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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Manual de política*

 

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 O folhetim da breve passagem de António Domingues pela Caixa Geral de Depósitos é todo ele um manual da forma de fazer política em Portugal.

Pela primeira vez um governo quis nomear uma administração profissional para a Caixa, à margem do comissariado político. Para aceitar o convite, o gestor escolhido impôs condições que chocavam com o quadro legal vigente. O governo fez tudo para satisfazer essas exigências, incluindo uma lei à medida, preparada pelos próprios advogados do dito gestor.

A lei, face aos objectivos que perseguia, foi mal feita e não resultou. Não conseguiu, nem podia, isentar os gestores da apresentação ao Tribunal Constitucional das declarações de património e rendimentos.

O gestor não gostou, e o governo não clarificou. O gestor demitiu-se e o governo nomeou novo gestor, por acaso, mas certamente que não, um ex-ministro do governo anterior. O assunto devia ter ficado aqui resolvido.

Não ficou. O gestor demissionário não se calou e disse que lhe tinha sido prometida a dispensa das tais declarações. O primeiro-ministro, e o líder parlamentar do partido do governo, apressaram-se a negá-lo. O ministro das finanças, com pouco jeito para a política, ficou entalado, e não teve outra alternativa que secundá-los.

A Caixa tem finalmente uma administração a funcionar. E o país boas notícias: o mais baixo défice de sempre em democracia, desemprego a cair, crescimento económico acima de todas as previsões, e até fortes aplausos de Bruxelas. E um Presidente da República em lua de mel com o governo.

Demasiado para uma oposição à espera do diabo, apostada no quanto pior, melhor. Vai daí e atira-se ao ministro das finanças, como gato a bofes.

É verdade: mentiu. Ou omitiu, que vai dar ao mesmo.

Mas, não mentem todos os políticos - por causa dos eleitores -, como disse o deputado do CDS que agora quer processar criminalmente Mário Centeno? Não mentiu Pedro Passos Coelho a torto e a direito? Não mentiu Maria Luís Albuquerque nos Swaps? Não mentiu Paulo Portas na demissão irrevogável? Não mentiram todos na saída limpa?

Os actos medem-se, acima de tudo, pelas suas consequências. Quais as consequências de Mário Centeno ter mentido?

Zero. Nada. Nem mesmo a perda do belíssimo emprego de António Domingues…

Quais as consequências dos swaps? Quanto custam? Quais as consequências da irrevogável demissão de Portas? Quanto se pagou pelo imediato aumento dos juros? Quantos milhares de milhões foram com Banif, na saída limpa? E no atraso na própria recapitalização da Caixa, agora em curso?

Pois… Estamos entendidos. É assim a política em Portugal…

 

* Da minha crónica de hoje na Rádio Cister

Os "sms"

 

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O último capítulo deste folhetim que estamos a acompanhar chama-se SMS. Foram os "sms" trocados entre Centeno e Domingues, que António Lobo Xavier levou a Marcelo, que levaram à alteração e ao endurecimento da posição do presidente. Não tendo aparecido o tal documento assinado em que Marcelo respaldava a sua defesa do ministro das finanças, apareceram os "sms". 

E com eles mais dois bons motivos para nos envergonharmos das élites da nossa praça.

No Parlamento, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à Caixa, logo os deputados do CDS e do PSD exigiram também que lhe fossem entregues. A direita entende que a CPI, cujo objecto é apurar os erros na gestão da Caixa nos 10 anos anteriores a 2015, precisa dos "sms" trocados entre o actual ministro das finanças e o indigitado presidente da Caixa em 2016. Não interessa, disso nada se sabe, o que aconteceu aos 3 mil milhões de euros que a Caixa fez desaparecer em calotes. Não interessa aos senhores deputados quem se abotoou com o dinheiro, quem autorizou esses créditos, com que garantias... Não os preocupa que, mais uma vez, sejamos chamados a pagá-los. Interessa-lhes e preocupa-os os "sms"!

Interessa-lhes tanto que não resistiram a chamá-los para onde não eram chamados, quando podiam - e podem - pedi-los a António Domingues, mais que disponível para lhes entregar toda a documentação trocada com Mário Centeno.

Mas este espisódio dos "sms" não mostra só o que são realmente os interesses representados nas comissões parlamentares de inquérito, sejam elas quais forem. Mostram-nos também como se tratam as coisas entre as élites que mandam no regime. António Domingues já tinha deixado uma imagem pouco respeitável em todo este processo. Não é a conivência de Mário Centeno, e do primeiro-ministro, como é evidente, que altera essa imagem: exigir prerrogativas especiais e leis à medida, mesmo que contra a lei, não é a melhor carta de apresentação. Ao utilizar o seu amigo António Lobo Xavier para entregar os "sms" ao Presidente da Reública volta a portar-se mal. E a deixar também mal o seu amigo, que se permitiu prestar-se a esse papel... De resto, há muito anunciado. Ou ameaçado?

 

Último capítulo?

 

Resultado de imagem para pierre moscovici e mário centeno a rir

 

Como era bom de ver, e ontem aqui previra, o presidente Marcelo ganhou protagonismo no folhetim que há semanas domina os tops mediáticos. Não esperava que fosse tão cedo, ainda no mesmo dia, mas não havia volta a dar: depois de "picado" daquela  forma pelo verdadeiro argumentista da coisa, o presidente teria de sair a terreiro. Não podia ser de outra maneira, e lá teve Mário Centeno de se prestar àquela figura.

O diabo - que afinal existe, mesmo que não esteja de muito boas relações com Passos Coelho - é que de Bruxelas vem música, da melhor, para os ouvidos de António Costa e Centeno. O diabo parte mesmo de Bruxelas, mas vai na direcção errada: ninguém imaginaria que em tão pouco tempo as coisas ficassem viradas do avesso.

Bem podem berrar os vazios e estridentes rapazolas do CDS e do PSD. Bem podem colunistas e comentadores não falar de outra coisa. Bem pode até o presidente, "picado", fazer agora umas ameaçazitas. Enquanto Bruxelas mantiver este sentido de oportunidade Centeno pode dormir descansado. E até finalmente sonhar com o último episódio do folhetim que tanto tem excitado as élites da opinião publicada...

Mais um capítulo ou um capítulo a mais?

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Quando julgávamos que o último capítulo da novela da contratação de António Domingues para a administração da Caixa Geral de Depósitos se intitulava "mentiu/não mentiu", ou "há documentos escritos/ não há documentos escritos", eis que, para segurar audiências e aprofundar o suspense, o argumentista acaba de lhe acrescentar mais um: "O Governo manipulou a data de publicação do decreto-lei".

A forma como tem dirigido a telenovela revela o dedo apurado argumentista. Um verdadeiro mestre: quem é que acredita que só agora, no ponto mais alto do capítulo ainda em cena, Marques Mendes tivesse reparado que o D.L nº 39/2016 fora aprovado em Conselho de MInistros em 8 de Junho, promulgado pelo Presidente em 21 de Junho, e apenas publicado no Diáro da República em 28 de Julho?

É certo que o guião ajuda. E ajuda especialmente na parte em que Antóno Costa, a quem se exigia muito mais dedo para a ética política do que para a habilidade politiqueira, perdendo todas as oportunidades para a introdução de um ponto de ordem na mesa deste descalabro, abriu caminho à bola de neve, cada vez mais difícil de parar.

Já ninguém consegue dizer que este seja o último capítulo da telenovela. Não me parece, e admito até que nas cenas dos próximos capítulos surja uma personagem com mais protagonismo. Basta que lhe apresentem uma assinatura num papel...

Os erros pagam-se. E este só não sairá muito mais caro porque, mesmo com o seu exército espalhado pelas televisões e  jornais, a oposição se resume àqueles vinte minutos dominicais de Marques Mendes. E aos seus interesses políticos pessoais...

Acabem lá com a brincadeira!

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António Domingues participou nas reuniões com Bruxelas para negociação do processo de recapitalização da Caixa .Mas sem acesso a informação privilegiada. Quer dizer: o então administrador do BPI esteve em Bruxelas mas sem  saber o que lá estava a fazer!

Façam-nos um favor: deixem de brincar connosco e arrumem com isso de vez!

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