Brasil 2014 XXI - Hoje alguém deveria estar envergonhado
Por Eduardo Louro
Num relvado de areia pintada de verde, tecnologia provavelmente importada de Alvalade, França e Nigéria, a primeira vinda do tal grupo, como primeira classificada, e a segunda do grupo dominado, via Messi, pela Argentina, encontraram-se para disputar o acesso ao grupo dos oito melhores.
A primeira parte do jogo não confirmou, nem nada que se parecesse, o largo favoritismo atribuído aos franceses. A Nigéria esteve até mais vezes por cima, com mais iniciativa e mais constante no jogo, com a França mais expectante.
Claro que quando a exigência era maior percebia-se a superioridade técnico-táctica da França, mas nada que desequilibrasse o jogo. Nem que lhe permitisse aproveitar as duas oportunidades em que a equipa nigeriana não resistiu àquilo a que tenho chamado vírus africano do disparate…
Na segunda parte o tom manteve-se, mas a superioridade dos africanos acentuou-se, o que não invalidou que a primeira grande oportunidade de golo tenha pertencido aos franceses (Benzema, aos 70 minutos).
Com a entrada no último quarto de hora a França, e com Griezmann no lugar de Giraud – o que faz muito mais sentido, dá mais largura mas também mais equilíbrio à equipa – inverteu o rumo dos acontecimentos e passou a pressionar a defesa da Nigéria, que não resistiu por muito tempo. Em apenas três minutos, um defesa salva em cima da linha, Cabayé atira ao poste e, logo a seguir, num canto que se seguiu a um livre lateral, o golo. De Pogba. Faltavam 10 minutos para o fim e o tal vírus africano tomou conta da Nigéria, que acabaria por agravar o resultado com um auto – golo, já nos descontos.
Provavelmente foi por opção estratégica que a França se deixou subalternizar durante cinco dos seis quartos de hora do jogo. Provavelmente deixou a aposta na pressão alta para o fim porque foi essa a altura que escolheu para atacar o jogo. Isso, e a entrada de Griezmann, terá sido determinante mas, decisivo mesmo, foi ter mantido Matuidi durante os noventa minutos. Porque foi um jogador fundamental, porventura o melhor em campo. Mas que deveria ter sido expulso logo aos 10 minutos da segunda parte, no preciso momento em que, com uma entrada violenta que o árbitro simplesmente amarelou, atirou com Onazi, que estava a ser o seu equivalente na Nigéria, para fora do campo!
A França acabou por ganhar bem. Mas… Há sempre um mas!
O outro jogo do dia foi uma tortura. Verdadeiramente penoso. Não pelo jogo em si, mas por, com o jogo da selecção portuguesa tão presente – faz hoje precisamente quinze dias – vermos como a selecção argelina começou por anular, e até a superiorizar-se, à alemã. Com uma receita simples: linhas muito juntas e agressividade qb. Sem espaço entre linhas onde, contra Portugal, Lahm, Gotze, Ozil, Kroos, Khedira e Muller entraram como quiseram, para fazer o que muito bem lhes apeteceu, a Alemanha errava passes e perdia bolas. Que os argelinos aproveitavam muito bem. Até para criar oportunidades de golo!
Tudo isto com jogadores que jogam na Bulgária, na Croácia, nos escalões inferiores em Inglaterra ou em França. E em Portugal, na Académica. E no Sporting… Faço ideia da vergonha por que passou hoje Paulo Bento. E as suas estrelas, se é que viram o jogo…
Só nos últimos 10 minutos, já com Khedira e com Lahm regressado ao seu lado direito, e aí a fazer a diferença – ele faz a diferença em qualquer lado –, a Alemanha começou a criar verdadeiras ocasiões de golo. Que, do outro lado, Neuer evitava jogando como se de um libero se tratasse. Adivinhava-se então o golo, mas foi o final do jogo a chegar mais depressa. E depois o prolongamento, penoso, mais uma vez, para muitos jogadores…
E logo no início, sem saber muito bem como, Schurle marcou. A Argélia ainda dispôs de uma grande oportunidade para empatar. E marcou mesmo, já nos descontos, só que já depois de, um minuto antes, Ozil ter feito o segundo golo. E cumpriu-se o futebol: no fim ganha a Alemanha!
E lá está um França – Alemanha nos quartos. E não sei, não!