A cara das coisas
Por Eduardo Louro
As notícias que ultimamente vieram a público envolvendo a ex-mulher de José Sócrates não são mais que a própria cara do ex-primeiro ministro. Nada que surpreenda por aí além. Ninguém fica muito admirado por ver a cara de Sócrates em actos que envolvem a mulher de quem há muito está divorciado...
Repare-se: a sua ex-mulher vende um apartamento pelo dobro do valor de mercado a uma empresa do seu amigo, alegadamente para lhe pagar as obras que ele fez num outro. O mesmo amigo, o amigo comum, o amigo presente em toda a história… Passado algum tempo a empresa do amigo, entretanto em falência, vende-o por metade do valor por que comprou. Recebe o sinal e nunca mais faz a escritura para receber o resto. Pelo meio há uma procuração da vendedora para o comprador, que só é utilizada mais de um ano depois da data de emissão…
Mas também compra um monte no Alentejo, por uma pipa de massa financiada pelo BES, com a garantia de uma aplicação financeira no mesmo valor. Financiamento que é pago através de uma prestação mensal ao alcance de poucos, a rondar os 5 mil euros. Por acaso, o valor que recebe do amigo, sempre o mesmo amigo de ambos – claro que se os antigos cônjuges preservaram a amizade para que o amor provavelmente caiu, não há por que não preservar a amizade de terceiros – por uma avença mensal de serviços de consultoria urbanística. Coisa objectiva como bem se vê!
Há coisas que têm cara. E estas, de tanta trapalhada, são a cara chapada de Sócrates. Parece-me claro que só não a vê quem sofrer de sérios distúrbios oftalmológicos… Olhamos para elas e percebemos o direito na prisão preventiva, mesmo que as linhas possam estar todas tortas!