Um compêndio
Ainda no quadro da histeria que se instalou no país na contestação à evocação do 25 de Abril na Assembleia da República, surgiu mais um episódio que encerra um autêntico compêndio da realidade política deste país.
Conta o JN de ontem que um funcionário da Câmara Municipal da Trofa, um dos muitos portugueses que se manifestaram nas redes sociais incomodadíssimos com o 25 Abril, para quem a celebração foi apenas um instrumento útil para a manifestação desse incómodo profundo, escreveu no seu facebook, convencidíssimo que estava cheio de graça que, se houvesse alguém que pusesse a Assembleia da República a funcionar como uma câmara de gás, pagaria o gás. Expressão que é o que é, mais tudo aquilo que sugere que é.
E que, nessa plenitude, mereceu mais de uma dúzia de "gostos", entre os quais o do Presidente Câmara Municipal da Trofa (e também o do seu adjunto), e líder da estrutura local do PSD. Partido que tem na Assembleia da República dois deputados do próprio concelho da Trofa. E que, através da sua "distrital" do Porto, sem revelar qualquer incómodo com aquela (ex)posição publica, a que não atribui qualquer relevância política, prefere exaltar o excelente trabalho do Sérgio (assim se chama o Presidente da Câmara) e o seu carácter, de que “ainda agora tivemos todos prova ... quando anunciou que tinha decidido doar o seu salário do mês de abril a instituições de solidariedade social do concelho, bem como à Delegação da Trofa da Cruz Vermelha”.
Um autêntico compêndio. Basta reflectir um bocadinho e encontramos aqui praticamente tudo o que nos permite entender o momento político que atravessamos.