Na Bolívia milhares de crianças manifestaram-se - com graves confrontos com a polícia - contra uma lei que proíbe o trabalho infantil, uma lei agora aprovada que estabelece os 14 anos como idade mínima de entrada no mercado de trabalho.
Pelas palavras de ordem percebia-se que aquelas crianças reclamavam um direito - o direito ao trabalho - que aquela lei lhes negava. Reclamavam um direito que viola justamente os seus mais básicios direitos, há décadas reconhecidos no mundo dito civilizado. Ouvida pelos repórteres, uma menina explicava que tinha quatro irmãos e que o seu trabalho era indispensável para ajudar os pais a criá-los. Noutras declarações, outros meninos denunciavam que aquela lei condenava as suas famílias a morrer à fome.
Coisa estranha?
Não. Apenas os paradoxos dos dias que vivemos. Simplesmente o ciclo da miséria...
Quando as exportações são a única saída para a economia portuguesa. Quando é na América do Sul que está o seu maior potencial de crescimento. Quando, ainda há uma semana, Portas por lá andava – e bem – a fazer por isso, o mesmíssimo Portas brinda o país com uma última decisão que arrasa com tudo isso.
A actual América do Sul não é só uma das regiões do mundo em maior crescimento, que ninguém responsavelmente pode negligenciar. Não é só a região do mundo com maior homogeneidade política, governada à esquerda. É ainda a região do mundo de maior solidariedade política, onde os governos mais cumplicidades revelam entre si…
Por isso esta é a decisão mais gravosa de Portas. Mais ainda que a da demissão, que terá tomado logo depois… Mas que deveria ter tomado antes!
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