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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Inquietação

Arranque da segunda volta do campeonato, e segundo jogo consecutivo na Luz, novamente perto de cheio (55 mil), mas ainda baixo da média da temporada. Com o Benfica a ter contas para ajustar com o Boavista, a única equipa com que perdeu nesta competição, logo na primeira jornada, e nas condições em que todos recordamos.

Já sem Petit - gratidão é coisa que não assiste no futebol, menos ainda em Portugal e, menos ainda no Boavista - a equipa axadrezada não foi muito diferente da de então. Muita força, muita entrega, marcação cerrada e, a espaços, alguns momentos de futebol. É uma daquelas equipas que obrigam o adversário a correr, e a lutar, tanto como eles. E o Benfica, já se sabe, não se sente muito confortável com essa obrigação. Acresce que o adversário moralizado pelos últimos dois jogos, com o empate com o Porto e a goleada em Vizela.

Tudo se conjugava para mais um jogo de elevado grau de dificuldade para o Benfica, o que se confirmou.

Na primeira parte o Boavista apenas defendeu. O que não quer dizer que o Benfica apenas tenha atacado, e menos ainda que tenha massacrado a defesa boavisteira. Isso não aconteceu porque ao Benfica faltou intensidade, faltou pressão alta consistente, e faltou ... João Neves. Mas também porque tem dificuldades no ataque continuado, e porque o árbitro Gustavo Correia é, com conhecida folha de serviço, mais do mesmo. Ignorou faltas sucessivas, muitas delas merecedoras de sanção disciplinar, e algumas dessas praticadas pelo mesmo jogador. O que quer dizer alguns deles, e descaradamente Salvador Agra e Luís Santos, poderiam e deveriam ter sido expulsos bem cedo no jogo.

A arbitragem deste senhor, que tem brilhado nos jogos do Porto,  saiu melhor que a encomenda, teve clara influência no desenrolar do jogo, e criou um ambiente de instabilidade nos jogadores e nervosismo nas bancadas. Basta dizer que o Boavista chegou ao intervalo com três faltas assinaladas. E o Benfica com 8. 

Com o Boavista só a defender (o seu melhor marcador, o internacional eslovaco Bozeník, foi mais um central), o Benfica chegou ao intervalo com muitos cantos, doze remates, e quatro oportunidades de golo, mas sem marcar... Podia - e deveria - ter feito mais e melhor. Mas tem de se reconhecer que, naquelas condições, isso também não era fácil.

A segunda parte começou com o golo de Di Maria. Finalmente. Que mudaria o jogo. Mas não. O VAR foi descobrir que no início da jogada a bola batera na mão de João Mário. Gustavo Correia foi ver as imagens e regressou todo satisfeito, para anular o golo.

Mas o jogo mudou, na mesma. O Boavista percebeu que nada de mal lhe poderia acontecer, passou a afoitar-se mais, e o jogo chegou mesmo "a partir". Bozeník já não era central e, num contra-ataque, surgiu na cara de Trubin. Que evitou o golo com uma grande defesa, complementada com o apoio de Morato, a impedir que a bola defendida chegasse, ainda assim, a entrar.

Foi a única oportunidade conseguida pelos boavisteiros em todo o jogo mas, naquela altura, por volta dos dez minutos da segunda parte, não se sabia. E a inquietação subia, logo a seguir quando, prosseguindo a sua escalada, o árbitro assinalou uma falta que Florentino não cometeu, e lhe mostrou o cartão amarelo. E a Rafa, por protestar a absurda decisão. Otamendi também já o tinha visto, minutos antes.

Vivia-se esta inquietação quando, à saída do primeiro quarto de hora, Di Maria marcou. Num centro-remate, depois de desmarcado pela diagonal de Kokçu, a bola acabou por entrar sem que nem, primeiro Cabral e depois João Mário, lhe tenham conseguido tocar. A demora a confirmar o golo indica que o VAR ainda vasculhou tudo à procura de qualquer coisa que aliviasse a dor do tal Gustavo.

Logo a seguir Rafa poderia ter marcado, e resolvido a inquietação. Mas o remate saiu rente ao poste, e o Boavista cresceu. O cartão amarelo "liquidara" Florentino. Deixou de existir, e a sua substituição era obrigatória. Mas tardou. E, quando foi feita, a 20 minutos dos 90, não correu muito bem: entrou Tomás Araújo para a direita (o Benfica ficava só com centrais no quarteto defensivo) e Aursenes derivou para o meio campo, donde pareceu já desabituado. Em simultâneo entrou - e essa correu bem - Marcos Leonardo para o lugar de Cabral.

Schemidt teve um quarto de hora para perceber que não correra bem, e emendou a mão com a entrada de João Neves (a carga de porrada que levou no jogo com o Rio Ave deixara-o sem poder treinar e, por isso, sem condições físicas para jogar), para o lugar de Kokçu, que acabara de, no seu primeiro remate à baliza, estar muito perto do golo. Faltavam mais de 10 minutos (com os descontos) para o fim, e o miúdo funcionou como um forte ansiolítico para a inquietação que reinava nas bancadas. E no relvado.

João Neves, recebido logo à porrada pelos adversários, pegou no jogo e não o largou mais. Mas o sofrimento apenas acabou mesmo já no período (seis minutos) de compensação, finalmente com o segundo golo. Mais uma vez numa jogada de ataque rápido, com um passe longo e preciso de Otamendi para Di Maria, que recebeu como só ele sabe e serviu de bandeja Marcos Leonardo. Que não falhou, e marcou também o seu segundo golo. No seu segundo jogo. Depois de vinte minutos em campo, que somam aos dezassete do primeiro.

O Benfica construiu dez oportunidades de golo. Criou 50 acções na área adversária mas, mais uma vez, só conseguiu marcar nas duas que resultaram de lances de ataque rápido. E esta não é uma boa notícia. Nem novidade!

Boas notícias são os sinais que Marcos Leonardo está a dar, e o regresso de Neres. Jogou só um minuto, mas é finalmente o regresso. Tão ansiado como o segundo golo, esta noite! 

 

 

A primeira das 34 do 39

Há jogos assim, diz-se frequentemente. Mas na verdade não há tantos assim como este, desta noite, no Bessa, que fechou a primeira jornada deste campeonato 2023-24. O do 39!

Mas vamos ao jogo. Que arrancou num ambiente de hostilidade pouco visto. Das bancadas, provavelmente muito preenchidas pelas centenas de super-dragões anunciados pelo seu "chefe", cheio de bilhetes na mão, chegava o mote, ao som dos cânticos do costume. No relvado revelava-se na agressividade dos jogadores boavisteiros, sempre para além dos limites aceitáveis. E legais.

O árbitro esteve bem, punindo disciplinarmente logo os três jogadores do meio campo do Boavista. O primeiro logo no primeiro minuto. Bem, mas não tão bem assim. O segundo amarelo, mostrado a Makouta aos 10 minutos, deveria ter sido vermelho. O terceiro, a Perez, ainda antes de atingido o primeiro quarto de hora, levou os jogadores de Petit a refrearem o ímpeto. Mudou o jogo, e mudou o ambiente.

A partir daí o Benfica tomou definitivamente conta do jogo, e o vermelho das bancadas calou os cânticos miseráveis que até aí se ouviam. A meio da primeira parte, à segunda oportunidade, com naturalidade o Benfica abriu o marcador, com Di Maria a concluir um grande arranque de Rafa. E cometeu o primeiro pecado!

Porventura com as dificuldades dos primeiros 15 minutos na cabeça, os jogadores pensaram em gerir o domínio do jogo, em vez de forçarem o assalto à baliza do Boavista para "matar" o jogo logo ali, e deixarem o resultado feito até ao intervalo.

A segunda parte arrancou com Petit a retirar os "amarelados", deixando apenas o experimentado - e manhoso - Perez, e o Benfica no mesmíssimo registo, como se o domínio do jogo fosse suficiente para o ganhar. E logo apareceu o primeiro acidente grave do.jogo. Acidente é assim. Sem aviso, nem sinal de alarme. 

Musa pisou a bola, escorregou, o pé sai-lhe direitinho às penas do central Abascal, e foi para a rua. Quando tudo apontava para ser o Boavista a ficar, mais cedo ou mais tarde, em inferioridade numérica, a fava calhava ao Benfica.

Roger Schemidt nem esperou para ver. Ainda antes do jogo ser reatado, com o defesa boavisteiro a ser assistido em campo, substituiu Di Maria ... por Morato. Era o segundo pecado!

Ninguém percebeu a opção do treinador. O que se percebeu foi que aquilo era mandar para dentro do campo a ideia que, a partir dali, era para defender o 1-0. Não podia ter corrido pior e, da cobrança do livre, depois da bola ressaltar na multidão formada pelos centrais do Benfica, até acabar ali à frente de Jurásek, não foi o lateral esquerdo, como que hipnotizado a olhar para ela, a tirá-la dali, mas o Bozeník a metê-la na baliza do Vlachodimos.

Com dez, com o jogo empatado, e com a equipa "armada" em contra-mão (três centrais e cinco defesas), os jogadores do Benfica pegaram no jogo e foram para cima do Boavista, remetido à sua área, a defender o empate. Depois de vinte minutos de domínio avassalador do jogo, com a bola a teimar quanto podia em não entrar na baliza - antes, num lance em que até pareceu ter sido cometida falta para penálti, já Rafa tinha acertado na barra - lá chegou o golo. De Rafa, à terceira, depois do guarda-redes ter defendido um grande remate de Kokçu, e da recarga de João Neves ter acabado na barra. 

Era o golo da vitória. Só podia. Ia entrar-se no último quarto de hora, e a superioridade dos 10 do Benfica sobre os 11 do Boavista era tal, que não passava pela cabeça de ninguém que os três pontos pudessem fugir.

Terceiro pecado: a equipa também pensou assim, mas deixou de fazer o que era necessário para que fosse assim. E, em cima do minuto 90, do nada, Vlachodimos, que nunca teve nada para defender, arranjou complicação. Andou aos papéis e acabou com o António Silva a fazer um penálti para cortar a bola.

E o Boavista empatava de novo. Era tudo o que queria. Nos 10 minutos de tempo extra o Benfica repetiu o assalto à baliza axadrezada, e a bola voltava a teimar em não entrar, como naquele remate espectacular de Neres à barra. Pela terceira vez!

Com o Boavista a queimar tempo, o árbitro a compensá-lo, e o Benfica com toda a gente na frente, desesperadamente à procura do golo, uma perda de bola de António Silva, e mais uma vez com Vlachodimos embrulhado nos seus equívocos e angústias, acabou no terceiro golo axadrezado e na inacreditável vitória da equipa que só queria empatar. 

É fácil "bater" no treinador. Aquela substituição do Di Maria pelo Morato é também ela inacreditável. Nos jogadores, não. E este jogo acabou até por resolver as duas grandes questões que as últimas contratações levantavam: Musa, ausente do próximo jogo, resolveu o problema da titularidade de Cabral sem razões para melindres e fracturas; e Vlachodimos não irá estranhar que a sua titularidade tenha caído ao primeiro abanão.

É por isso termino como iniciei: este é para o 39!

Sofrido, mas não tem comparação ...

Mais uma enchente na Luz, para receber o Boavista, em pleno Carnaval, e para mais um espectáculo bonito. Desde logo - e até ao fim - nas bancadas. Bonito de se ver!

O jogo também teve momentos bonitos, e não foram sequer poucos. E muitos de ansiedade. Este foi um jogo como tantas vezes acontece ao longo de uma prova longa, como é o campeonato. E como tantas vezes são os jogos com o Boavista na Luz. Têm sempre muita história para contar.

A deste começa a contar-se com uma entrada à Benfica. O primeiro quarto de hora foi o Benfica destes últimos jogos, pressionante, com ritmo e com o seu futebol de qualidade. Logo com uma boa oportunidade de golo (Rafa) no primeiro minutos. Só que, depois, tudo isso foi desaparecendo muito por culpa problemas no passe. Os passes falhados, onde Gilberto era rei, foram retirando ritmo e fluidez ao futebol habitual da equipa. E dando confiança ao adversário que passou a ter oportunidade para fazer mais alguma coisa que fosse correr atrás da bola. E dos jogadores do Benfica.

Aqui ou ali lá aparecia uma jogada mais bem conseguida. Mas não muito mais que isso. Até ao último minuto da primeira parte, apenas uma oportunidade de golo clara. De Gonçalo Ramos, ali pelo minuto 25, daquelas são a sua imagem de marca, e que normalmente ele não falha. Depois veio esse minuto final da primeira parte, igualmente com Gonçalo Ramos como protagonista - e Bracali - em que, por duas vezes, a bola não quis entrar. 

Nas bancadas queria acreditar-se que era o pronúncio para a segunda parte. E era!

Neres entrou ao intervalo para a direita, saindo Florentino, e passando Aursenes para o lado de Chiquinho (na verdade passou para todo o lado, e ao lado de todos), e João Mário da direita para a esquerda, e a segunda parte  arrancou a um ritmo vertiginoso. Aursenes podia logo ter marcado, numa bomba à entrada da área. Depois dois lances seguidos dentro da área boavisteira a deixarem suspeitas de penálti, sobre Rafa e Gonçalo Ramos, que o VAR não confirmou.

Foram 10 minutos de sufoco total sobre a baliza de Bracali, que tudo ia defendendo, culminando no primeiro golo. Um golo que só poderia ser marcado assim. Na "raça" com que Gilberto se atirou à recarga à defesa do guarda-redes do Boavista ao remate de cabeça de Gonçalo Ramos.

Pensou-se que o mais difícil estava feito, e que a partir dali seria um jogo igual a tantos outros, com os golos a surgirem naturalmente. Nada disso. Bastaram apenas três minutos para o jogo ficar empatado de novo. No primeiro ataque do Boavista, o primeiro remate ... e o golo. 

Foi duro, o choque com a realidade. No golo toda a defesa pareceu adormecida, sem capacidade de reacção. Pior fora que os minutos que mediaram entre o golo de Gilberto e o do empate foram passados com o Boavista a ter a bola, e a trocá-la entre os seus jogadores, como nunca tinha conseguido fazer.

A equipa reagiu, mas não conseguia voltar ao ritmo dos 10 minutos anteriores. E a ansiedade começou a passear-se pela Luz. Mais ainda quando, catorze minutos depois, João Mário não conseguiu bater Bracali na conversão de um penálti que, à terceira, o VAR finalmente viu. Porque o árbitro Hélder Malheiro não estava para aí virado.

Com tanta oportunidade de golo desperdiçada, depois de sofrer um golo no único ataque, e remate do adversário, o desperdício do penálti era o cocktail perfeito para um jogo que só podia acabar mal. Na Luz já se viam dois pontos a voar ingloriamente. 

Nem sempre as nuvens, por mais carregadas e negras, trazem a tempestade. O raio de sol chegaria a 8 minutos dos noventa, pela magia de Gonçalo Ramos. Num único metro quadrado da área axadrezada sentou o defesa que lhe saiu ao caminho, e desviou, com uma classe do outro mundo, a bola do alcance de Bracali.

Monumental. O golo, e o momento na Luz!

Depois, foi evitar que se repetisse o que acontecera a seguir ao primeiro golo. Continuar a mandar no jogo, sem cedências de qualquer espécie. Assim foi, e o jogo ainda deu para o terceiro golo, num extraordinário cruzamento de João Mário, para um excelente remate de cabeça, em voo, de Musa. O voo que, definitivamente, não levaria os dois pontos. E deu até, já mesmo no fim, para a única defesa de Vlachodimos, a evitar que uma bola desviada em Otamendi entrasse na baliza.

Foi sofrido, como certamente muitos outros ainda serão. A equipa não esteve sempre bem, como inevitavelmente voltará a acontecer. Mas quando, mesmo assim, a equipa constrói mais de uma dúzia de oportunidades claras de golo, nada se compara ao que se vê na concorrência. 

Mais um teste passado com distinção

O Benfica surgiu no Bessa para disputar este complicado jogo da quarta jornada com duas novidades, ambas consequência da falta de Otamendi, ausente por castigo, depois daquela expulsão em Leiria, no jogo com o Casa Pia: António Silva, o miúdo de 18 anos, no lado direito do centro da defesa; e a braçadeira de capitão em João Mário.

A segunda estranha-se, depois entranha-se. E finalmente percebe-se. A primeira aplaude-se. Pela exibição do miúdo, mesmo amarelado logo no início, mas mais ainda pela lucidez da opção de Roger Schemidt. A alternativa era o já descartado Vertonghen. Negar-lhe esta oportunidade seria dar-lhe um péssimo sinal e correr o risco de o começar a perder.

Às duas novidades no Benfica juntou o jogo outra novidade: um Boavista sem pontas de lança, e apostado em pressionar no campo todo. Não é novidade, antes pelo contrário, e mais ainda com Petit, a pressão que os jogadores do Boavista exercem sobre os adversários, e agressividade que colocam na disputa da bola. Novidade era fazerem-no campo todo, logo em cima da grande área adversária, colocando dificuldades à saída de bola do Benfica.

Na realidade o Boavista quis tornar-se no primeiro adversário a colocar o Benfica desconfortável no seu padrão de jogo. E se este era mais um teste à capacidade desta equipa do Benfica, o resultado não poderia ser melhor. O Benfica passou com distinção!

A equipa respondeu à agressividade do adversário na mesma moeda. Os jogadores não recearam o confronto, disputaram cada lance com a mesma intensidade, correram e lutaram como os do Boavista. E depois disso, como são muito melhores e têm o modelo de jogo assimilado, jogaram o seu futebol, e mantiveram-se confortáveis nas dinâmicas instaladas na equipa.

Foi de tal forma assim que quem estava com atenção ao jogo - e deve dizer-se que foi um grande jogo, muito valorizado pela atitude da equipa do Boavista - percebia que o Benfica estava a dar a resposta certa às dificuldades colocadas, e que, mais tarde ou mais cedo, acabaria por impor a sua superioridade.

À saída do primeiro quarto de hora começou a ficar claro que essa superioridade estava instalada. Com Enzo e Florentino em grande, e a dominarem o meio campo, os centrais António Silva e Morato imperiais, e Rafa e João Mário decisivos na construção, o habitual futebol do Benfica fluía na relva.

É verdade que até ao primeiro golo, em cima da meia hora, não tinham abundado remates, nem oportunidades de golo. Surgiu de um canto, mais uma vez. Desta com a bola direitinha do quarto de círculo para a cabeça do Morato, e dela para dentro da baliza.

Não mudou nada com o golo. O Benfica continuou a exibir o seu futebol,  e passou a construir incomparavelmente mais situações de finalização. O Boavista mantinha a mesma atitude, disputava à mesma a bola no campo todo, mas ela acabava sempre nos pés dos jogadores do Benfica. 

Em cima do intervalo João Mário desperdiçou a mais clara situação de golo, de forma verdadeiramente inacreditável, deixando o resultado ao intervalo bem longe de reflectir a superioridade no jogo. 

Deixou no entanto o aviso para a segunda parte. O jogo não se alterou muito, a superioridade do Benfica, sim. Tornou-se ainda maior. E mais ainda depois de iniciadas as substituições, à hora habitual. 

Neres, Gonçalo Ramos e Gilberto, com rendimento realmente abaixo dos restantes, foram substituídos por Diogo Gonçalves, Musa e Bah, e todos acabaram por acrescentar dinâmica e qualidade à exibição. João Mário passou da esquerda (onde se ficou Diogo Gonçalves) para a direita (de onde saíra Neres), e passou a homem-golo.

O primeiro, e segundo do jogo, logo depois das substituições, com assistência de Musa. E o segundo, e último, de penálti, essa raridade da realidade benfiquista. O árbitro - João Pinheiro, que fez mais uma das suas arbitragens habilidosas, e particularmente condicionante no período inicial do jogo, quando era mais repartido, ao ponto de, coisa nunca vista, o Benfica acabar com mais faltas (14) que o Boavista (12) - não viu o penálti sobre Musa. Tão evidente que o VAR não teve como não intervir.

O resto foram sucessivas oportunidades de golo, que fazem deste claro 3-0 um resultado afinal bem escasso para o que foi a realidade do jogo. O Boavista fez 4 remates, sem um único na direcção da baliza de Vlachodimos, que se limitou a dois sustos em outros tantos atrasos que saíram desnecessariamente mais apertados. 

E ainda mais duas estreias - Mihailo Ristić, para o lugar de Grimaldo, e o recém contratado Fredrik Aursnes, para o aplauso a Enzo (a contratação do norueguês só pode significar que nem esta época concluirá com a camisola do Benfica) a par de Florentino, mais uma vez o melhor em campo (mesmo que esse prémio tenha sido entregue a João Mário).

Tudo isto em mais um teste do algodão a este futebol cada vez mais entusiasmante do Benfica de Roger Schemidt. Mas também à incúria da Liga, que continua a permitir a extorsão dos adeptos do Benfica pelas bilheteiras  dos adversários que visitam. Depois falem em centralização dos direitos televisivos!

 

 

Estúpida forma de suicídio

Mais um jogo, mais uma demonstração de uma equipa sem carácter e sem sombra de personalidade. Uma equipa que não é equipa!
 
É uma máxima do futebolês que uma equipa joga o que a outra deixa jogar. É um clássico que o Boavista deixa pouco que o adversário jogue, mas nem sempre é assim. Provavelmente com o jogo da meia-final da Taça da Liga, em Leiria há menos de um mês na cabeça, o Boavista, que então jogou mais e melhor, entrou convencido que há dois jogos iguais. O que vai exactamente contra outra das máximas do futebolês.
 
E por isso a equipa de Petit entrou disposta a jogar o jogo de igual para igual. Disposta, por isso, a jogar e a deixar jogar. E deu-se mal. Ou melhor, passou a dar-se mal.
 
A primeira parte dividiu-se em duas metades. Na primeira, dividiu o jogo. Foi então um jogo quase sem balizas, mas entretido. O Benfica, já com os problemas do passe e da recepção aparentemente resolvidos, e com boa dinâmica de jogo ia cimentando uma superioridade clara no jogo, culminada no primeiro golo, praticamente no fim dessa primeira metade. Um golo que, até pelo seu ineditismo, era de bom pronúncio - um remate de fora da área, de Taarabt. Duas coisas raras, mais raro ainda um golo de Taarabt, que já se julgava uma impossibilidade histórica.
 
Taarabt, a novidade na equipa que evitou o mesmo onze pela terceira vez consecutiva foi, de resto, a figura da equipa. Até pelo que o jogo acabou por ser.
 
Na segunda metade da primeira parte a exibição do Benfica chegou a ser exuberante. Marcou o segundo golo, desta vez por Grimaldo, fez mais dois, anulados por fora de jogo, em jogadas de bom futebol, e poderia ter chegado à goleada.
 
Não chegou, e depois veio o costume. Em vez de continuar com a embalagem que trazia da primeira parte, o Benfica entrou para a segunda parte para o gerir. O primeiro quarto de hora foi isso que mostrou, que a equipa trazia na cabeça a ideia de controlar o jogo no alto do 2-0, porventura com a sugestão daquele rodapé da SIC, ontem, que assinalava que o Porto goleara a Lazio por 2-1.
 
Todos sabemos que este Benfica não tem qualidade de posse de bola para controlar um jogo. Ou o assume, ou não o consegue controlar. Acresce que este Benfica de Nelson Veríssimo sofre sempre golos. E nunca marca mais de dois golos (a excepção foi aquele jogo de Tondela, onde marcou três, abdicando também da goleada). Entrar para gerir o jogo e o resultado é portanto apenas a mais estúpida forma de suicídio.
 
O que aconteceu nesse primeiro quarto de hora foi que o Boavista aproveitou essa estupidez para se colocar por cima do jogo. O Boavista destabilizou o jogo, e introduziu-lhe rapidamente a agitação na disputa da bola, nos duelos e até, aqui e ali,  na quezília. E quando uma inversão destas acontece já não há volta a dar.
 
Mais ainda para Nelson Veríssimo, que só acertará nas substituições quando for proibido de as fazer. A única que merece algumas palavras é a de Taarabt por João Mário. O marroquino tinha sido dos melhores, e é também o que melhor se adapta às condições em que o jogo já estava lançado. Não seria ele a conseguir inverter aquelas condições, evidentemente. Mas era o que mais confortável nele poderia permanecer. Pelo contrário, João Mário teria condições para inverter o rumo do jogo, mas era também, e ainda mais na fase que atravessa, o que mais facilmente poderia sair atropelado.
 
E saiu. Nem na única substituição onde poderíamos procurar alguma racionalidade, Nelson Veríssimo acertou. E o Benfica foi-se afundando a pique. O segundo quarto de hora foi um terror, e não fechou, nem poderia ter fechado, sem o  golo do Boavista que inevitavelmente seria apenas o primeiro. O segundo não tardaria muito, menos de 10 minutos. E só não veio o terceiro porque não calhou, e também porque o Boavista ficou satisfeito com o empate. Porque, em meia hora, num terço do jogo, o Boavista fez o suficiente para, pela segunda vez em menos de um mês, ter merecido ganhar o jogo.
 
Este Benfica suicida já não tem por onde se pegar. É sempre a cair, sem que se saiba onde vai parar. Nem com que estrondo. Nem em quantos cacos se vai desfazer.

Sempre a cair

 

Sempre a cair. A cair ao longo do jogo, e a cair de jogo para jogo. É este o estado da equipa do Benfica!

Hoje, em Leiria, no primeiro jogo desta final a quatro que faz o formato da Taça da Liga, o Benfica confirmou a dinâmica de queda que não se sabe quando, e como, possa ser interrompida. Depois das péssimas exibições dos dois últimos jogos, contra adversários do fim da tabela classificativa do campeonato hoje, contra um Boavista mais que desfalcado (não tinha centrais, e teve que alinhar com laterais no centro da defesa), a equipa conseguiu ainda fazer pior. 

Pior, e sempre a piorar. Começou menos mal, e teve até nos primeiros minutos a única jogada em todo o jogo com qualidade, com Yaremchuk a permitir a defesa a Bracali. Depois chegou ao golo, mas isso foi uma oferta da defesa boavisteira, num erro clamoroso dos seus centrais, que eram laterais. A partir daí foi sempre a cair e, ao intervalo, com mais de 70% de posse de bola, o Benfica tinha efectuado três remates: o tal do avançado ucraniano - que continua a não ter nada a ver, nem de perto nem de longe, com o jogador da selecção ucraniana -. e dois de Everton, o do golo, e outro para as nuvens, na segunda oportunidade de golo criada. A terceira só aconteceria já no final do jogo

Jogou mal, porque teve muita bola sem saber o que fazer com ela, como é costume. O Boavista rematou muito mais, praticamente sem ter bola. Mas nunca incomodou muito, mais parecendo que rematava para a estatística. O que incomodava mesmo era o confrangedor futebol do Benfica!

Na segunda parte tudo foi diferente. O Benfica piorava ainda mais, e bastaram cinco minutos para o Mourato cometer um inacreditável penalti. Não me lembro de alguma vez ter visto tal coisa: a sair com a bola, dentro da área, deixa-se perder a posição para um adversário que vem de trás, a ponto de, para  jogar a bola, fazer penalti. Inacreditável!

O Boavista empatou e a partir daí tomou conta do jogo. Ganhou todos os duelos - como todos estão a ganhar -, ganhou todas as antecipações e tapou todas as linhas de passe ao Benfica com a maior das facilidades. Rematou - fez 16 remates, o dobro dos do Benfica - e já não era para a estatística. Era para golo. Valeu Vlachodimos, o único jogador do Benfica a salvar-se do descalabro geral. Evitou três golos, um deles num golpe de rins que mais pareceu milagre.

Como também já é crónico, Nelson Veríssimo não consegue, do banco, estancar a queda livre da equipa. E as substituições voltaram a ser incompreensíveis para quem quer que estivesse a assistir àquilo. Os piores dos piores continuaram em campo. Lázaro, o pior dos piores, lá continuou. Entrou Gonçalo Ramos, mas também Gil Dias, Meité e Rodanjic. Não tinha por onde correr bem, e não correu, evidentemente. Pizzi entrou a quatro minutos dos 90, mas já para os penaltis. Até essa correu mal - Pizzi ainda fez o único remate da segunda parte que poderia ter acabado em golo, mas falhou logo o primeiro penalti. De forma completamente displicente.

O que diz muito do que é Pizzi nesta altura. No que ele se fez, ou no que dele fizeram? Seria interessante saber a resposta!

O apuramento para a final de sábado acabou por cair do céu no desempate por penaltis. Nem aí o Benfica foi competente  - Pizzi foi incompetente e displicente, Verthonghen foi apenas incompetente, atirou ao poste. A competência de Grimaldo, Meité e Weigl só foi suficiente porque o Boavista foi ainda mais incompetente, falhando os primeiros três penaltis. Dois da forma verdadeiramente incompetente. O outro foi mais uma grande defesa de Vlachodimos, o grande responsável pelo afastamento do Boavista da final a que, no fim de contas, merecia ter chegado.

No próximo sábado lá estará o Benfica à procura do único troféu, não só da época, como das últimas três. E nunca as expectativas foram tão baixas!

 

A "estória" do grande jogo

 

Não foi muito diferente de quase todos os jogos com o Boavista, este desta noite, na Luz. Como também não foi muito diferente o futebol do Benfica do destes últimos jogos.
 
À excepção da primeira meia hora, quando só quis defender, o Boavista discutiu sempre o jogo e foi o adversário incómodo de sempre, mesmo que nesse período o Benfica tenha criado muito poucas ocasiões. Duas, pouco mais. A primeira aos 9 minutos, e a segunda a resultar no primeiro golo, ambas com a conclusão de Darwin. 
 
Daí que o Boavista tenha sido o adversário incómodo do costume, e que o futebol do Benfica tenha sido também o do costume, com muita parra para pouca uva
 
À meia hora, na primeira vez que se mostrou, o Boavista ameaçou. E dois minutos depois, marcou, e empatou o jogo. Num grande golo, é certo, mas no aproveitamento de um erro na defesa do Benfica, em que é fácil responsabilizar Weigl, que perdeu a bola onde não pode ser perdida, à saída da área. 
 
Com o tal futebol de muita parra e pouca uva, com a história dos jogos com o Boavista, e aquele fantasma da época passada,  à mesma sexta jornada, depois das mesmas cinco vitórias consecutivas, e até com o mesmo Hugo Miguel no apito, o golo do empate era uma péssima notícia. Valeu que apenas dois minutos depois Weigl redimiu-se do seu erro, e repôs a vantagem. Que durou até ao intervalo, sem grandes sobressaltos, mas no mesmo registo de baixa produção. Basta ver que ao intervalo o Boavista tinha os mesmos remates do adversário, e o Odysseas fizera duas ou três defesas quando, do outro lado, o Bracali ... nem uma.
 
Mais uma vez o treinador do Benfica viu uma grande primeira parte. Um grande jogo na primeira parte, garante!
 
A segunda parte não começou bem. O Diogo Gonçalves, mais uma vez lesionado, ficou na cabina e entrou novamente o Lázaro, que voltou a não convencer. Mas nem foi tanto por aí que não começou bem, foi mesmo por culpa do Boavista, que surgiu com mais atrevimento, com a equipa mais adiantada e mais rematadora.
 
Mas claro, com esse adiantamento o Boavista deixava mais espaço lá atrás, e abria novas perspectivas ao Benfica. Aquele jogo de muita parra e pouca uva de Kiev, e da primeira parte, que o treinador classifica de grande qualidade, passava a ser outro, mais parecido com o dos Açores, na semana passada. Com espaço nas costas da defesa adversária não é preciso inventá-lo.
 
E sem submeter o adversário, e até mesmo aqui e ali com dificuldade em manter o jogo controlado, o Benfica criou então sucessivas oportunidades de golo, e o guarda-redes Bracali teve então oportunidade de brilhar com pelo menos três defesas de enorme qualidade, daquelas que evitam golos certos. Darwin bisou aos 61 minutos, já à terceira oportunidade de golo criada. E depois do terceiro golo ainda houve tempo para mais três. 
 
Pouco importa se o treinador diga que a equipa joga bem quando tem 70% de posse bola, com ela a circular para o lado e para trás, e sem criar espaços para chegar à baliza e para rematar. O que importa, e preocupa, é que enquanto os adversários não abrirem, a equipa tem muita bola mas não faz muito com ela. E na maior parte dos jogos os adversários apenas abrem depois de sofrer o golo. E se se aguentarem até ao fim pode acontecer como em Kiev… Ou pior.
 
Mas pode ser que Jorge Jesus diga estas coisas só por dizer, e que tenha perfeitamente percebido que, para que aquilo seja de grande qualidade, tem de ter mais velocidade, mais criatividade e mais intensidade. Se não for assim, o melhor é pensar em estratégias de engodo para tirar os adversários lá de trás.

Aconteceu História, e muitas estórias

Aos cinco minutos do jogo da recepção ao Boavista - onde há quatro meses e onze dias começou o descalabro desta equipa de Jorge Jesus nesta Liga - aconteceu História: um árbitro assinalou, pela primeira vez neste campeonato, um penalti a favor do Benfica.

É certo que o VAR logo se encarregou de cumprir a lei. A da Liga, que proíbe penaltis a favor do Benfica, porque da outra, que faz parte das leis do jogo, e que diz textualmente que "se um defensor começa a agarrar um atacante fora da área de grande penalidade e prossegue a sua acção para o interior da área, o árbitro deve conceder um pontapé de grande penalidade", fez letra morta. Deve ser uma questão de hierarquia jurídica, com a Lei da Liga a sobrepor-se às do jogo.

O árbitro Manuel Mota, que mesmo assim ficará na História desta Liga, reverteu a decisão e acabou por assinalar a falta fora da área, onde na realidade começara. E trocou o cartão amarelo ao defesa do Boavista pelo vermelho, como se não devesse ter sido essa a cor a mostrar da mesma forma com o penalti. Enfim...

Por isso o Benfica começou praticamente o jogo a jogar contra dez. Mas não a ganhar, como aconteceria se o primeiro penalti a favor tivesse surgido - ao 26º jogo do campeonato, um recorde mundial - e tivesse sido convertido. 

Um jogador a menos, e logo a partir do início, é evidentemente condicionante decisiva para qualquer equipa discutir um jogo. Mas não tem importância de maior quando uma equipa não decide discutir o jogo mas apenas defender. Aí não faz grande diferença, dez jogadores atrás da bola e à frente da baliza chegam para defender e evitar golos. Como se tem visto em tantos e tantos jogos.

Foi isso que o Boavista fez, sob o comando do ainda grande Javi Garcia, e provavelmente mais se lhe não poderia pedir. E fazer isso perante este futebolzinho de Jorge Jesus nem sequer é muito difícil. Ao Benfica, sim, podia exigir-se mais que aquele futebol estereotipado de Jesus onde, como já aqui referi algumas vezes, a linha final pica e a área adversária queima.

Com aquele futebol era difícil criar condições para marcar golos. Mas lá surgiu um, já à beira dos 40 minutos, de um remate de Taarabt de fora da área, outra das coisas que faltam a este futebol de Jesus. Mas lá estava o árbitro para entender que o jogador marroquino, como o velho brandy Constantino com uma fama que vem de longe, deu uma chapada no adversário quando abriu os braços. Mas nem tocou em ninguém.

Mais uma vez o árbitro Manuel Mota mandou a lei às ortigas. E quando a bola se encaminhava a grande velocidade irreversivelmente para o golo, apitou. Ao apitar um milésimo de segundo antes da bola entrar, invalidou a hipótese de intervenção do VAR. O que lhe deve ter dado um jeitão!

Três minutos depois a bola entrou, finalmente. Na primeira vez que a bola chegou à linha de fundo, Diogo Gonçalves - finalmente a afirmar-se, e hoje o melhor jogador em campo - cruzou para Seferovic atacar a bola de frente, com os defesas contrários com ela por trás. É para isso que é importante chegar com a bola à linha final, a tal que parece picar.

Quem viu percebeu, no entanto, que não foi uma jogada trabalhada. Quem viu, viu claramente que Diogo Gonçalves só chegou à linha final porque, para fugir de doois adversários, ela foi lá parar. E ele correu atrás dela. Foi sem querer, não faz parte do plano de jogo. Simplesmente aconteceu.

Logo a seguir, dois minutos depois, a bola volta de novo a chegar à linha final, agora do outro lado, e Grimaldo cruza nas mesmas condições. E, claro, nova oportunidade de golo. Que desta vez o guarda-redes defendeu como pôde.

Depois acabou-se. A bola não mais voltou a chegar à linha final, a não ser para marcar cantos. Que foram muitos e nunca deram em nada.

O segundo golo não tardou muito na segunda parte. Aos sete minutos, com os mesmos protagonistas. Diogo Gonçalves não chegou à linha, mas na circunstância também isso não necessário, porque já tinha transportado a bola para além da linha defensiva do Boavista. O que dá no mesmo: Seferovic de frente para a baliza, e adversários com a bola por trás.

Depois do segundo golo, mesmo sem jogar bem - houve períodos francamente maus, sucedendo-se os passes errados, outra das imagens de marca da equipa - o Benfica criou mais umas quantas oportunidades de golo. E Seferovic chegou até ao hat trick, mas as linhas manhosas disseram que estava em fora de jogo por 7 centímetros. O resultado ficou curto. E nisso também a arbitragem teve culpa. Influenciou-o, e muito. 

São três vitórias consecutivas, e sem sofrer golos. É pouco para festejar, mas já há quem faça disto uma festa. Há jogadores a subir de forma - Diogo Gonçalves, Rafa, Otamendi e Lucas Veríssimo - mas não se vê uma subida de forma generalizada e consistente. 

O próximo jogo vai ser a prova  de fogo. A deslocação a Braga vai ser o algodão. Esse não engana!

Arrasado

Benfica sofre primeira derrota na Liga frente ao Boavista (3-0) e Sporting  assume liderança isolada – Observador

 

Não sei o que mais releva desta hecatombe do Benfica esta noite no Bessa. Se o pior jogo dos últimos sete ou oito anos, se este filantropismo do Benfica, o bom samaritano disponível para dar a mão ao Porto sempre que está caído.

A equipa que iria "jogar o triplo" e arrasar, de milhões treinada por um treinador de milhões, é afinal capaz de fazer muito pior do que aquela que se arrastou pela segunda volta do campeonato anterior.

Posto isto vamos ao jogo em que o treinador do Boavista deu um banho táctico ao mestre da táctica. O Benfica não entrou bem no jogo, mas quando, aos 10 minutos, na primeira vez que passou do meio campo, e Darwin fez um golo de craque - que é - pensou-se que estaríamos perante mais um jogo de altos e baixos, que os altos dariam para ganhar. Só que o golo seria anulado pelo VAR, por fora de jogo, que existiu no início da jogada, antes do jovem uruguaio, que traz esta sina de marcar belos golos que não valem, pintar aquela obra-prima. E portanto nada ficou - nem o golo, nem o primeiro ataque, nem o primeiro remate. Tudo isso surgiria à meia hora, quando já há muito que estava a perder. Menos o golo, porque o remate de Vertonghen acertou direitinho no corpo do Leo Jardim, que só na segunda parte faria duas ou três defesas. Das boas, mas não mais que do essas.

O Boavista, que entrara nitidamente receoso - e tinha razões para isso, já que não tinha ainda ganhado a ninguém e pela frente estava a tal equipa que joga o triplo e arrasa - foi ganhando confiança à medida que ia percebendo que não estava ali ninguém que arrasasse. Defendeu com 11 jogadores atrás da linha da bola, mas nunca lá atrás. Fazia isso em cima da linha do meio campo, e daí para a frente. Nunca para trás.

E a equipa do Benfica nunca se entendeu com aquilo. Via 40 metros de terreno livre à frente mas não fazia a mínima ideia de como lá chegar. Não acertava mais de dois passes, não conseguia passar por qualquer adversário, não consegui romper, nem com bola nem sem ela, e não ganhava qualquer bola dividida. Quando conseguiu alguma coisa disso, marcou. Só que sempre em fora de jogo. No tal golo de Darwin, com o passe de rotura de Waldchemidt, e quando Pizzi ganhou a única bola dividida, no caso com o guarda-redes, e depois marcou. Também sem valer.

Ao intervalo já o Benfica perdia por 0-2. O Boavista marcou na primeira vez que chegara à área do Benfica, na conversão (excelente, do Angel, filho do Gil, a promessa daquela geração de ouro do início dos ano 90, que cedo se perdeu, que joga à bola que se farta) de um penalti cometido pelo Cebolinha como se fosse um juvenil de 14 anos. Os do Boavista é que eram rapaziada nova, mas os do Benfica é que pareciam juvenis. E voltou a marcar vinte minutos depois, numa jogada em que Angel e Elis fizeram gato-sapato de Vertonghen e companhia. O Boavista fez 11 remates, contra um do Benfica!

Era impensável que o jogo se mantivesse nesse registo. O mestre da táctica teria de encontrar forma de inverter aquilo. A única dúvida que se admitia era ser iria a tempo de ainda ganhar o jogo.

Mas ... qual quê?

Fez até três substituições ao intervalo, mas precisava de fazer dez.. Saíram Cebolinha que a única coisa que fez foi o penalti. Gabriel, outra nulidade, e Pizzi, pouco mais que isso. E entraram Weigl, Rafa e Seferovic. Só que o primeiro quarto de hora foi uma cópia do que tinham sido os dois anteriores. Tudo continuou na mesma.

Ainda trocou Gilberto, outra das nulidades, só que este já não surpreende (ninguém consegue compreender esta contratação) por Diogo Gonçalves. E Taarabt por Cervi, que nem um minuto de jogo tinha nas pernas. Mas nada mudou.

Apenas num pequeno período, nem cinco minutos foram, o Benfica conseguiu encostar o adversário à sua baliza. E o Boavista acabou até por chegar ao terceiro, pintando o jogo de goleada.

Claro que o Boavista ganhou bem. Na verdade foi a única equipa que jogou. Jogou quase sempre que conseguiu ter a bola, e teve-a apenas em 30% do jogo. Quando não a tinham matavam o jogo com faltas. Trinta e uma, e muitas ficaram ainda por assinalar. Era habitual no Bessa, mas ainda não se tinha visto neste Boavista desta época. E tudo o árbitro Hugo Miguel permitiu...

Mas nada apaga o descalabro completo desta noite. Talvez não seja preciso que a equipa jogue o triplo do passado. Mas é urgente que jogue 100 vezes mais que hoje!

Finalmente

Benfica 3-1 Boavista: Falha de Leite abriu o 'ketchup' e 'águia ...

 

O Benfica regressou hoje, finalmente, às vitórias. E às exibições decentes.

Na sequência do que vinham sendo as prestações da equipa nos últimos longos seis meses, a recepção ao Boavista não se adivinhava fácil. É conhecida a agressividade da equipa axadrezada, a forma como lutam os seus jogadores e até a tradicional resistência que oferecem ao Benfica. Sabe-se como obriga os adversários a, antes de se preocuparem em jogar bem, terem de preparar-se para lutar tanto como eles. E isso não era, neste momento, coisa que os jogadores do Benfica estivessem em grandes condições de fazer.

O início do jogo confirmou todos os receios. No primeiro quarto de hora, mais precisamente nos primeiros treze minutos do jogo, o Boavista impôs a sua lei. Pressionou, encostou o Benfica à sua área, e teve sempre a bola, que ganhava com grande facilidade. Os jogadores do Benfica não tinham nem tempo nem espaço para se organizarem, nem para impor o seu jogo que, tendo o Presidente optado por entregar o comando técnico da equipa ao adjunto de Bruno Lage, a alguém de cumplicidade máxima com o treinador despedido nas condições que se conhecem, não iria sofrer alteração. No modelo de jogo, e nos jogadores utilizados.

O minuto treze foi no entanto fatídico para o Boavista. Na primeira vez que o Benfica conseguiu passar a linha do meio campo, num lançamento longo de Gabriel (sem ter bola, não havia outra forma), o guarda-redes Helton Leite, que se diz estar de malas feitas para a Luz, não segurou a bola e deixou-a ao alcance de André Almeida que, de ângulo difícil, fez o golo.

No primeiro ataque, e no primeiro  remate, o primeiro golo. Coisa anormal neste Benfica habituado a fazer largas dezenas de ataques e remates para nada. E tudo mudou. 

E os jogadores sentiram que tudo tinha mudado. Um golo assim costumavam sofrer, não marcar. Se calhar tinha finalmente chegado a hora. E tinha!

A equipa passou a jogar a bola, as jogadas passaram a acontecer com princípio, meio e fim e, sob a batuta de Gabriel, finalmente regressado à influência que antes tivera e que fizera que, com ele em campo, a equipa nunca tivesse perdido qualquer jogo, as oportunidades de golo começaram a suceder-se.

Quando à meia hora de jogo surgiu o segundo golo, em mais um passe soberbo do Gabriel, concluído de cabeça por Pizzi, já o guarda-redes do Boavista tinha negado o golo por quatro vezes a Chiquinho e a Seferovic com defesas impossíveis, a redimir-se com juros altíssimos do erro inicial. Redenção que de resto se prolongou na segunda parte.

Depois veio o terceiro, desta vez com Pizzi a assistir Gabriel, depois de mais uma bonita jogada colectiva. Num remate de fora da área - apenas o terceiro no campeonato! - a coroar meia hora, se não de luxo, pelo menos como há muito se não via. E que nos deixava todos com a interrogação fatal: o que é se tem passado?

Seria mesmo que os jogadores só queriam ver-se livres de Bruno Lage? Por que é que com os mesmos jogadores, e com o mesmo modelo de jogo, as coisas agora funcionavam?

Não tenho resposta. Não sei se alguém tem...

Na reentrada do jogo, na segunda metade, tudo continuou. A mesma velocidade, com a mesma dinâmica, e com as oportunidades de golo a sucederem-se ao ritmo das defesas impossíveis do Helton Leite. Já não havia dúvidas: era garantidamente o regresso às vitórias, às boas exibições e, esperava-se a todo o momento, às goleadas de que tantas saudades tínhamos.

No entanto, e apesar das oportunidades criadas, o golo que confirmasse a goleada não aparecia. E de repente, do nada, uma falta, um livre lateral (já na primeira parte havia acontecido, repetindo o que vem sucedendo em todos os últimos jogos, só que então o marcador estava em fora de jogo de centímetros) e ... golo do Boavista. No primeiro remate, como vem sendo habitual, o adversário marcou. Sem ter feito uma defesa, Vlachodimos voltava a sofrer um golo...  

Desta vez não se passou nada. A equipa não entrou em pânico, e controlou sempre o jogo. Mas já não era o mesmo futebol, e Gabriel já desaparecia do jogo. Foi bem substituído, mesmo que Samaris, que entrou para o seu lugar, voltasse a não estar, como não poderia estar, bem. Mas as oportunidades de chegar á goleada, mais espaçadas, é certo, continuaram a surgir. Chegou ainda a festejar-se - e que festa! - o regresso de Vinícius - que substituíra Seferovic - aos golos. Mas estava em fora de jogo, por 30 centímetros, ou lá o que era.  

E em vez da goleada que o jogo justificava, e que poderia ser um precioso tónico para o resto desta época medonha, o jogo acabou com um insonso 3-1. Mesmo assim festejado pelos jogadores que, pela voz do capitão Jardel, baralhando-nos a resposta àquelas questões lá de cima, lembraram Bruno Lage e exaltaram o seu carácter e a sua competência. 

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