O governo encontrou no luto pelo Papa Francisco um bom pretexto para não festejar o 25 de Abril. Que, de qualquer maneira, já não festejaria. Na realidade não se lhe conhecia qualquer iniciativa, nem sequer vontade, para festejar o 25 de Abril. Porque o 25 de Novembro é que é para festejar!
O António Leitão Amaro é ministro da presidência e figura de proa da entourage de Montenegro, onde fez vida como conspirador-mor. É o tipo que, no governo e no partido, Montenegro escalou para trauliteiro de serviço. No Parlamento tem outro, mas em regime de chefe de orquestra.
Com aquela pose de "enfant terrible", que não consegue terminar uma frase sem um sorriso entre o cínico e o auto-contemplativo, presta-se a isso. Mas não sabe fazer outra coisa!
Com as sondagens de feição, a confirmarem que em Portugal o incumbente é invencível (só por duas vezes o primeiro-ministro em exercício não ganhou - Santana Lopes, em 2005 e Sócrates, em 2011, nas condições extremas que são conhecidas), e que Pedro Nuno Santos não consegue convencer ninguém, não se percebe que raio de necessidade teria Leitão Amaro para alegar que nunca viabilizaria um governo minoritário do PS, no tal critério de reciprocidade, porque os portugueses não o querem, por o PS ter derrubado o governo.
Leitão Amaro sabe bem que os mesmos estudos de opinião que lhe dizem que Montenegro vai ganhar as eleições, também lhe dizem que sabem que não foi o PS a derrubar o governo. Que sabem que foi o governo que se atirou para o chão, que foi Montenegro que mergulhou para o penálti. E também dizem que ele não é exactamente "flor que se cheire", mas que é quem lá está...
O "puto" sabe isso tudo. Não sabe é fazer de outra maneira.
Quando um grupo, um partido, uma seita ou seja lá o que for, não concebe outra posição que a do contra, teimosamente amuado nas suas limitações e obstinandamente contra tudo e contra todos, nada lhe corre bem. E tudo corre bem aos outros...
O governo chegou a acordo com o Santander, sobre os ruinosos swaps contratados pelas empresas públicas de transportes, que galopavam recursos perdidos nos tribunais de Londres (primeira derrota de Passos Coelho que, por tudo, queria ficar nos tribunais nacionais). Pagamos, custa-nos dinheiro, mas não havia volta a dar. E resolveu-se, com um desfecho bem melhor do que certamente resultaria da sentença judicial...
Com um banco a operar em Portugal com a dimensão do Santander qualquer outra saída que não a negociação era, evidentemente, absurda.
Que posição tomou imediatamente o PSD?
Dizer, através do inefável deputado Leitão Amaro, que a culpa de tudo isso era de um governo do PS. Não teve outro ponto de observação, nem ao de leve se relacionou com os factos. Que aí estão, claros e insofismáveis: três quartos (75%) dos 2,648 mil milhões de euros de perdas concentraram-se nas empresas dos Metros de Lisboa e do Porto, e os respectivos contratos estão assinados por boys do PSD. Alguns com lugar no governo de Passos, pelas mãos de Maria Luís Albuquerque, também ela com assinatura reconhecida nos contratados pela Refer, e de Marco António Costa, que também passara pela administração do Metro do Porto.