa mudará.

Mesmo que escolhido pelo presidente que há quase 40 anos - a História tem destas ironias: um jovem que chegou ao poder como solução transitória, até que as grandes figuras do MPLA se entendessem na sucessão de Agostinho Neto, acaba por se tornar no mais estruturado e mais duradouro caso de poder - João Lourenço não é Eduardo dos Santos. E tem ao lado - há até quem diga à frente - uma mulher que é simplesmente uma das mais bem preparadas personalidades angolanas. A experiência política, diplomática e e executiva de Ana Lourenço fazem dela muito mais que a primeira dama que Angola nunca teve. E podem fazer dela um verdadeiro agente de mudança, que vá muito para além do simples  mudar, para que tudo fique na mesma.

A crise que se agravou nos últimos três anos, depois da queda dos preços do petróleo, deixou a economia e as finanças angolanas, e em particular  o sistema financeiro, em muito mau estado. É muito provável que o país tenha de recorrer a ajuda internacional, através do FMI, e sabe-se o que esse tipo de intervenções traz agarrado.

Não será nesta altura muito provável que os angolanos suportem os sacrifícios que lhes vão ser exigidos se não perceberem que o regime esteja a mudar. E isso será tão mais improvável quanto mais apertada for a vitória do candidato do MPLA... Num quadro de eleições livres e justas, como evidentemente se deseja. De outra forma, as dificuldades serão ainda maiores.

Por isso, hoje é um dia histórico para Angola.

O estado da cor

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A conhecida deputada socialista, Isabel Moreira, filha de Adriano Moreira, curiosamente antigo ministro do Ultramar de Salazar - que não impediu um estatuto ímpar de respeito e admiração, e de ser hoje a mais lúcida das vozes que o país ouve - protaganizou ontem na Assembleia da República uma firme intervenção sobre o regime de poder em Angola, que honrou o país e dignificou o Parlamento, mesmo deixando a nu os interesses dominantes.

O pretexto foi homenagear a coragem e a heróica determinação de Luaty Beirão, presente nas galerias, e a intervenção foi verdadeiramente notável. No fim, o discurso foi apaludido de pé pelo grupo parlamentar do Bloco, por cerca de metade dos deputados do seu partido, e por duas deputadas do PSD (consta que outras duas, do CDS, aplaudiram mas não se levantaram). Todos os outros, a imensa maioria constituída por metade da bancada solcialista, por praticamente todos os deputados da direita, e pela totalidade da bancada comunista (verdes incluídos) ficaram do outro lado. Uns, porque o negócio não tem cor. Outros, porque a cor é o negócio. Mesmo que em mau estado...

 

Bonito. Apetece aplaudir...

 

A Assembleia da República deu ontem mais um espectáculo ao país. Em causa estava o protesto pela absurda sentença da Justiça de Angola que condenou a pesadas penas de prisão os 17 jóvens angolanos. 

O PS apresentou um voto de condenação. O Bloco, outro.

O CDS votou contra, provavelmente porque Paulo Portas está agora virado para os negócios. Que, como já se viu, passam por lá, por Angola. PSD também, porque agora vota contra tudo. E o PCP também, porque continua a não perceber que o mundo mudou. Continua convencido que o MPLA ainda é dos seus, que Moscovo ainda é Moscovo e que Putin é o sucessor de Brejnev. 

Como se não bastasse este caldo que chumbou o voto de condenação do PS, o próprio PS viria ainda a abster-se na votação do do Bloco.

Bonito. Apetece aplaudir... 

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