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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Cair de pé

Contra factos, o Benfica não teve argumentos ... Os factos são a conjugação da superlativa valia dos jogadores do Barcelona, com o fantástico modelo de jogo instalado por Johan Cruiff há dezenas de anos, e com o correr favorável das circunstâncias de jogo. 

A valia dos jogadores, grande parte deles estrelas de topo mundial que bem podem discutir a bola de ouro, e aquele sistema de jogo feito de  pressão em todas as zonas do terreno, e de posse e circulação levadas ao limite, são estruturais. Estão lá em todos os jogos, como estiveram nos anteriores dois jogos disputados na Luz. Depois há as circunstâncias de jogo, que podem muito bem limitar as estruturais.

Aconteceu no primeiro destes três jogos, naquele inacreditável jogo do 4-5, com o Benfica a aproveitar invulgares níveis de eficácia, e a galvanizar-se com isso. Perdeu, mas fez tudo para ganhar, e só não ganhou - e isto é objectivo - pela intervenção do árbitro. E voltou a acontecer no da semana passada, na primeira mão destes oitavos de final, com mais de uma hora de jogo em superioridade. O Benfica voltou a perder, mas só perdeu porque, ao contrário do primeiro jogo, não teve qualquer eficácia e, entre as enormes defesas de Szczesny, e deficiências na finalização, desperdiçou um ror de oportunidades de golo.

Hoje, com as incidências de jogo favoráveis ao Barcelona, o Benfica não teve argumentos para discutir a eliminatória. 

Entrou bem no jogo, mas cedo essas circunstâncias começaram a cair para o lado catalão. Logo aos 11 minutos, depois de sentar o regressado Florentino, Yamine Lamal - que jogador! - ao falhar o remate (a bola saltou e foi de canela) acabou por cruzar a bola para Raphinha (que jogador se fez depois de sair de Portugal!), no lado contrário, se limitar a empurrar para a baliza. Correu tudo bem!

Ainda chegou a parecer que também poderia vir a correr bem ao Benfica. Dois minutos depois empatou, na realidade na primeira oportunidade, por Otamendi (que forma incrível!) no primeiro dos inúmeros cantos a favor, cobrado por Schjelderup. Mas não, e este golo teve o condão de espevitar ainda mais os culés, a quem tudo corria bem: ganhavam todos os duelos, chegavam sempre primeiro, e todas as notas artísticas saíam bem.

O segundo golo - um monumento de Yamal - chegou antes da meia hora. E o terceiro, novamente Raphinha, foi mais um momento em que tudo correu bem: em cima do intervalo, e com o VAR a validar o golo que o árbitro tinha anulado por fora de jogo.

Também aqui, nos foras de jogo, as coisas não correram bem ao Benfica. Foram muitos, como os cantos, e por pouco. O pouco que deu para validar o golo de Raphinha, mas não deu para validar o de Aursenes, aos 50 minutos. Nem o remate ao poste de Pavlidis.

Com tudo a correr bem ao Barcelona, que chegou a dominar totalmente o jogo por largos períodos, acabou por correr bem ao Benfica não ter sofrido mais golos, e ter escapado a uma goleada que até poderia ter acontecido, e deixar mossa. 

No fim, o Benfica cai, mas cai de pé. Seria sempre muito difícil eliminar o Barcelona, uma das duas ou três mais poderosas equipas do mundo, e sério candidato a esta Champions. Mas, há uma semana, na Luz, o Benfica ficou a dever a si próprio essa possibilidade.

Oportunidade perdida

Esta noite, na Luz, sempre cheia, o Benfica perdeu uma grande oportunidade de discutir com sucesso a passagem aos quartos de final da Champions e, a partir daí, fazer algo mais que uma gracinha na maior competição de futebol de clubes do mundo.

Logo no pontapé de saída o Benfica dispôs de uma grande oportunidade de golo, como que a ameaçar repetir o jogo louco de há mês e meio. Não se ficaram por aí as oportunidades do Benfica, mas ficou-se por aí a ameaça de se repetir aquele inacreditável jogo. Repetiram-se muitas coisas, repetiu-se acima de tudo a superioridade benfiquista, mas nem se repetiu a eficácia do Benfica, nem os erros do Barcelona.

A meio da segunda parte o central Pau Cubarsí, porventura já convencido que valia tudo - o árbitro, o alemão Felix Zwayer, vinha permitindo tudo aos jogadores do Barcelona - derrubou Pavlidis, isolado, a entrar da área adversária. Foi naturalmente expulso, a equipa catalã ficou a jogar com 10, e o jogo passou a ser outro.

Passou a ser um jogo completamente dominado pelo Benfica, com o Barcelona exclusivamente à procura de segurar o empate por todas as formas. Mas também um jogo em que o Benfica foi absolutamente incompetente.

Incompetente na forma como desperdiçou inúmeras as oportunidades que criou. Incompetente em 25 dos 26 (acredito que não encontremos outro jogo em que o Barcelona tenha consentido 26 remates!) remates. Apenas o mais uma vez regressado Renato Sanches, no último remate, que Szczęsny defendeu com estilo, fugiu à incompetência geral.

Incompetente a finalizar, e grosseiramente incompetente na forma como ofereceu o golo ao Barcelona, à passagem do primeiro quarto de hora da segunda parte. O António Silva teve mais uma das suas frequentes paragens cerebrais e, sozinho, sem qualquer pressão, fez um passe para ... Raphinha. Que de incompetente não tem nada. 

E como não lhe bastasse a competência, ainda teve a sorte de a bola bater em Otamendi, e tornar impossível a defesa a Trubin. Em duas oportunidades (a primeira foi logo na resposta à primeira do Benfica, no arranque do jogo) o Barcelona fez um golo. Em oito ou nove, o Benfica não marcou nenhum!

Não foi apenas no golo que ditou a derrota que o Benfica não teve sorte. Faltou em muitos outros lances, faltou em muitas vezes que a bola não quis entrar. Mas quem é tão gritantemente incompetente não faz por merecer uma pontinha de sorte.

Não foi certamente por frustração - pela frustração que assolou os benfiquistas no fim do jogo - que os energúmenos da bancada que faz a baliza grande voltaram ao festival de pirotecnia. Aos 40 minutos da primeira parte ainda não havia frustração. 

A UEFA terá evidentemente mão pesada. E vai-nos doer, a nós. Aos energúmenos, não. Nada lhes dói, mas é pena!  

Inacreditável!

O que aconteceu nos últimos segundos desta noite a Luz pertence ao domínio do irreal. Tivemos que nos beliscar para sentir que era real, que aquilo não era um sonho.

E não foi. Aquilo aconteceu mesmo!

O Barcelona chegou à Luz de mão estendida, à espera de generosidade. E ela não lhe faltou. Não lhe faltou a generosidade de alguns jogadores do Benfica, especialmente de Trubin. Nem lhe faltou a da arbitragem. 

O Benfica entrou para fazer um grande jogo, a única forma de ganhar ao Barcelona. Também a única de manter vivas as aspirações a seguir em frente nesta Champions, depois de todos os oitos e oitentas

Marcou logo aos dois minutos, num grande lance de futebol, quando Tomás Araújo descobriu Alvaro Carreras nas costas de Koundé, no flanco contrário, para o lateral espanhol cruzar de primeira, e Pavlidis marcar, também de primeira. Logo a seguir, em mais um excelente lance com a marca da superioridade do Benfica, Aursenes falhou incrivelmente o segundo, com a baliza de Szczęsny à mercê.

Estava o jogo neste pé, com o Benfica a mandar no jogo como queria, quando o VAR detecta um penálti que passara despercebido ao árbitro. Tinha marcado canto, considerando que o Tomás Araújo tinha cortado a bola pela linha final. Não tinha, chegou atrasado e pisou mesmo pé de Baldé, o lateral esquerdo, e o minuto 13 foi mesmo de azar. E Lewandowsky empatou!

O Benfica não sentiu o golo, e continuou, como nada se tivesse passado. E na verdade o Barcelona também. Quando, 10 minutos depois, também Szczęsny quis ser generoso, e Pavlidis marcou o segundo golo, tudo parecia natural. O Benfica estava melhor no jogo, e fazia sentido estar a ganhar. E nem o 3-1, antes da meia hora de jogo, do hat-trick de Pavlidis (parecia o frasco do ketchup), no penálti com que  Szczęsny derrubou Akturkoglu que, desmarcado por Aursenes, lhe picara a bola por cima, pareceu outra coisa que não o rumo natural do resultado, lado a lado como o do jogo.

Ao intervalo o que ficava era um jogo controlado pelo Benfica. O Barcelona tinha marcado um golo num penálti caído do céu, e Trubin tinha feito uma defesa, e negado a Gavi o golo na única oportunidade criada. 

Na segunda parte o jogo manteve-se nas bases que trazia da primeira parte, com o Barcelona com muita bola e o Benfica a controlar e tapa os espaços, com autoridade e solidez. Era o Benfica dos oitenta desta Champions, e aos 10 minutos Aursenes volta a falhar o cheque-mate. Isolado frente ao guarda-redes polaco do Barcelona, embrulhou-se (nas ideias) com a bola e desperdiçou o quarto golo.

Estava o jogo nisto, e a segunda parte a meio, quando a generosidade de Trubin lhe deu a volta. Do nada, sabe-se lá como e porquê, ao repor a bola em jogo o guarda-redes do Benfica atira-a contra a cabeça de Raphinha. Depois ficou a contemplar o seu percurso até dentro da baliza. 

De repente o Barcelona voltava ao jogo. Só que logo a seguir, quatro minutos depois, em mais uma cavalgada de Schjelderup, Araújo esticou-se para interceptar o cruzamento para Pavlidis, e desviou para a própria baliza a bola que, certamente, Szczęsny iria recolher. O quarto golo repunha a diferença em dois golos, e pagava, sem apagar, a generosidade de Trubin.

O jogo caminhava para o quarto de hora final, e o Barcelona apertava. Os jogadores do Benfica já acusavam o desgaste físico, e as substituições de Hansi Flick - de incidência táctica - resultavam melhor que as de Bruno Lage, que trocava os que não podiam mais. 

Chega então a generosidade de um senhor holandês, já conhecido da época passada do jogo com o Inter, que se chama Danny Makkelie. Aos 78 minutos arranjou um novo penálti para Lewandowski marcar, só porque Carreras passou com a mão pelo braço de Yamal. Imprudência de Carreras, sim. Não no gesto em si mesmo, mas em fazê-lo com este árbitro. 

Então sim, o Benfica sentiu o golo. E a injustiça. O cansaço dos jogadores retirava-lhes a concentração e os erros começaram a pesar. Na defesa, mas também na saída de bola. Os jogadores do Barcelona sentiram pela primeira vez que poderiam não perder este jogo, e acabaram por empatar, na marcação rápida de um canto, já  com os 90 minutos à porta. A chuva caía impiedosa no relvado, com a mesma impiedade com que o empate caíra sobre os 64 mil benfiquistas nas bancadas da Luz.

Ao minuto 90 Di Maria - que entrara para o lugar de Schjelderup -, isolado, teve nos pés o golo da vitória. Daqueles que não falha, mas Szczęsny defendeu. Também conta: Szczęsny compensou a sua generosidade com duas grandes defesas, que valeram dois golos. Trubin não teve essa oportunidade.

Quatro minutos de tempo de compensação. A esgotarem-se quando Carreras - que grande jogo! - foi ceifado a meio do meio campo. Livre cobrado por Di Maria, e toda a gente para a área do Barcelona. Natural, o tempo de compensação estava esgotado, e não tinha havido qualquer interrupção que motivasse o seu alargamento. O apito final surgiria na conclusão desse lance.

A bola sai do pé de Di Maria, chega à esquerda, e é de novo cruzada para o centro da pequena área, onde surge Barreiro, primeiro empurrado pelas costas e depois, já no chão, imobilizado por um defesa adversário. Penálti - grita-se. E gritam e gesticulam os jogadores do Benfica, enquanto a bola sobra para Lewandowski, na meia lua, que a atira para a frente, na direcção de Raphinha. Sozinho, com tempo para correr o campo todo e marcar o quinto do Barcelona. 

O VAR vai intervir - pensou-se. Vai mostrar ao Sr Danny Makkelie que penálti é aquilo que fizeram ao Barreiro, e não o que Carreras fizera a Yamal. Vai anular o golo, e se o Benfica concretizar o penálti - e já lá estava Di Maria - vai escrever-se direito o resultado deste jogo.

Não. Nada disso. Na UEFA não se tira uma vitória ao Barcelona. Na verdade só isso é que não é inacreditável!

 

 

Nem nas alegrias podemos sorrir

Antes da bola começar a rolar para este último e decisivo jogo da fase de grupos da Champions, na Luz, com o Dínamo de Kiev, último classificado com apenas um ponto - o tal do empate na Ucrânia, na primeira jornada - as sensações não podiam ser as melhores. Desde logo porque o treinador, acossado como está, e apenas a pensar na sua pele, tinha dado por cumprido os objectivos para esta competição - ter chegado à fase de grupos era tudo o que a sua ambição permitia. Mas também por vermos André Almeida a constituir o trio de centrais, depois do que tinha sido o seu desempenho na passada sexta-feira, no dérbi.

O início do jogo abriria no entanto outras perspectivas. e ameaçava fazer esquecer esses maus sentimentos. Logo aos 30 segundos Yaremchuk surgiu isolado na cara do guarda-redes ucraniano, que conseguiu a defesa mas deixou a bola à mercê de Rafa. Que chutou para a bancada, numa perdida que só não poderemos chamar de escandalosa porque, 7 minutos depois, Tsygankovo, com Lucescu incrédulo, fez igual em condições bem mais favoráveis - sozinho, a três metros da baliza deserta. E Rafa ficou perdoado.

E bem perdoado, pelo que viria a fazer ao longo de toda a primeira. Ele e João Mário, mas também o resto da equipa, que conseguiu uma exibição competente, com bocados de futebol agradável e com o jogo controlado. O primeiro golo surgiu aos 16 minutos, com Yaremchuk a concluir uma boa jogada colectiva, com muito Rafa e  ainda mais João Mário pelo meio. E na assistência. O segundo tardou apenas seis minutos, depois de um recuperação de bola pelo João Mário, aliviada depois por um defesa ucraniano ... para Gilberto, que ainda não tinha recuperado e estava para lá da linha defensiva adversária, para marcar um golo que nem era nada fácil de fazer.

Também em Munique as coisas iam correndo de feição, e o Bayern chegava igualmente ao 2-0 sobre o Barcelona, e as portas do apuramento para os oitavos de final estavam escancaradas. Tudo perfeito - o Benfica jogava bem, fazia a sua parte. E o  Bayern fazia o que era esperado que fizesse - ganhar a este Barcelona que só ganhara ao Dínamo de Kiev.

Só que havia a segunda parte para jogar. E aí voltamos ao Benfica de Jorge Jesus. É pena, mas a verdade é que a segunda parte deu ao jogo o verdadeiro espelho do Benfica que temos. E que continuamos a ter: uma equipa que não consegue jogar um jogo inteiro, e que é capaz do melhor e do pior num só jogo. 

O Dínamo de Kiev dominou por completo durante toda a segunda parte, infligindo mais um banho de bola ao Benfica. Ainda agora está por perceber como não marcou um golo, que teria inevitavelmente mudado tudo.  Voltou a valer-nos Vlachodimos!

É certo que a arbitragem alemã foi ainda pior que o jogo do Benfica, com dois penáltis por assinalar. É verdadeiramente escandaloso que nem o VAR tenha assinalado a mão dentro da área a cortar um cruzamento de Rafa. Naquela altura, o terceiro golo poderia ter mudado o rumo do jogo. Ou não, e apenas ter tornado ainda mais injusto o resultado para os ucranianos!

A equipa nunca se encontrou, não teve bola - a equipa de Lucescu deu por completo a volta às estatísticas do jogo, e terminou com mais de 60% da posse de bola, mais remates, mais cantos ... - nem estratégia que não fosse defender. Os jogadores apenas se encontravam quando se juntavam à frente da sua grande área, onde acabaram por passar a maior parte do tempo. Fora disso era sempre grande a distância que os separava, impossibilitando qualquer tipo de pressão sobre o portador da bola e permitindo ao adversário a construção de jogo ao ritmo de ondas sucessivas. Assistimos durante grande parte deste período ao inimaginável numa equipa de futebol de alta competição - três jogadores na frente a pressionar a saída de bola e, depois, os restantes sete lá atrás, deixando 60 ou 70 metros de terreno livre para os jogadores ucranianos jogarem completamente à vontade.

Depois, as substituições. E o mesmo de sempre - incompreensíveis. Primeiro entrou Everton, para o lugar de Pizzi. E Everton foi Everton... Depois entrou Lázaro, para o lugar de Gilberto, amarelado, esgotado e há muito desastrado, depois do Diogo Gonçalves ter passado o tempo todo em aquecimento. E, sem bola, sem capacidade de a segurar e fazer circular, trocou João Mário por Tarrabt e Yaremchuk  por Darwin. Não está em causa que os substituídos pudessem estar esgotados, o que é incompreensível é trocar dois dos que melhor seguram a bola, cada um na sua função, por jogadores que mais a perdem. Jorge Jesus só percebeu isso quando fez entrar o miúdo, Paulo Bernardo, para o lugar de Rafa. E como se notou logo!

Salvou-se o resultado. O da Luz e o da Allianz Arena, que ainda subira para 3-0. E o - é verdade - à partida inesperado apuramento para prosseguir na Champions. Mas este Benfica de Jorge Jesus nem nas alegrias nos deixa sorrir!

 

  

Um jogo que teve tudo - até golos que não teve!

 

Que grande jogo de futebol!

Teve tudo este jogo do Camp Nou. Não lhe faltou nada. Nem os golos, que não teve. Sim, para que não lhe faltasse nada, teve dois golos. Teve mais, teve quase três!

Este Benfica que esteve hoje em Camp Nou não terá sido um grande Benfica, ao nível do seu melhor. Mas foi seguramente um Benfica competente. Para ser um grande Benfica, faltou-lhe … Rafa. Com o melhor Rafa teria sido outro jogo. Para ser o mais competente dos últimos anos faltou um bocadinho de competência - e o mínimo de sorte - a Seferovic, no último minuto. Naquele golo que todos vimos e festejamos num sonho de que acordamos com a bola a acabar a fugir da baliza de Ter Stegen. Quando, um milésimo de segundo antes, a tínhamos já visto lá dentro. O tal quase terceiro golo do jogo. que os deuses da bola desviaram para o lado de fora do poste direito da baliza do alemão, prostrado no chão ainda a olhar para o chapéu que Seferovic lhe tinha oferecido.

Não há explicação para aquela bola não ter entrado. Como também não há explicação para a arbitragem russa ter anulado aquele golão de Otamendi, aos 36 minutos da primeira parte. Com o argumento que, no início da jogada, no canto de Everton, a bola teria descrito uma curva que ninguém viu, e que nenhuma imagem confirma, e passado uns momentos fora do campo. Era o primeiro golo do jogo, e marcado pelo melhor em campo. Por quem mais o mereceu. E para estas coisas não há VAR!

Já o segundo golo do jogo, festejado pelos jogadores e pelo público catalão, aos 83 minutos, só foi isso - festejado. O central uruguaio, Araújo, estava clara e indiscutivelmente fora de jogo.

E pronto, fica escrita a história dos golos que o jogo (não) teve. E nesses, o Benfica ganhou.

Mas o grande jogo desta noite em Barcelona não se resume aos golos que (não) teve e deveria ter tido. A primeira parte foi muito bem jogada, de parte a parte. O Barcelona de Xavi, agora a comandar de fora, começou por se superiorizar, e esteve por cima do jogo na meia hora inicial. Mas sem que o Benfica lhe consentisse qualquer oportunidade de golo. Essas foram do Benfica, que respondeu no último quarto de hora, em que foi melhor. E chegou ao golo - o tal que ainda não se percebe porque foi anulado. Paradoxalmente foi nesse período que o Barça criou a sua mais flagrante oportunidade de golo, num remate à barra, mesmo no ângulo com o poste direito da baliza de Vlachodimos, com mais uma grande exibição.

Ao intervalo ficava a ideia de um Benfica melhor. Que dividira a posse de bola com os campeões da posse, tivera mais remates enquadrados, mais cantos.

Na segunda parte o jogo cresceu em emoção, e chegou até a parecer partido em muitas ocasiões. Para isso muito contribuíram as substituições, abertas logo que se esgotou o primeiro quarto de hora. João Mário, o relógio, e Yaremchuk, muito preso lá na frente entre os centrais adversários, foram substituídos por Taarabt e Darwin. E isso mudava o futebol do Benfica, tirando-lhe calculismo e introduzindo-lhe agitação. Do outro lado, Xavi fez o mesmo, lançando o agitador Dembelé para o lugar de Demir, mais um craque chegado de La Masia. E como agitou, o francês!

Tanto que Jorge Jesus teve de mexer no lado esquerdo, colocando Lázaro no lugar de Grimaldo, há muito amarelado, que primeiro subiu no terreno para, pouco depois, dar lugar a Seferovic. A tempo de fazer o quase golo, o tal que ainda se não percebe como só foi isso, e que ficaria para contar outra história deste grande jogo.

Se tudo correr dentro da normalidade em curso neste grupo E da Champions, este resultado, que acabou por acontecer, não se ficará por ter garantido apenas o terceiro lugar, que remete a continuidade na Europa do futebol para a Liga Europa. Normal será que o Bayern ganhe ao Barcelona. E, normal ou não, o Benfica só tem que ganhar ao Dínamo de Kiev, que marcou hoje o seu primeiro golo na competição, ao perder com os alemães por 2-1, em Kiev.

É isso, há mesmo uma boa probabilidade do Benfica prosseguir para os oitavos da Champions. Hoje mostrou que o merece!

BENFIIIICAAAA!

Grande jogo, grande exibição e uma vitória enormíssima. Foi isto que o Benfica logrou esta noite, numa das maiores quartas-feiras europeias da Luz. Como há muito se não via. Como muitos benfiquistas talvez nunca tivessem visto.

Deste jogo só fica um sabor amargo, mas esse não tem nada a ver com o que aconteceu esta noite na Luz. Tem a ver com o que aconteceu há duas semanas, em Kiev. O sabor amargo que veio do jogo na Ucrânia cruza-se com o doce hoje. Com os três pontos incompreensivelmente não soube trazer do jogo com o Dínamo, o Benfica teria nesta altura 6 pontos, e estaria muito provavelmente a quatro do apuramento. No máximo, e em quatro jogos!

Não ofusca, evidentemente, o brilho desta vitória sobre o Barcelona. Como a não menoriza tudo o que se quiser dizer, exactamente com esse objectivo, sobre o momento actual do gigante catalão. Portanto, sem espinhas, uma grande vitória!

O Benfica não poderia ter entrado melhor no jogo, com cinco minutos infernais, e com o golo de Darwin logo aos dois minutos. Um golo madrugador, mas não acidental. Resultou da atitude da equipa, da confiança com que entrou na partida, e da estratégia adoptada para o jogo. Como se viria a ver depois, o ataque àquela posição defensiva do Barcelona era estratégico, e repetiu-se várias vezes ao longo do jogo. Com Darwin, mas também com Yaremchuck.

A partir dos 10 minutos o Barcelona conseguiu começar a equilibrar o jogo e a impor o seu futebol, à sombra do invisível  Busqets, mas sob a batuta do regressado Pedri. E como ele faz a diferença. Com ele em campo, o Barcelona é outra equipa. Com a subida de produção da equipa catalã veio ao de cima a superior organização defensiva do Benfica. E a categoria e a entrega de todos os jogadores, sem excepção.

O jogo entrou em ritmos altíssimos, com o Benfica sempre a responder, sem constrangimentos nem medos. Disputando todos os duelos e ganhando-os praticamente todos, e com Rafa a lançar o pânico sobre o meio campo do Barcelona. À meia hora o jogo poderia ter ficado logo sentenciado, com dois erros graves do árbitro seguidos, na mesma jogada, ao perdoar a expulsão a Piquet e um penalti sobre Darwin, ostensiva e claramente empurrado dentro da área.

Ao árbitro teria cabido assinalar o penalti, e advertir o defesa catalão com o segundo amarelo, pela entrada sobre Rafa em que, bem, tinha aplicado a lei da vantagem. Em vez disso amarelou Otamendi, por veemente protesto. Logo que o jogo foi interrompido Ronald Koeman fez o que o árbitro não fizera, mas que tudo apontava para que tivesse de vir a fazer, e tirou ele próprio Piquet do jogo, substituindo-o por Gavi, outra estrela em ascensão da formação blau grana.

O Barcelona beneficiou muito com esta substituição, já que recuou Frenkie de Jong para central, e isso fez toda a diferença no início da construção. Pela qualidade do internacional holandês, e pelo que isso baralhou a pressão alta do Benfica, e daí que o últimos dez minutos da primeira parte tenham acabado por ser o melhor período do Barcelona, e quando mais e maiores dificuldades colocou ao Benfica. 

Já em cima do intervalo, Valentino - finalmente, embalado pela exibição de toda a equipa, a a convencer os adeptos - lesionou-se e foi substituído por Gilberto, que acabou por fazer o aquecimento ao intervalo.

Na segunda parte o Benfica voltou a entrar bem, ficou por cima do jogo e nunca mais de lá saiu. Poderia ter chegado ao segundo golo tão cedo como na primeira, naquela bola ao poste do Darwin. Chegaria 20 minutos depois, depois de mais uma brilhante jogada de futebol, culminada numa triangulação entre Yaremchuk e João Mário dentro da área, e com a recarga fulminante, e de classe, de Rafa à sacudidela de Ter Stegen.

Então sim, aí o Barcelona caiu a pique e, já sem Busquets (também amarelado) e Pedri, exausto, mas con Ansu Fati, regressado no passado domingo com 10 minutos de sonho, passou a ser pouco mais que uma equipa banal. Dez minutos depois o Benfica marcaria o terceiro, num penalti que toda a gente viu menos, mais uma vez, o árbitro. Só que desta não havia como fugir ao VAR. Foi ver as imagens e apontou para a marca, para Darwin converter com classe, e tornar-se no homem do jogo.

Estava escrito que o Barcelona não acabaria o jogo com onze, por muito que Koeman fosse substituindo os jogadores amarelados. Mas eram tantos, tantas foram as faltas que tiveram de fazer, e ainda só há cinco substituições... E já bem perto do minuto 90, com a equipa completamente derrotada, calhou ao central Eric Garcia.

E foi assim, com um Barcelona destroçado pela exibição do Benfica, que se fez História na  Luz, esta noite. Só por uma vez havia ganho ao Barcelona. Tinha acontecido há 60 anos, em Berna. Na primeira Taça dos Campeões Europeus do Benfica!

Messi - o símbolo

Messi: ″PSG tem grande plantel e equipa técnica. Quero conquistar muitos  títulos″

 

Messi não é hoje apenas, para muitos, o melhor jogador de futebol de sempre. É, ao transitar de Barcelona para Paris, o maior símbolo do que é o futebol de hoje. 

Hoje o Paris Saint Germain deu um passo gigante rumo à sua afirmação mundial. Entrou na dimensão galáctica. Pelo contrário, e quando estamos ainda longe de conseguir avaliar todo o impacto da perda de Messi, o Barcelona deixou à vista muito mais do que gostaria de mostrar.

O resto só os resultados dirão.

Ferida aberta

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Como se esperava, a indignação, e logo depois a violência, saíram à rua na Catalunha, pouco depois de serem conhecidas as condenações aos líderes independentistas catalães. A ferida voltou a ser aberta!

A sentença que atingiu pesadamente as caras do referendo, com penas comparativamente bem mais pesadas que as sentenciadas no julgamento do golpe franquista de 1981, e que a direita espanhola, ainda assim, acha leve, prossegue apenas o trilho da humilhação que Madrid traçou para a Catalunha a seguir ao referendo.

Pedro Sanchez poderia ter arrepiado caminho, e ter evitado a reabertura desta ferida sangrenta que corrói a Espanha. Não se poderá dizer que tivesse tido condições para resolver os problemas das autonomias, e em particular da Catalunha. A instabilidade governativa em que Rajoy deixou a Espanha, já em consequência desses problemas, que se precipitaram no referendo e nos acontecimentos que lhe sucederam, há dois anos, e a incapacidade de Sanchez formar um governo no quadro do cenário eleitoral que se lhe seguiu, nunca terá permitido as condições para seriamente enfrentar o problema. Mas poderia ter mantido a ferida reservada, em vez de a escancarar e de a reabrir ao escarafuncho. Poderia ter proclamado o indulto, como Rajoy poderia há dois anos ter encontrado outras respostas para o referendo, permitindo-o inclusivamente.

Não o fez. Optou por ceder à pressão da extrema-direita e por permanecer enredado na teia de contradições que o PSOE vem tecendo nos últimos largos anos.

Os deveres de Estado e o estado dos deveres

 

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O presidente Marcelo foi a Barcelona sem autorização do Parlamento (sim, o Presidente da República precisa de autorização parlamentar para se ausentar do país). O primeiro-ministro também foi, mas esse pode sair quando quiser. 

Participaram ambos na missa na  espantosa catedral da Sagrada Família, de homenagem às vítimas do atentado nas Ramblas. Não terá sido a primeira vez que António Cosa tenha ido à missa. Nem a última, certamente...

Barça, naturalmente...

Por Eduardo Louro

 

 

Justificando o favoritismo o Barça ganhou á Juve e conquistou a Champions. A quinta da sua história na competição, uma história que começou em 1961, justamente quando disputou, e perdeu, com o Benfica a sua primeira final. Uma história que só começou a conhecer a glória das vitórias há pouco mais de 20 anos…

Foi um grande jogo de futebol como, com Iniesta, Xavi – em jogo de despedida -, Messi, Neymar, Suarez e Companhia, de um lado, e Buffon, Pirlo, Pogba, Tevez, Morata e Companhia, do outro, teria de ser. Grandes jogadores dão grandes espectáculos de futebol. Vale a pena carregar ali em cima e ver o primeiro golo, logos aos 4 minutos…

Ganhou o Barcelona, como ganhou tudo o que este ano tinha para ganhar. Porque é de novo a melhor equipa de futebol do planeta. Sem precisar dos golos de Messi: três, e nenhum da sua estrela maior. Se não é inédito, não estará muito longe…

 

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