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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

"À política o que é da política, e à justiça o que é da justiça"

O país esperou, e ouviu António Costa ... apresentar a sua defesa.

Foi isso, António Costa defendeu-se, ponto por ponto, de tudo aquilo que até hoje é conhecido da "operação influencer". "À política o que é da política, e à justiça o que é da justiça" é apenas um slogan. Mais isso também já se sabia!

A bomba

António Costa em Belém para falar com Marcelo

Há já algumas semanas recebi a informação que estava em curso uma operação de investigação a membros do governo e ao próprio primeiro-ministro. Foi-me apresentada como uma bomba que estaria prestes a rebentar. E não era para menos. 

A minha "fonte" era, para mim, de credibilidade máxima. O facto dessa informação permanecer durante semanas fora do circuito mediático, e mesmo do "boateiro", acrescentava-lhe, do meu ponto de vista, ainda mais credibilidade.

Por isso, as notícias das buscas e das detenções de hoje não me apanharam de surpresa. A surpresa foi que esta era a velha investigação do processo do lítio e do hidrogénio de Sines, que já vinha de 2019 e que tinha João Galamba, entretanto já constituído arguido, como figura principal. E que tinha sido há cerca de dois anos objecto de fugas de informação que, se tinham por fim atrasá-lo ou "meter alguma areia na engrenagem", foram bem sucedidas.

O primeiro-ministro, António Costa, que vai ser investigado, num processo autónomo, pelo Supremo Tribunal de Justiça, surge por envolvido por três vias: em primeiro lugar porque é o seu próprio gabinete a ser objecto de buscas, o que é inédito na democracia portuguesa; em segundo porque entre os detidos constam o seu chefe de gabinete, e o seu amigo, e provavelmente o mais influente do seu mais mais próximo círculo pessoal, Diogo Lacerda Lopes; em terceiro lugar porque o seu nome é evocado no processo como pessoalmente "desbloqueador" de actos alegadamente criminosos.

Se criminalmente isto é ainda, e apenas o início, do que será certamente um processo longo, como todos os desta natureza, politicamente não. E só não será o imediato fim político de António Costa porque se lhe reconhece uma resiliência absolutamente ímpar na política portuguesa. Circunstância que, desta vez, não lhe deve ir valer de muito porque, no centro de tudo isto, está João Galamba, a espinha que ele próprio encravou na garganta de Marcelo. Em que ainda há dias voltou a remexer, ao ecolhê-lo para encerrar o debate parlamentar do Orçamento.

Para já, hoje já foi chamado duas vezes a Belém. Diz-se que vai prestar esclarecimentos daqui a cerca de uma hora. Nessa intervenção se verá se está apenas ferido. Ou se mortalmente atingido!

O veto de Marcelo e as ponderações de Costa

Marcelo veta decreto de privatização da TAP, Presidente quer mais  "transparência" - Expresso

O Presidente Marcelo vetou e devolveu ao Parlamento o diploma da privatização da TAP. António Costa respondeu que tomou boa nota das preocupações do Presidente, que serão ponderadas.

Tem sido assim muitas vezes. Marcelo tem vetado muita coisa; e António Costa tem sempre registado. Na maioria das vezes muda qualquer coisa para que tudo fique na mesma. Raramente não muda nada para que tudo fique na mesma. No primeiro caso - frequente -, Marcelo fica satisfeito. No segundo - raro - fica furioso.

Tudo indica que volte a ser assim, mesmo quando parecia que, desta vez, não poderia ser assim.

O que António Costa quer deste diploma é que tudo fique em aberto para tudo negociar no processo de privatização. Quer, por isso, que as regras sejam estabelecidas no caderno de encargos. O que o primeiro-ministro quer é que as regras para a privatização sejam as que vierem a ser negociadas. Ao referir-se à transparência, Marcelo quer dizer que as regras devem ser estabelecidas à partida, para que sejam iguais para todos.

Estas duas posições, mais que inconciliáveis, são antagónicas. Nessa medida não seria possível a António Costa mudar qualquer coisa para tudo ficar na mesma. Mas como Marcelo resolveu não ser claro, e transformar a questão fundamental da transparência em apenas uma de três - "pedindo clarificação sobre a intervenção do Estado, a alienação ou aquisição de activos e a transparência da operação" - lá volta a ser possível o que parecia impossível.

Outra vez!

 

As voltas que o défice dá

Quanto dinheiro tem o Governo de António Costa para gastar?

O "Expresso" publica hoje um estudo de opinião sobre as  preocupações dos portugueses à volta dos principais temas do Orçamento - que será apresentado na próxima semana - cheio de pormenores interessantes que porventura nos andavam a escapar. 

Não surpreende que, à pergunta central, a maioria dos portugueses (dois terços) responda que deseja a descida dos impostos. A partir daí, e quando na equação são introduzidas as variáveis "défice orçamental" e "funções sociais do Estado", tudo surpreende. 

Surpreende que apenas uma escassa minoria (7%) "caia" na utopia de desejar que os impostos e o défice baixem e as prestações sociais subam. Pela "vox populi" característica do país, que vemos reproduzida na maioria dos "foruns" que "dão voz ao povo", seríamos levados a concluir que grande parte dos portugueses quer mesmo é "sol na eira, e chuva no nabal". Afinal, não. Têm (93%) perfeita noção que baixar impostos implica baixar despesa, ou aumentar dívida.

Surpreende que, 74%, já não queira impostos mais baixos se isso implicar cortar na mesma medida nas despesas com saúde, educação e prestações sociais. 

E surpreende que 62% não queira menos impostos, nem mais prestações sociais, à custa do aumento do défice.

Por tudo isto ser surpreendente não surpreende que António Costa ande tão tranquilo como, apesar de tudo, vai mostrando. E confirmou na enfadonha noite de televisão que a TVI/CNNP lhe ofereceu no início da semana.

Repare-se como, num dos períodos de maior degradação dos serviços públicos, em que a perda de qualidade é transversal a todos serviços prestados pelo Estado; em simultâneo com um dos de maior carga fiscal de sempre, os portugueses dão prioridade ao controlo do défice orçamental. 

Imagine-se, por isso, como ficam quando ouvem falar de excedente orçamental, ano após ano!

Há vinte anos ninguém queria saber do défice para coisa nenhuma. Há 10 sentiu-se na pele. Hoje chamam-lhe "contas certas", e é o "anjo da guarda" de António Costa. E o diabo para toda a oposição. À direita, e à esquerda! 

Pedras no sapato

Jornada Mundial da Juventude | Jornada Mundial da Juventude | Notícias |  RTP Notícias

Os que por aqui me acompanham mais de perto conhecem a "série" "gostava de ter escrito isto". Nos últimos tempos não tem sido muito frequente, provavelmente porque infelizmente não tenho lido assim tanta coisa que "gostasse de ter escrito".

"Gostava de ter escrito isto", mas nunca o conseguiria escrever com a subtileza, o humor e o talento do Manuel Cardoso. Mas a verdade é que gostava também de escrever qualquer coisa sobre isto. 

Sabemos todos que esta JMJ de Lisboa 2023 começou por dividir a sociedade portuguesa. É certo que uma certa divisão seria praticamente inevitável logo à partida. Pelo que a Igreja Católica divide, mas mais ainda pelo dividiu com os crimes dos abusos sexuais na ordem do dia. O envolvimento "político", os dinheiros públicos, o secretismo e a falta de transparência, o improviso, as obras de última hora fizeram o resto, polarizando a polémica que culminou na célebre questão do altar.

Tudo isto arrastou o poder político para um processo justificativo profano, sobrando-lhe em contradição o que lhe faltava em dignidade. Tudo justificavam com razões economicistas sustentadas em estudos e certezas que eram, esses sim, questões de fé. À revelia da fé!  

Para Moedas era fazer de Lisboa o “centro do mundo”. Para António Costa era a “projecção internacional do país”, essa obsessão nacional. O retorno económico em turismo seria uma coisa nunca vista. Era um investimento de futuro. E a requalificação daquela zona de Lisboa teria um impacto só comparável com a Expo-98.

Não faziam a coisa por menos. E, se já havia motivos de divisão, somavam-lhe mais outro. Agora dividiam os portugueses entre os que lhes validavam as pantominices e os que sabiam que não passavam disso. E dividiam mesmo muitos que a JMJ não tinha antes dividido.

O que podemos dizer hoje, no fim de tudo e de uma semana memorável para o país, é que, como dizia o Diácono Remédios, não havia nexexidade!

A Jornada tinha méritos suficientes para convencer os portugueses. E como podem eles ter uma visão para a cidade, e para o país, se nem sequer tiveram visão para o perceber?

O país encheu-se de rapazes e raparigas. Alegres, educados, e felizes que deixaram um rasto de festa, alegria e simpatia por onde passaram. Ficaram, como se sabia, em escolas, em famílias de acolhimento, ou quartos baratos. Não em hotéis. Não encheram restaurantes, consumiram fast-food. 

Então porquê, e para quê, vender pantominices quando era tão simples - e genuíno, verdadeiro e apropriado - vender o banho de festa e de alegria que eles traziam nas mochilas? 

O país correu a receber um Papa que é um exemplo de humildade, simplicidade e saber. Um Papa mensageiro de inclusão, de justiça, de inconformismo e de amor à vida:  

- "Não sejam administradores de medos, mas empreendedores de sonhos."

 - “Sujem as mãos no combate à pobreza dos outros, da qual não devemos ter nojo”.

  Um Papa que não é preciso ser-se católico, nem sequer crente, para admirar. Um Papa de todos, mas que, nas suas próprias palavras, é "pedra no sapato" de alguns. 

Foi este Papa, estas largas centenas de milhares de jovens dos quatro cantos do mundo, e uma multidão enorme de pessoas de boa vontade - entre as quais a Albina, a mais entusiástica e entusiasmante das que conheci, a quem o destino, numa crueldade sem limites, se encarregou de lhe alterar a viagem de ontem, trocando-lhe o Parque Tejo pela sua última morada - que transformaram esta JMJ num acontecimento não absolutamente - nada nunca o é - mas largamente consensual. 

Agora acabou. Quem cá veio desfrutou, viveu e vai embora. O país voltará a olhar-se a si próprio, a encontrar-se com os mesmos problemas, bem longe da propaganda de António Costa. A cidade acordará como antes, e não como a que Carlos Moedas quis vender. Até esta Igreja, que aqui se tentou mostrar pátria da fé católica, seguirá igual. Como se percebeu ainda na presença do próprio Papa.  

À espera que o ar fresco que sopra do Papa Francisco, e o brilho que dele brilha, se vão com ele, quando ele se for... E a pedra lhes sair do sapato!

 

Má consciência vs casos e casinhos

Costa esteve em Budapeste a convite da UEFA e ao lado de Orbán - Política -  RTP Madeira - RTP

Não há volta a dar - nem os casos e casinhos largam este governo, nem o governo os quer largar. Desta vez é o próprio primeiro-ministro, o mais improvável do mais provável, a prová-lo. 

O que é que terá levado António Costa, em trânsito para Chisinau, capital da Moldova, para uma Cimeira da Comunidade Política Europeia, num Falcon, da Força Aérea Portuguesa, a fazer escala em Budapeste para assistir a um jogo de futebol, ao lado Orban?

Funções de Estado, não foram, isso está fora do campo de hipóteses. Não é credível que tenha sido a sua paixão pelo futebol, e o abraço a Mourinho, que o Presidente Marcelo (desta vez tão compreensivo e benevolente ) dá como justificação, nunca o poderia ser. 

Já hoje, como sempre depois do assunto ter migrado para mais um caso, António Costa veio dizer que simplesmente respondeu a um convite do Presidente da UEFA. Que, ou não fez a nenhum dos primeiros-ministros dos países das equipas envolvidas (Roma e Sevilha); ou, se o fez, ambos declinaram. Entre as duas, venha o diabo e escolha a menos abonatória. 

E o que é que o terá levado a pensar que o poderia esconder, sem que ninguém o viesse a saber?

Aqui, a resposta é fácil: má consciência. Com razões de sobra!

Na verdade, António Costa vai acumulando ainda mais actos e omissões de má consciência do que mesmo casos e casinhos!

 

 

 

A marioneta

Marcelo Rebelo de Sousa junta-se a António Costa no Jamor

Não nutro qualquer simpatia, antes pelo contrário, pela personagem João Galamba. É coisa que já vem de longe, dos tempos malditos de Sócrates, de quem, a par do actual Presidente da Assembleia da República, e do eurodeputado Pedro Silva Pereira, foi um dos principais escudeiros e, para mim, todos para sempre cúmplices. 

Desses tempos guardei uma imagem de arrogância, de manipulação, e de desfaçatez. Neste tempo actual sugere-me pena. Dó. Que não é lisonjeiro. 

Sobreviveu à primeira imagem, não sobreviverá a esta segunda.

Foram as mesmas arrogância, manipulação, e desfaçatez que o enfiaram no buraco onde está metido. São no entanto outros traços de carácter que não lhe permitem de lá sair, acabando na triste e penosa figura de marioneta no jogo de sombras que Marcelo e Costa resolveram disputar.

Marcelo decidiu desde cedo iniciar o "jogo" a brincar com o cutelo da dissolução. A folhas tantas trocou a dissolução pela remodelação. E surge João Galamba, que Costa lhe dava de barato, mas que não lhe bastava. Era demais, Costa "não se ficou" e fez de Galamba ... marioneta. Aceitou, provavelmente por excesso de vaidade e escassez de dignidade e lucidez, e hoje dá pena. Mete dó!

Prestou-se a tudo. Até a ser exibido nas comemorações do 10 de Junho onde a marioneta se fez de bombo da festa. 

Sairá inevitavelmente na inevitável remodelação que, em vez de solução para o problema da governação, e do país, é apenas mais uma parte do jogo em que Costa e Marcelo continuam entretidos. Sem honra nem glória. Nem sequer compaixão. Como "ramo morto" caído da árvore e desaparecido no meio dos despojos.

 

 

 

 

 

Sinais trocados

António Costa pede a mulher que não responda a manifestantes e chama  "racista" a professor

Claro que os cartazes exibidos por professores na Régua, no espaço das comemorações do 10 de Junho, não têm natureza racista. São de mau gosto, porventura impróprios (pelo carácter ofensivo) e inapropriados (pela mensagem de quem deveria ter por missão educar), mas nunca de teor racista. E não são sequer novos, já foram utilizados noutras circunstâncias, em manifestações mais, ou menos, apropriadas à chamada "luta" dos professores.

António Costa sabe-o bem, mas quis atacá-los pelo lado do racismo. Não o fez por acaso. Raramente o faz. Fê-lo para isolar o mais inorgânico, controverso e mediático dos sindicatos. Fê-lo para lhe colocar o rótulo de extrema direita de que faz seguro de vida.

Com isso trocou os sinais, pregou até mais um prego na desvalorização do racismo, e perdeu uma boa oportunidade para, se não fazer de André Pestana um "ramo morto", pelo menos aproveitar a falta de paciência dos portugueses para ele e para os seus fiéis seguidores.

É inacreditável, mas é assim...

 Marcelo desvaloriza ″problema de comunicação″ com Governo da Madeira

Se, há dois dias, o primeiro-ministro, António Costa, surpreendeu, hoje, na resposta, o Presidente Marcelo, não!

Fez, e disse, tudo o que, dois dias depois, se esperava que dissesse. No fim, tudo baralhado e resumido, disse que, pela sua parte, irá fazer tudo o que puder para fazer o que, em vão - e irresponsavelmente, há que dizê-lo - anda a ameaçar há muito. E que espera que a CPI à TAP faça o resto.

Se António Costa o tinha empurrado para a dissolução do Parlamento - se é para dissolver, o melhor é que seja já -, a resposta de Marcelo - embaraçada, evidentemente, porque foi apanhado no bluf - é que não. Não é já, é quando eu quiser, e puder!

Se António Costa foi "jogador político", Marcelo, como não se podia deixar de esperar, não foi menos. De jogadores de política está o país bem servido. De políticos é que não!

Da mesma forma que, no fim da sua comunicação ao país de terça-feira, António Costa deixou "o dito" mostra, hoje, Marcelo não deixou menos à vista. A habilidade política do presidente acabou por ser a "exoneração", de facto, do ministro João Galamba. Que não lhe tinha servido, que não tinha considerado suficiente - e bem -, na terça-feira.

 A "jogada" de Marcelo foi "demitir" o ministro que, na "jogada" anterior, António Costa se "recusara" demitir. E "ganharam" ambos: Costa porque porque o obrigou a meter a fanfarronice da remodelação no bolso; e Marcelo porque "demitiu" - João Galamba não é mais ministro, será, no limite, um "zombie" no governo por mais uns dias - o ministro que queria que fosse demitido. Pelo meio, um falou de dever e consciência; o outro de responsabilidade, e de credibilidade.

É inacreditável, mas é assim a política em Portugal. Que, por isso, é assim. E não passa disso!

 

"Obviamente demito-o"

Costa segura Galamba e faz xeque a Marcelo: "Cabe-me a mim decidir" -  Expresso

"Obviamente demito-o" - a frase com que Humberto Delgado prometia demitir Salazar se ganhasse as presidenciais de 1958, é uma das mais célebres da política portuguesa.

Obviamente demito-o - era a frase que toda a gente esperava ter ouvido hoje a António Costa, relativamente ao ministro João Galamba. Toda a gente, e mais ainda, depois das suas declarações de ontem, à chegada a Lisboa, e à saída do aeroporto.

Durante toda a manhã ambos - e não só - discutiram o assunto. João Galamba saiu de S. Bento, a meio da manhã, sem gravata, indumentária que lhe "sustentava" a posição de ministro. Tendo entrado com gravata, e saindo sem ela, "a leitura" era  que João Galamba ... já era...

Ao início da noite João Galamba apresentou o pedido de demissão. Estranhou-se que fosse tão tarde. Só uma agenda o poderia ter determinado e, essa, teria que ser a da reunião de Belém, ao fim da tarde.

Surpreendentemente, poucos minutos depois, o primeiro-ministro anuncia ao país que não tinha aceitado o pedido de demissão do ministro das infra-estruturas. Estava ainda a comunicar ao país a sua surpreendente decisão quando a Presidência da República emitia um comunicado, informando que discordava dela. 

Obviamente demito-o - é o que o Presidente diz nas entrelinhas do comunicado. Obviamente, António Costa não lhe deixa alternativa.

António Costa, como qualquer observador minimamente atento, sabia que Marcelo exigia que esta oportunidade fosse aproveitada para uma remodelação do governo. Que não se contentaria com a simples substituição de Galamba que, já o tinha dito, não poderia continuar no executivo. O primeiro-ministro, mesmo que quisesse - e admito até que quisesse - não tem condições para a fazer. Ou, pelo menos, para fazer uma remodelação credível e verdadeiramente renovadora. E por isso levou a Belém apenas "a cabeça" de Galamba, retirando-a logo que pôde confirmar que, para Marcelo, não chegava.

Quem ouviu a comunicação de António Costa, sem mais dados, terá ficado surpreendido pela atitude política. Via-lhe coragem. Desafiava o Presidente da República, perante o permanente cenário de dissolução que vinha alimentando. Se é para dissolver, então dissolva agora, e não quando mais lhe der jeito. Por outro lado, deixava uma mensagem exactamente contrária àquela que tem sido dada - a do passa culpas. A da culpa passar sempre para segundas figuras, deixando cair toda a gente para salvar a pele que mais importe salvar, sem sombra de solidariedade. Costa assumia toda a responsabilidade, e todo o risco. Entre "a espada e a parede", António Costa enfrentou a espada.

Isto, em política, rende!

Na realidade, Costa não surpreendeu. Não foi corajoso, não teve sentido de Estado. Foi, tão só, político. E, para isso, habilidade não lhe falta. O Galamba que, "corajosamente" e obrigado pelo "dever de consciência", segurou lá bem alto, é o mesmo da cabeça que ele levara a Belém. Por isso, e só por isso, o Galamba demitido a meio da manhã, acabou a pedir a demissão ao fim da tarde. 

A batata quente está agora a queimar as mãos do Presidente Marcelo. Só que, antes das dele, estão as de todo um país. Escaldadas!

 

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