Pinto da Costa e o Porto anunciaram uma acção judicial contra Ferderico Varandas. Aposto que se ficaram por aí, pelo anúncio.
Este artigo do Eduardo Dâmaso - sim ainda há jornalistas a sério, e sérios, na Cofina - vem apenas lembrar o que toda a gente quer que se esqueça. Já lá vão 18 anos, e quando tudo voltou ao mesmo, isto não pode ficar esquecido. Varandas fez bem em levantar a pedra pesada que foi posta sobre o assunto. E, com este artigo, o que o Eduardo Dãmaso está a dizer é que Varandas bem pode esperar sentado pelo processo de Pinto da Costa. Ele e nós todos!
Para julgamento seguem Paulo Gonçalves e um funcionário judicial. Vamos esperar pelo julgamento e pela sentença. E que se faça justiça, como agora se fez na fase de instrução, que acabou por ilibar a SAD do Benfica das acusações mal amanhadas pelo procurador Valter Alves, como todos os epecialistas manifestaram logo que foi conhecida a acusação do Ministério Público. É certamente raro, se não mesmo caso único, que nem uma, em trinta acusações de crime, tenha tido pernas para andar.
Sempre aqui disse, nas múltiplas ocasiões em que abordei o tema que, enquanto benfiquista, e mesmo que não visse ponta por onde se pegasse na tentativa de estabelecer qualquer relação causa-efeito de natureza desportiva, não via com bons olhos a presença de Paulo Gonçalves, formado nas escolas do Porto de Pinto da Costa, com passagem pelo Boavista de Valentim Loureiro, na estrutura do Benfica.
Volto a reafirmá-lo, continua a fazer-me impressão. Como volto a reafirmar que, com o e-toupeira, se pretendeu branquear o velhinho apito dourado. E o novíssimo cashball que, apesar de novinho, já caiu no esquecimento.
Mas...do apito dourado, sabe-se tudo. Sabe-se o que foi, e no que deu. Porque as provas, abundantes, claras e inequívocas, não foram aceites pelo tribunal. Mas existiam, estavam e estão aí. E do cashball ainda não se sabe nada, e até parece que já se duvida da sua existência!
A notícia faz capa em dois jornais do Porto, afectos ao FCP, e o destaque que "O Jogo" lhe dá é natural.
Uma década depois, o Conselho de Justiça (CJ) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) ilibou Pinto da Costa no processo que a investigação judicial deu a conhecer por "Apito Dourado" e que a Justiça desportiva, diria agora que premonitoriamente, chamou "Apito Final".
Na altura, vai para 10 anos, a Justiça desportiva, então na Liga de Futebol Profissional, condenara Pinto da Costa com uma multa de 10 mil euros e com dois anos de suspensão. Punira o FCP com a perda de seis pontos nessa época temporada, que não tinha qualquer efeito na classificação, e com a multa de 150 mil euros. E suspendera o árbitro Augusto Duarte por seis anos, por corrupção na forma consumada.
Agora, 10 anos depois, com a Liga presidida por Pedro Proença, a Justiça desportiva, já na Federação presidida por uma das personagens envolvidas no fornecimento de deusas (ouvir aqui), anula todas as condenações. Como se obrigada aos mesmos constrangimentos técnico-formais, recorreu ao mesmíssimo argumento da ilegalidade das escutas telefónicas que a Justiça usou para arquivar o processo, e declara que o Apito Dourado acabou. Nem chegou a existir...
Está cumprida a primeira parte da missão de Fernando Gomes na FPF. As restantes já não são difíceis de adivinhar...
E quem julgava que as encenações dos e-mails se destinavam apenas ao assalto que aí vem, ficou a perceber que não. Que, conforme bem se percebia, tinham como primeiro objectivo preparar a limpeza final do apito dourado.
Confesso que depois das escutas do apito dourado, que reduziram a criatura que escrevia em jornais, e se dizia por isso jornalista, a mero escroque, não mais ouvi falar do personagem. Pensava eu que alguma vergonha e o Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas o teriam mandado para outras paragens e dedicar-se a outras lides!
Mas não, ontem reapareceu na RTP Informação. Isso: na estação pública que todos pagamos, como comentador de futebol em mais um dos inúmeros programas que o canal dedica à discussão enviesada das coisas da bola.
António Tavares Teles está de volta, pela mão da RTP e dos mesmos do costume. Reabilitado, como se nunca nada tivesse acontecido. E isso quer dizer muita coisa... E não apenas que neste país não há vergonha!
Em futebolês,passar ao lado do jogo não tem a ver nem com o sítio onde se passa. Nem com o local de realização do jogo!
Quando, com um jogo do Sporting a decorrer em Alvalade, no Alvalade XXI, eu passo na segunda circular ali junto ao Campo Grande, não estou a passar ao lado do jogo. No entanto, lá dentro, em pleno campo de jogo, há quem esteja a passar ao lado do jogo.
Fui buscar este exemplo porque não podia ir buscar outro, não fiquem já a pensar que há aqui ponta de maldade. Na realidade também passo muitas vezes na mesma segunda circular, em frente ao Estádio da Luz. Mas nunca quando lá se joga: nessas ocasiões ou estou também lá dentro ou não estou a passar por fora. É certo que acabei há pouco de ouvir a entrevista do presidente do Sporting, que me pareceu estar também a passar ao lado do jogo. Tenho de admitir que me possa ter viciado o raciocínio!
Passar ao lado do jogo é passar pelo jogo sem dar por isso. É andar lá mas a vê-los passar: colegas, adversários e bola! É alhear-se do jogo, ou simplesmente as coisas não lhe correrem de feição. Não saírem… Há dias assim, e às vezes acontece aos melhores.
Quantas vezes o Cristiano Ronaldo passa ao lado do jogo? Muitas. Diria que na selecção é quase sempre. Esperemos agora que, com tantas declarações de amor e provas de confiança do Paulo Bento, as coisas passem a melhorar. Já a partir de hoje com a Dinamarca, que bem necessário é!
Mas nem só os jogadores passam ao lado do jogo. Muita outra gente passa ao lado do jogo em muitas circunstâncias da vida. Mas aqui é mais assobiar para o lado: não tanto a alhearem-se do jogo mas a fingir que não percebem. Não porque não percebam, apenas para ver se os outros não percebem!
No passado fim-de-semana vieram a público mais umas escutas do famoso apito dourado. Pouco acrescentavam ao que já conhecíamos: o mesmo teor, o mesmo vocabulário, os mesmos objectivos, enfim, a mesma vergonha. Uma novidade: desta vez apareciam mesmo altos agentes da Justiça que, se nada de muito comprometedor revelavam directamente, ajudam a perceber muitas coisas. Podem ajudar a perceber por que é que os tribunais ilibaram o que Justiça desportiva condenou. Ou por que é alguém está em Espanha quando é procurado em casa…
À entourage portista, que passa a vida a desvalorizar os factos para salientar a decisão judicial, essa sim, impoluta, definitivamente imparcial e justa e exercida por agentes da justiça a sério, por verdadeiros juízes acima de qualquer suspeita. é que isto não convinha nada. Não gostou que estas escutas viessem a público. E reagiu mal. Muito mal, como aqui se pode ver!
A divulgação das escutas é ilegal! É pidesco! É um atentado! É terrorista!É a inquisição! É um auto de fé!
Foi com estas expressões que o Sr Rui Moreira abandonou um programa de TV: o trio de ataque da RTP!
Quer dizer, para esta gente arregimentada para branquear um longo período de batota no futebol português, não são os factos, que as escutas tornam indesmentíveis, que importam. Não, o que importa é que a sua divulgação é ilegal! Entre a ilegalidade (e a vergonha) dos factos comprovados é mais determinante a ilegalidade de os divulgar. Estranha forma de avaliar a ilegalidade! Ou de passar ao lado do jogo?
Eles querem é levar-nos a passar ao lado deste jogo sujo. Muito sujo e que lhes dá muito trabalho a branquear!