Intrujices*
Sabemos que somos gente de grande fascínio pelos graus académicos. Somos um país de doutores e engenheiros. Quem não for senhor doutor, senhor engenheiro ou senhor arquitecto não conta.
Então na política não conta mesmo. Podia lá ser ... um deputado, ou um ministro, que não é doutor? Ou engenheiro?
Não pode!
Mas há um problema. É que a gente da política faz-se nas organizações partidárias. E como é de pequenino que se torce o pepino, começam novinhos nas jotas a subir os degraus que os hão-de levar lá acima – percurso que lhes rouba o tempo mas, acima de tudo, a vontade de estudar.
Tivemos um número um de um governo que começou a cair em desgraça por pretender parecer engenheiro. Depois pretendeu parecer muitas outras coisas, todas bem piores. E bem mais graves!
Logo a seguir foi o número dois – mas com ar de número um – do governo seguinte. Também não resistiu a querer parecer doutor, e acabou mal. Ou talvez não, para esse nunca nada acaba mal.
Vergonhas passam-nas os outros, os que a têm.
Podia pensar-se que depois destes maus exemplos. a gente da política tivesse metido na cabeça que não vale a pena intrujar no currículo. Mas não. Há quem não consiga resistir.
Foi o que aconteceu com um adjunto do primeiro-ministro. Constatou-se que tinha feito quatro cadeiras de uma licenciatura em engenharia: a primeira em 1998, e a última em 2002.
Ora aí está: quatro anos. Com Bolonha, já dá – deve ter pensado!
Já se demitiu. Obviamente!
* Da minha crónica de hoje na Cister FM