Todos os governos têm o seu elo mais fraco, que rapidamente se transforma em vítima de uma espécie de bullying. É como que sagrado: se não há um gordo - escanzelado também serve - de óculos de fundo de garrafa, que salta logo à vista, a escolha da vítima não perde por isso. De resto, se não há estereótipo tanto melhor - assim escolhe-se quem mais interessa. Normalmente onde dói mais. Ou onde julgam que provoca mais dor...
Este governo já tem o seu elo mais fraco. Já está escolhido: Mário Centeno, evidentemente!
E a partir daí pouco importa se um dos que mais molha a sopa é até um caixa de óculos baixinho e gordinho... Que é como quem diz: o gajo menos credenciado para a vil tarefa!
É bullying, o que Jorge Jesus anda fazer com Rui Vitória. Sabe-se que para resolver o problema e acabar com o bullying só há duas formas: enfrentar o bad boy e agarrá-lo pelos colarinhos, mostrando que não tem medo do ilusório valentão; ou transportar a agressão para a dimensão intelectual, e superiorizar-se aí de forma a que o grandalhão vire pequenino, e que o bad boy fique a falar sozinho, até mesmo envergonhado pelo que está a dizer.
Rui Vitória não faz nenhuma das duas, o que quer dizer que fica em maus lençóis. Por muito que corram em seu socorro, nunca estará a salvo.
Percebeu-se logo que não era tipo para agarrar o bad boy pelo pescoço, e ficou-se à espera que seguisse pela segunda via. Mas não se pode pôr o jogo num tabuleiro que não se domina, porque aí o tiro da vergonha pode sair pela culatra. Tem que se saber muito bem o que se quer dizer e, depois, dizê-lo ainda melhor. Na perfeição. Não saber o que se deve dizer, ou mesmo sabendo-o, não o saber dizer de forma clara, sem engasganços nem dúvidas, estraga tudo. E, francamente, quem não sabe que, em inglês, "one" é muito mais que um algarismo, e que ser "o especial" não tem nada ver com ser " especial um" - ou dois, ou três - não tem sequer acesso a essa segunda via.
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