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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Incompreensivelmente tarde...

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A ERC demorou muito tempo a perceber que os operadores de televisão andavam a  enganar as pessoas que têm à sua mercê, de frente para o ecrã. Depois de tantos anos - por aqui há muito que denunciamos o escândalo - o regulador oficial descobriu finalmente o que toda a gente tinha todos os dias à frente dos olhos. Mas só agora é que essas "práticas enganosas e agressivas" das televisões começam a ser objecto de sanção.   

Mais vale tarde do que nunca. Mas é muito tarde... Incompreensivelmente tarde!

Aldrabices de valor acrescentado - finalmente!

Por Eduardo Louro

 

Há já quatro anos que trouxe aqui a minha indignação com as chamadas de valor acrescentado, de que as televisões usavam e abusavam. Dizia na altura que não tinha nenhuma dúvida sobre a sua ilegitimidade, e chamei-lhes "aldrabices de valor acrescentado". 

Uma aldrabice que, autêntico maná para os oligopólios da televisão e das comunicações, ninguém ousou enfrentar. Por isso cresceu e multiplicou-se, até ultrapassar todos os limites da decência, quando passou a ser objecto da mais abjecta e agressiva forma de promoção. Formas de promoção que não eram apenas ilegítimas pela pressão que exerciam no telespectador, pressão exercida exactamente pelos seus ídolos, pelas vedetas do pequeno ecrã que o público quase venera. Eram ainda ilegítimas pela deslealdade competitiva e concorrencial, e pelo abuso de posição dominante. As estações de televisão usam, na promoção dessa aldrabice, recursos ilimitados, a que mais ninguém alguma vez conseguiria aceder: tempo ilimitado e caras inesgotáveis. Tudo de borla, tudo sem qualquer restrição, totalmente desregulado!

Há quatro meses voltei ao tema - e ao título - dando justamente conta da pouca vergonha que estava instalada. A verdade é que isso não preocupava mais ninguém. Os poderes públicos, tão rápidos e eficazes a perseguir o cidadão nas mais pequenas coisas, ou não viam ou não queriam ver!

Finalmente, mas apenas, ao que conta o Diário de Notícias, depois de ter recebido duas queixas, a Entidade Reguladora da Comunicação (ERC)  anuncia que vai investigar. Não sei se mais vale tarde do que nunca. Sei que é este o Estado de Direito em que vivemos!         

Aldrabices de valor acrescentado II

Por Eduardo Louro

 

Aqui há muito tempo insurgi-me - e por isso recupero o título - com a prática de uma espécie de jogo que as televisões promoviam, e promovem. Jogos de sorte e azar, de apostas, de forma mais ou menos encapotada, mas também consultas de opinião. Tanto sorteiam bilhetes para este ou aquele espectáculo, camisolas, sei lá… como se limitam a pedir... uma opinião. Sempre com uma chamada de valor acrescentado por trás!

Questionava então a legalidade de tal coisa, certo no entanto da sua ilegitimidade, e não imaginaria o salto qualitativo que o negócio, que se está nas tintas para a legitimidade, já preparava. Pôr dinheiro em cima da mesa foi o passo seguinte das televisões!

Mas o pior nem foi isso. Nem sequer passar a usar as respectivas cabeças de cartaz na promoção do negócio. O pior mesmo foi passar a usá-las na pressão, na intolerável pressão, sobre o telespectador!

As três televsões generalistas - sim, a estação pública também lá está - passam perto de sete horas por dia, sete dias por semana, através das suas principais estrelas, e ídolos do grande público, a pressionar os telespectadores a ligarem para o 760 não sei quantos, a garantir-lhes, olhos bem nos olhos, que é a sua vez, que ali têm à mão os mundos e fundos que lhes irão permitir tudo o que sempre ambicionaram. É tão simples: é só ligar!  

É assim todos os dias, a todo o momento, entre as 10 da manhã e o fim da tarde. Durante a semana, e ao sábado, e ao domingo... Em estúdio ou nas praças das vilas e cidades do país, para onde as três vão, no Inverno passar o fim de semana e, no Verão, as férias. Pelo que presumo seja o target das audiências daquelas estações, naqueles horários, nãos será difícil perceber o sucesso do negócio. Naquele target só poucos, muito poucos, terão condições para resistir ao longo de horas a fio à pressão, olhos nos olhos, dos seus ídolos. Dos seus Gouchas, das suas Cristinas, das suas Júlias, ou das suas Sónias... Muitas vezes, quase sempre, com a cumplicidade dos seus interessantes convidados...

Aqui já não é apenas a legitimidade que está em causa. Nem sequer a ilegalidade: se não é ilegal, deverá ser; terá que passar a ser. Isto é simplesmente inaceitável!

Porque é um jogo de dinheiro. Porque recorre a publicidade ilegal - aquele tipo de comunicação, quando ganha a forma de publicidade, não pode ser legal. Porque é concorrência desleal com as entidades que exploram legalmente esses jogos. Mas, acima de tudo, porque assenta numa relação desigual. De um lado, a vender, está uma entidade poderosíssima, lançando mão a tudo, incluindo ao abuso de confiança, e do outro, consumidores indefesos, entregues às suas companhias de todos os dias. E com o telefone ali tão à mão...

Aldrabices de valor acrescentado

Por Eduardo Louro

 

Todos os dias tropeçamos em pequenas habilidades que têm por único fim apanharem-nos os poucos euros que vamos conseguindo manter nos bolsos. Depois dos impostos, da gasolina, do supermercado, das prestações da casa, do carro e de sabe-se lá mais o quê. Dos parquímetros e dos arrumadores que nos obrigam a pagar o estacionamento em dobro. Depois de termos conseguido segurar os últimos euros à custa de tantos e tantos cortes e de mais uns furos no cinto, ainda surge um autêntico exército de chicos espertos a magicar todas as formas  de os conseguir sacar. São autênticos ímanes apontados aos nossos bolsos!

Umas vezes de forma legal, muitas de forma ilegal, mas sempre de forma ilegítima!

À frente deste exército encontramos invariavelmente o mundo das telecomunicações. As novas tecnologias transformaram-nos em comunicadependentes e, como em todas as dependências, lá estamos nós disponíveis para alimentar mais uma vaga de traficantes que rapidamente ocupa os mais diversos pontos na cadeia de distribuição.

Se nos distraímos lá estão uns tipos a dizerem-nos que ganhamos isto e aquilo e, de repente, só damos com uns euros a voar nas asas de uns ora atrevidos ora incautos sms. Tudo legal! Tão legal que até as operadoras, invariavelmente os maiores chicos espertos, lhe dão cobertura…

O que todavia mais me impressiona é a generalização e a utilização indiscriminada das ditas chamadas de valor acrescentado. Que sejam utilizadas pelos chicos espertos, enfim: o que é que podemos fazer? 

Mas não, são utilizadas por toda a gente. Por gente absolutamente insuspeita e pela mais respeitáveis instituições. Evidentemente com a bênção de todas as altíssimas entidades reguladoras e de supervisão que, supostamente, velam por nós - pobres cidadãos e indefesos consumidores.

São as televisões, que descobriram o filão e já não há concurso que não seja decidido sem as tais dos 60 cêntimos, mais IVA. Do mais simples e insignificante concurso ao próprio concurso das cantigas da Eurovisão e das estações associadas.  Do maior português ao ídolo do momento. Às 7 maravilhas! Elegem-se assim as 7 maravilhas de tudo e mais umas botas

As sondagens são já substituídas pelas consultas de opinião, sobre o que quer que seja, a troco de uma chamada com aquele mágico custo. Por dá cá aquela palha qualquer estação de televisão quer saber a nossa opinião. Que nós damos pelos módicos 60 cêntimos, mais IVA.

Mas também simples sorteios travestidos jogos de apostas!

É durante a transmissão de uma corrida de touros que se sorteiam bilhetes mediante a resposta a uma pergunta de algibeira, do tipo das dos tipos que nos enganam com os sms. Ou durante a transmissão de um jogo de futebol, onde se sorteiam bilhetes, bolas ou camisolas …

Pelos vistos nada disto é ilegal. Mas é ilegítimo e deveria sê-lo!

Estes sorteios são um negócio. Um negócio obscuro, sem transparência e sem risco. Vezes há em que, apesar de tudo, ainda há alguma transparência: é quando informam que oferecem uma camisola a cada 500 chamadas. Aí dá para ver o chico-espertismo e para fazer as contas à aldrabice!

As consultas de opinião são outra aldrabice. Perigosa e perversa!

Acha que isto ou que aquilo?

Parece-me normal que qualquer pessoa se interrogue: por que carga de água terei de pagar para dar uma opinião … que me estão a pedir? Não faz sentido, e como acho que as pessoas não são estúpidas, tenho que concluir que só vai gastar o dinheirinho quem tiver alguma coisa a ganhar com isso.

Por exemplo, ainda ontem uma estação de televisão questionava se Carlos Queiroz se deveria ou não demitir. Quem é que, no meio de todo este imbróglio em que ele está envolvido, teria interesse no sentido da resposta?

A resposta parece-me fácil e, já agora, o resultado foi esmagador: mais de 70% achava que não se deveria demitir!

Com tantas altas autoridades não haverá uma só que seja que perceba que isto assim não vale? Ou que não devia valer!

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