A História ganha jogos, Curtois faz o resto. E o Real Madrid ganha a Champions. A décima quarta!
Em Paris, o Liverpool jogou mais, e rematou muito mais. O Real fez dois remates, acertou com um na baliza, fez um golo e ganhou. Alison não fez uma defesa, Courtois fez dez!
Champions e Real Madrid confundem-se!
O jogo não foi lá grande coisa. E não deve ter sido por ter começado com quase 40 minutos de atraso, coisa nunca vista. Como nunca se tinha visto adeptos entrarem no estádio trepando pelos portões fechados.
O Benfica despediu-se da Champions, afinal a única competição onde esta época terá percorrido um trajecto aceitável. Acabou por se ficar pelos quarto de final o que, não sendo mau, também não é nada por aí além. Não que nesta fase da maior competição de clubes do mundo, e perante o quadro de concorrentes, fosse exigível muito mais. Não que o Liverpool não seja uma das mais fortes equipas do mundo. Apenas pelo que foram os dois jogos da eliminatória, e pelo exemplo que foi dado pelo Villareal, ao eliminar ... o Bayern.
Com o que aconteceu ontem em Munique, o Benfica não tem nada a ver. Aconteceu o que às vezes acontece, quando há rigor competitivo. Já com o que aconteceu nos dois jogos da sua eliminatória com o Liverpool,, o Benfica tem muito que se diga A começar na falta de rigor competitivo, a tal coisa que faz acontecer o que às vezes acontece. E que aconteceu à equipa espanhola.
Claro que o jogo de hoje, em Anfield Road, estava marcado pelo resultado na Luz, na passada semana. A própria equipa com que o Liverpool entrou em campo, sem quatro ou cinco dos jogadores mais utilizados de início, reflectia isso. E por mais que Nelson Veríssimo verbalizasse fé, que falasse em marcar primeiro para ainda discutir a eliminatória, marcar três golos ao Liverpool era coisa de elevado grau de improbabilidade. Não sofrer nenhum, não era mais fácil, mas era a condição necessária. Só que, como se tem visto, um jogo sem sofrer golos é coisa que o Benfica não sabe o que é.
Falar das hipóteses do Benfica eliminar o Liverpool e seguir para as meias finais era coisa do domínio da fantasia. O que havia era um jogo para jogar e sair dele com a maior dignidade possível, sem danos pesados de prestígio, e sem deixar a equipa mais arrasada do que tem andado. E para isso, o jogo deu.
O Benfica entrou benzinho e a jogar um futebol que não envergonhava ninguém. Um jogo entretido, e dentro das melhores expectativas. O primeiro remate a sério até foi do Benfica, naquele pontapé de Everton com a bola a fugir de Alisson Becker. Fugiu tanto que acabou para sair rente ao poste direito do guarda-redes, sem qualquer hipótese de defesa. Só que pouco depois, ia ainda a primeira parte a meio, no primeiro canto para o Liverpool, o primeiro remate e o primeiro golo. Exactamente igual ao também primeiro na Luz. A única diferença é que, na Luz, Kanoté disputara a bola com Everton, com pouco mais de metade da sua altura; desta vez disputou-a no meio dos centrais do Benfica.
Do rigor, do tal rigor de que se fazem as coisas que às vezes acontecem, ficamos conversados. Voltemos por isso ao que se podia tirar do jogo. Foi o que Darwin fez logo a seguir, dois minutos depois, com um grande golo, numa execução de classe, a picar a bola por cima de Alisson Becker. Não contou, foi anulado por fora de jogo, mas ficou na fotografia. Contaria o de Gonçalo Ramos, dez minutos depois. Era o empate, e era também um belo golo. E lá se foi até ao intervalo, com tudo dentro do melhor cenário ... possível.
Ao intervalo Nelson Veríssimo trocou Diogo Gonçalves - que iniciara a partida face à lesão de Rafa sem que, como de costume, se tivesse dado por ele - por Yaremchuk. Normalmente era coisa para dar no mesmo, mas não foi tanto assim.
Dez minutos depois, de novo o rigor. Vlachodimos mergulhou bem aos pés de Firmino, mas depois é o próprio joelho que lhe tira a bola das mãos. E Vertonghen, atarantado, cortou-a na direcção do Diogo J quando havia tantos outros sítios para mandar a bola. Até para a bancada. Assim foi parar de novo ao Firmino que fez um golo fácil. Logo a seguir Klopp fez entrar a maior parte dos mais titulares, e dez minutos depois mais um golo de bola parada, com o Firmino a bisar na resposta a um livre lateral. Nada que não seja habitual. Parece que defender em lances de bola parada continua a não fazer parte do trabalho de casa. Hoje foi no jogo que a defesa dos cantos foi treinada. No primeiro claro, o treino ainda estava por fazer.
Com 3-1, já com as estrelas todas em campo, e com meia hora para jogar, temia-se que a falta de rigor empurrasse o jogo para fora daquilo que dele havia para tirar. Mas não. porque oito minutos depois Yaremchuk marcou, em mais um golo de boa execução, a ladear o guarda-redes. E mais outros oito minutos depois foi Darwin a chegar ao empate, no mais bonito de todos os golos. Para ter mais graça com o VAR, em ambos os casos, a corrigir o fora de jogo mal assinalado no campo.
Para abrilhantar a coisa, e o jogo acabar em grande, logo no minuto seguinte Allison Becker, na defesa da noite, evitou o quarto, num grande remate de Darwin. E ainda haveria tempo para serem anulados, por fora de jogo, um golo para cada lado. O último a Darwin - no último minuto, por muito pouco - que assim, com três golos de grande execução, mesmo que só um tenha contado, reforçou a sua cotação de mercado. No fim, essa é a cereja no topo do bolo ... que o jogo deu.
O resto são "ses" ... Se a equipa fosse competente a defender, se o árbitro tivesse assinalado o penálti na Luz .... Quantos mais "ses" se levantarem, mais outros "ses" se levantarão ....
Começava assim um texto sobre um jogo com o Chelsea, faz, hoje 10 anos, que então eliminou o Benfica nos quartos de final da Champions. Quando hoje o republiquei aqui, na rubrica "Há 10 anos", não imaginava, nem de perto nem de longe, que no final deste jogo de hoje com o Liverpool pudesse, com algum propósito, repetir essa entrada.
Este Benfica doente não tinha qualquer tipo de hipótese de resistir a este Liverpool pela frente, que só ganha e que nem sequer sofre golos, uma das três melhores equipas do mundo na actualidade, e um dos mais sérios candidatos à reconquista da Champions. E no entanto, não se podendo dizer que o Benfica mereceria ganhar este jogo, poderá bem dizer-se que não o mereceu perder. "Não há vitórias morais", mas há derrotas imorais. Esta, desta noite, foi imoral!
Como se esperava, o Benfica entrou com a preocupação de retardar o golo do Liverpool, tido por toda a gente por inevitável. O primeiro golpe podia ter sido evitável. Resistir como resistiu naquela fase inicial do jogo, e sofrer o inevitável golo num canto, e logo no primeiro, e logo aos 17 minutos, foi um duro golpe na estratégia.
A equipa sentiu-o bem, e as bancadas não menos. E o "inferno da Luz" tornou-se de repente no céu de Anfield. Passados precisamente mais 17 minutos, surgiu o segundo golo, esse sim, inevitável. Porque perfeitamente dentro do padrão do futebol deste Liverpool, e dentro dos riscos que Taarabt sempre traz ao Benfica: mais uma perda de bola do jogador marroquino permitiu uma transição rápida, com tudo feito ao primeiro toque. Inevitável.
Pensou-se então que a goleada, com os cinco da praxe com que os tubarões habitualmente saem de Portugal - mais do Dragão e de Alvalade, é certo - seria uma simples questão de tempo. Bastava fazer contas - um golo a cada 17 minutos, dava em cinco.
Os mais optimistas pensariam então que o ciclo seguinte já só chegaria na segunda parte. E puxariam à memória a segunda parte do jogo com o Ajax, mesmo sabendo que este Liverpool é de outro campeonato.
Nelson Veríssimo é um optimista, já percebemos. Não lhe tem valido de muito, mas é. Deve ter passado isso aos jogadores ao intervalo, e a verdade é que a segunda parte fez lembrar a do Ajax. Rafa deu logo o mote, fazendo tudo bem menos o remate, e anunciou que o golo andava por ali. E chegou, logo aos 4 minutos, numa falha do defesa Kanoté, o gigante que marcara o primeiro golo e que se fartou de abusar do cabedal, que Darwin aproveitou, com concentração e categoria na execução. Dois minutos antes de se completar o tal ciclo de 17 minutos, o terceiro do jogo.
A partir daí o ciclo foi outro, e o 2-2 esteve sempre mais no horizonte do que qualquer passo para a goleado do costume. O próprio Darwin esteve por duas vezes em condições de estabelecer o empate. Everton esteve ainda mais perto, num remate para defesa apertada de Alisson, ficando depois a faltar a recarga.
A Luz voltou a ser inferno, e a equipa ia crescendo. Recuperava todas as bolas no meio campo, muito por força do novo posicionamento de Darwin, agora mais recuado quando em tarefa defensiva, trocando a marcação aos centrais pela pressão no meio campo, e do inesgotável Gonçalo Ramos, e partia rápida para o ataque.
Klopp sentiu o perigo e por volta dos 60 minutos revolucionou a equipa com três substituições de uma só vez. Melhorou a posse de bola, e controlou melhor o meio campo. Mas nem assim secou as saídas do Benfica e, numa delas, aos 69 minutos, o árbitro espanhol Jesús Gil Manzano, que já em muitas circunstancias tinha mostrado ter habilidade portuguesa, não quis ver penálti no empurrão com que, depois de ultrapassado por Darwin, Van Dijk o afastou da bola.
Na Luz, jogadores e bancadas, continuaram a acreditar que haveriam de chegar ao empate, e repetir o resultado do Ajax. O tempo ia passando, e sobrando cada vez menos para isso. Faltavam dois minutos quando, em mais uma saída para o ataque, uma tentativa de combinação entre Grimaldo e João Mário (que entrara havia pouco para substituir o enorme Gonçalo Ramos) resultou numa intercepção de Keita, que arrancou com a bola sem marcação. No passe para a desmarcação de Luis Diaz, a tentativa de intercepção de Otamendi correu o pior que podia ter corrido: deixou Weigl fora da jogada e o pequeno desvio que deu à bola serviu apenas para melhor enquadrar o colombiano para o golo.
O golo imoral , que somou à assistência para o segundo, de Mané, e que fez dele o homem do jogo para a UEFA. Para gáudio de muita gente, imagino.
Houve erros. Muitos deles são recorrentes e inaceitáveis. No campo e no banco. Mas quando os jogadores dão tudo, até esses erros se perdoam. Depois deste resultado, já nada salva a eliminação nestes quartos de final da Champions. Mas também ninguém acreditaria que pudesse ser possível eliminar este Liverpool. Nem mesmo com o 2-2 que os jogadores fizeram por merecer, e o árbitro por negar.
"Heróis" - estava escrito na manga das camisolas pretas com que os jogadores do Benfica disputaram este jogo em Amesterdão, em que garantiram o apuramento para os quartos de final da Champions. Um equipamento todo preto, o secundário usado na época passada, que nunca me pareceu bonito se não hoje. Pena que o glorioso símbolo ao peito tenha perdido as cores, e ficado apenas a preto e branco.
E foi isso que foram os jogadores do Benfica - heróis. Como a pescada - antes de o ser já o eram! Foi tão feliz a ideia que até se perdoa que tenham deixado o símbolo a preto e branco.
Não foram pescados os jogadores do Benfica. Nem caçados, nunca se deixaram apanhar. Os heróis são assim, e o Benfica deixou de fora a equipa com o melhor desempenho na fase de apuramento, a máquina de fazer futebol e golos que antes tinha cilindrado todos os adversários que tinha encontrado. O Sporting que o conte, com os nove golos com que foi presenteado.
O Benfica ganhou o jogo, exactamente da mesma forma como tem perdido tantos. O Ajax dominou, com um domínio que chegou a ser asfixiante, na primeira parte. Mas foi o Benfica a ganhar o jogo, em que apenas conseguiu efectuar quatro remates, com um golo no único que atingiu a baliza do regressado Onana.
Ganhou o jogo, e a eliminatória que tinha conseguido deixar em aberto na Luz, com aquele empate a dois golos, defendendo. Sabendo defender durante todo o jogo, mas sabendo fazer mais alguma coisa na segunda parte. Porque, na primeira, só defendeu mesmo. Mais nada saiu bem.
Os jogadores do Ajax foram sempre mais rápidos, mais fortes e melhores - técnica e tacticamente. Os jogadores do Benfica não conseguiram ligar uma jogada, sempre que recebiam a bola já tinham um ou dois adversários em cima. Que chegavam sempre primeiro, que eram sempre mais fortes nos duelos, e por isso recuperavam imediatamente a bola, para depois fazer das faixas laterais um quebra cabeças para a equipa do Benfica.
Para esse desequilíbrio muito contou a pressão dos jogadores da equipa holandesa - a partir de hoje, depois de ouvir toda a gente do Ajax falar em Holland, não lhe chamo mais neerlandesa, nem Países Baixos -, mas também o inesperado desacerto de Rafa, a quem não deixaram tocar na bola, e o esperado desacerto de Taarabt, cuja inclusão na equipa, para este tipo de jogo, é muito difícil de compreender. Não é preciso conhecer muito de futebol para saber que Taarabt não sabe defender e, muito menos, segurar a bola e passá-la. No seu melhor, e com espaço, será capaz de a conduzir em progressão, mesmo que na maioria das vezes para nada.
Na primeira parte, Rafa e Taarabt simplesmente não existiram para o jogo. Só que de Rafa espera-se sempre alguma coisa, e muitas vezes muitas. Nelson Veríssimo terá pensado isso mesmo, e deixou-o ficar para a segunda parte, e até ao fim do jogo. Taarabt apenas lhe facilitou a dor de cabeça que tem sempre nas substituições. Trocou-o ao intervalo por Meité, e acertou.
Com o francês que veio do Turino a saber defender e segurar a bola, e com Rafa a acabar por aparecer - os jogadores do Ajax também já não conseguiram manter a pressão da primeira parte - a máquina de futebol montada na equipa holandesa começou a engasgar, e a avalanche sobre a área do Benfica passou a ser intermitente. É certo que o Ajax continuou por cima do jogo, com mais bola, mais ataques e mais remates. Mas nunca chegou ao domínio avassalador da primeira parte, e em especial do último quarto de hora.
O Benfica que defendia bem, mas perdia imediata e sucessivamente a bola, continuou a defender bem, mas já não perdia bola logo. Já a segurava e a trocava. Não dava para muito, mas sempre dava para conquistar umas faltas, uns livres e uns cantos. Dos três cantos conquistados na primeira parte - de resto consecutivos - já se tinha percebido que poderia ser por ali.
E foi. Uma falta bem conquistada pelo Gonçalo Ramos deu num livre lateral. Batido pelo Grimaldo - sempre nas bolas paradas - a preceito, e concluído de cabeça pelo Darwin, ganhando de cabeça ao defesa Timber e antecipando-se a Onana. Que não fez uma única defesa. O relógio marcava o minuto 77, e só não estava encontrado o herói do jogo porque todos eram, e foram, heróis.
Sentiu-se - sentiram-no os jogadores e sentimo-lo todos - que o jogo estava ganho, e que o lugar entre os oito melhores da Champions já não fugiria. Já só era preciso sofrer mais um bocadinho, e os heróis sabem fazê-lo. O resto era trazer para o jogo as lições que aprendem em todos os jogos do nosso campeonato, para ajudar a passar o tempo.
Que foi passando, sem grandes sobressaltos. Mesmo com 6 minutos de compensação, que passaram a 7, e acabaram em oito. Valeram bem, esses dois minutos acrescentados: no primeiro, Yaremchuk, que havia substituído Everton ainda antes do golo, isolou-se e bem poderia ter marcado o segundo. Teria bastado que, primeiro, tivesse sido mais expedito no remate e, depois, não o tendo sido, que tivesse conseguido dar a bola a Rafa, ali ao lado. O segundo deu a oportunidade a Vlachodimos para verdadeiramente brilhar no jogo, com uma grande defesa. Que não contou para as estatísticas por o lance ter sido anulado por fora de jogo. Cobrou o livre, e o árbitro apitou.
Para a festa. Dos heróis de Amesterdão e de todos nós. Em especial dos de nós que lá estavam, e tomaram conta do fantástico Johan Cruijff Arena, engalanado para receber este jogo memorável.
Um grande jogo de futebol num grande ambiente, como há muito se não vivia na Catedral. E no entanto nada disto seria expectável, à luz do que tem sido o desempenho da equipa do Benfica. Sabia-se que o Ajax tem selo de garantia, e que viria à Luz exibir a qualidade do seu futebol. Isso era praticamente dado por adquirido.
Mas isso não era garantia de um grande noite. Era, pelo contrário, mais um motivo para recear uma noite de pesadelo. Para que fosse uma grande noite era preciso Benfica. Só com um grande Benfica poderia haver uma grande noite na Luz. E esse não estava anunciado. Não era na teoria dos 50/50 de Nelson Veríssimo que se via esse anúncio. Ninguém acreditava naquilo, era coisa para levar tão a sério como a outra de continuar com o objectivo de ser campeão nacional.
Mas a verdade é que houve Benfica. O Benfica compareceu, disse presente e, juntou o querer e a qualidade dos seus jogadores à qualidade dos jogadores e do futebol do Ajax, para que a Luz voltasse a viver uma grande noite. De que só ficam dois amargos - o resultado, o empate fica aquém do que a equipa fez por merecer, e fica a dever-se à menor eficácia na finalização, e ainda á influência da arbitragem, ao negar o penálti claro sobre o Gonçalo Ramos; e confirmação que o Benfica está na situação em que está porque os jogadores não têm querido fazer mais.
Hoje quiseram, e aceitaram o desafio de se bater de igual para igual com a melhor equipa da Europa, a seguir aos três grandes de Inglaterra e ao Bayern. E quiseram durante o jogo inteiro, e não só a espaços, como tem vindo a acontecer.
O jogo até nem começou da melhor maneira para o Benfica. O Ajax começou a pressionar muito alto, condicionando muito a saída de bola, que Nelson Veríssimo decidiu desta vez fazer através dos laterais, em vez do eixo central através de Weigl. Com essa pressão ganhava muitas bolas que, depois, a qualidade dos seus jogadores e as dinâmicas mais que consolidadas da equipa, cedo começou a criar problemas. Foi assim que chegou ao golo, logo aos 18 minutos: saída de bola pela esquerda, com Grimaldo a dominar mal a bola, que já não vinha fácil de receber pela pressão sobre o guarda-redes, e a perdê-la. Depois foi o craque Antony a colocar a bola na esquerda, onde não estava Gilberto, que ia a sair, mas Tadic, sozinho, para marcar.
Poderia pensar-se que a equipa afundaria, como sempre tem acontecido à primeira contrariedade. Mas não. A Luz não deixou, e os jogadores quiseram responder ao apoio que o golo simplesmente intensificou. E responderam, e à segunda oportunidade chegaram ao empate, num auto-golo de Haller, o melhor goleador desta edição da Champions, mas perfeitamente justificado pela reacção ao golo sofrido, apenas 7 minutos antes.
Mas era notória a diferença da qualidade do futebol praticado pela equipa de Amesterdão. O futebol do Ajax fluía naturalmente, altamente mecanizado e com dinâmicas de posicionamento verdadeiramente espectaculares, que não se esgotam nos movimentos daquele notável trio atacante. Os laterais aparecem em todo o lado, até a finalizar. Como surgem os próprios centrais a finalizar lances de construção. E o empate não chegou a durar 5 minutos, com Haller a marcar, agora na baliza certa, e a fazer o que tem feito em todos os jogos. Numa recarga, a uma defesa para a frente de Vlachodimos.
Faltava mais de um quarto de hora para o intervalo, e pensar-se-ia que o descalabro teria apenas sido adiado. Mais uma vez as bancadas disseram para dentro do campo que não. Que havia que resistir. E foi praticamente isso que a equipa fez, com a alma e crença que não tem tido, até ao intervalo.
Para a segunda parte estaria guardado o melhor bocado da grande noite da Luz, com o Benfica a mandar no jogo, e a impor uma superioridade no jogo que não se julgaria possível perante um adversário tão qualificado. Foi mesmo uma grande exibição do Benfica, a superiorizar-se em todos os capítulos do jogo, com todos os jogadores em grande ritmo e num elevado nível exibicional, mas em especial Grimaldo, Darwin, Taarabt, Gonçalo Ramos e Rafa. E até Yaremchuk, que entretanto entrara a substituir Everton - outra bela exibição -, que marcaria o golo do empate, numa recarga a um grande remate de Gonçalo Ramos, depois de espectacular defesa do guarda-redes adversário. Que não se quis dissociar deste momento difícil para o seu povo, tirando a camisola para mostrar o símbolo das forças armadas do seu país, numa manifestação que a UEFA não deixará de penalizar. Bem mais que o inevitável amarelo que viu de imediato. Gonçalo Ramos - em mais um exemplo da maturidade que ainda teve tempo de deixar em campo - tentou impedi-lo de tirar a camisola, mas a determinação do ucraniano era inabalável.
E o Benfica só não juntou a vitória à exibição porque desperdiçou três ou quatro flagrantes ocasiões de golo. E porque, como já referido, o árbitro esloveno - sempre muito mais permissivo, quer em faltas quer no plano disciplinar, para os jogadores do Ajax do que para os do Benfica - fez vista grossa ao tal penálti sobre Gonçalo Ramos.
Veremos o que fica desta exibição, e desta grande noite da Luz. Se vai dar razão aos 50/50 de Nelson Veríssimo, em que ninguém acreditava. Se vai servir para finalmente acabar com a intermitência da equipa, e estabilizá-la para o que falta de uma época em que, já nada tendo para ganhar, poderá ainda lutar pelo segundo lugar no campeonato que garante o apuramento para a Champions. Ou se não vai servir para nada!
Nem para ajudar o Rui Costa na escolha das companhias. Depois de há dois dias ter sido visto a cumprimentar afavelmente Pinto da Costa, hoje também não ficou bem visto entre Fernando Gomes e Pedro Proença. Como as coisas estão, e com a centralização dos direitos televisivos a avançar a alta velocidade, aconselhar-se-ia algum cuidado com as companhias.
O Benfica despachou o Real Madrid em menos de dois tempos. Jorge Jesus adivinhou: o sorteio para os oitavos de final da Champions deu-lhe o tubarão espanhol. E voltou a acertar, quando logo garantiu que passava.
E não é que passou? Passou pois, passou ao lado, mas passou. Qual fanfarronice, qual quê!
Pois foi. A UEFA voltou a meter água e o sorteio inicial foi anulado e substituído por outro. Como se sabe, nos sorteios da UEFA, para além de bolas quentes também há condicionalismos. Dois: nesta fase não se podem cruzar nem equipas do mesmo país, nem equipas que se tenham defrontado na fase de grupos. E a UEFA falhou duas vezes. Na primeira, sorteou um jogo entre o Villareal e o Manchester United, que se tinham apurado no mesmo grupo. Deu pelo erro, voltou atrás e prosseguiu com o sorteio. Só que, tendo retirado a bola do United, não a voltou a colocar quando prosseguiu.
Parecia que toda a gente estava satisfeita. O Sporting, satisfeito com a Juventus. E o Real Madrid, que não ligou nada às profecias de Jesus, com o Benfica. O problema é que há um Bayern de Munique, e desse só o Benfica se livrava por ter acabado de levar com eles. Calhou ao Atlético de Madrid, que lá estava no lugar do Porto. Não achou graça e disse que não valia. Só não disse, mas podia ter dito, que se tudo batesse certo a bolinha do United sera deles. Mas bastou-lhes o que disse, e duas horas depois lá estava a UEFA a fazer novo sorteio e a dar-lhe a equipa de Cristiano Ronaldo, Bruno Fernandes e Dallot.
Tinha razão, o Atlético de Madrid - o United era mesmo deles. E lá despachou o Bayern para os vizinhos austríacos do Salsburgo. O Chelsea, campeão em título, e segundo classificado no apuramneto, atrás da Juventus, é que não abriu mão do brinde Tinha-lhe saído oo Lille - o primeiro classificado do apuramento que todos queriam - e com ele voltou a ficar. Foi o único emparceiramento que se repetiu.
O Sporting acabou por ficar com o mais excitante Manchester City. E o Benfica com o Ajax, de Erik ten Hag, que mesmo depois de despachar o Sporting com nove golos, e não dizendo nada de mais, não se livrou de parangonas com vontade de devorar o Benfica ....
O Real Madrid não achou muita graça ficar com o Paris Saint Germain. Mas deve ser apenas por ter sido o seu eterno rival de Madrid a levantar a lebre...
Temos de procurar alguma graça, nestas barracas da UEFA. E acabamos sempre por encontrar...
Antes da bola começar a rolar para este último e decisivo jogo da fase de grupos da Champions, na Luz, com o Dínamo de Kiev, último classificado com apenas um ponto - o tal do empate na Ucrânia, na primeira jornada - as sensações não podiam ser as melhores. Desde logo porque o treinador, acossado como está, e apenas a pensar na sua pele, tinha dado por cumprido os objectivos para esta competição - ter chegado à fase de grupos era tudo o que a sua ambição permitia. Mas também por vermos André Almeida a constituir o trio de centrais, depois do que tinha sido o seu desempenho na passada sexta-feira, no dérbi.
O início do jogo abriria no entanto outras perspectivas. e ameaçava fazer esquecer esses maus sentimentos. Logo aos 30 segundos Yaremchuk surgiu isolado na cara do guarda-redes ucraniano, que conseguiu a defesa mas deixou a bola à mercê de Rafa. Que chutou para a bancada, numa perdida que só não poderemos chamar de escandalosa porque, 7 minutos depois, Tsygankovo, com Lucescu incrédulo, fez igual em condições bem mais favoráveis - sozinho, a três metros da baliza deserta. E Rafa ficou perdoado.
E bem perdoado, pelo que viria a fazer ao longo de toda a primeira. Ele e João Mário, mas também o resto da equipa, que conseguiu uma exibição competente, com bocados de futebol agradável e com o jogo controlado. O primeiro golo surgiu aos 16 minutos, com Yaremchuk a concluir uma boa jogada colectiva, com muito Rafa e ainda mais João Mário pelo meio. E na assistência. O segundo tardou apenas seis minutos, depois de um recuperação de bola pelo João Mário, aliviada depois por um defesa ucraniano ... para Gilberto, que ainda não tinha recuperado e estava para lá da linha defensiva adversária, para marcar um golo que nem era nada fácil de fazer.
Também em Munique as coisas iam correndo de feição, e o Bayern chegava igualmente ao 2-0 sobre o Barcelona, e as portas do apuramento para os oitavos de final estavam escancaradas. Tudo perfeito - o Benfica jogava bem, fazia a sua parte. E o Bayern fazia o que era esperado que fizesse - ganhar a este Barcelona que só ganhara ao Dínamo de Kiev.
Só que havia a segunda parte para jogar. E aí voltamos ao Benfica de Jorge Jesus. É pena, mas a verdade é que a segunda parte deu ao jogo o verdadeiro espelho do Benfica que temos. E que continuamos a ter: uma equipa que não consegue jogar um jogo inteiro, e que é capaz do melhor e do pior num só jogo.
O Dínamo de Kiev dominou por completo durante toda a segunda parte, infligindo mais um banho de bola ao Benfica. Ainda agora está por perceber como não marcou um golo, que teria inevitavelmente mudado tudo. Voltou a valer-nos Vlachodimos!
É certo que a arbitragem alemã foi ainda pior que o jogo do Benfica, com dois penáltis por assinalar. É verdadeiramente escandaloso que nem o VAR tenha assinalado a mão dentro da área a cortar um cruzamento de Rafa. Naquela altura, o terceiro golo poderia ter mudado o rumo do jogo. Ou não, e apenas ter tornado ainda mais injusto o resultado para os ucranianos!
A equipa nunca se encontrou, não teve bola - a equipa de Lucescu deu por completo a volta às estatísticas do jogo, e terminou com mais de 60% da posse de bola, mais remates, mais cantos ... - nem estratégia que não fosse defender. Os jogadores apenas se encontravam quando se juntavam à frente da sua grande área, onde acabaram por passar a maior parte do tempo. Fora disso era sempre grande a distância que os separava, impossibilitando qualquer tipo de pressão sobre o portador da bola e permitindo ao adversário a construção de jogo ao ritmo de ondas sucessivas. Assistimos durante grande parte deste período ao inimaginável numa equipa de futebol de alta competição - três jogadores na frente a pressionar a saída de bola e, depois, os restantes sete lá atrás, deixando 60 ou 70 metros de terreno livre para os jogadores ucranianos jogarem completamente à vontade.
Depois, as substituições. E o mesmo de sempre - incompreensíveis. Primeiro entrou Everton, para o lugar de Pizzi. E Everton foi Everton... Depois entrou Lázaro, para o lugar de Gilberto, amarelado, esgotado e há muito desastrado, depois do Diogo Gonçalves ter passado o tempo todo em aquecimento. E, sem bola, sem capacidade de a segurar e fazer circular, trocou João Mário por Tarrabt e Yaremchuk por Darwin. Não está em causa que os substituídos pudessem estar esgotados, o que é incompreensível é trocar dois dos que melhor seguram a bola, cada um na sua função, por jogadores que mais a perdem. Jorge Jesus só percebeu isso quando fez entrar o miúdo, Paulo Bernardo, para o lugar de Rafa. E como se notou logo!
Salvou-se o resultado. O da Luz e o da Allianz Arena, que ainda subira para 3-0. E o - é verdade - à partida inesperado apuramento para prosseguir na Champions. Mas este Benfica de Jorge Jesus nem nas alegrias nos deixa sorrir!
Teve tudo este jogo do Camp Nou. Não lhe faltou nada. Nem os golos, que não teve. Sim, para que não lhe faltasse nada, teve dois golos. Teve mais, teve quase três!
Este Benfica que esteve hoje em Camp Nou não terá sido um grande Benfica, ao nível do seu melhor. Mas foi seguramente um Benfica competente. Para ser um grande Benfica, faltou-lhe … Rafa. Com o melhor Rafa teria sido outro jogo. Para ser o mais competente dos últimos anos faltou um bocadinho de competência - e o mínimo de sorte - a Seferovic, no último minuto. Naquele golo que todos vimos e festejamos num sonho de que acordamos com a bola a acabar a fugir da baliza de Ter Stegen. Quando, um milésimo de segundo antes, a tínhamos já visto lá dentro. O tal quase terceiro golo do jogo. que os deuses da bola desviaram para o lado de fora do poste direito da baliza do alemão, prostrado no chão ainda a olhar para o chapéu que Seferovic lhe tinha oferecido.
Não há explicação para aquela bola não ter entrado. Como também não há explicação para a arbitragem russa ter anulado aquele golão de Otamendi, aos 36 minutos da primeira parte. Com o argumento que, no início da jogada, no canto de Everton, a bola teria descrito uma curva que ninguém viu, e que nenhuma imagem confirma, e passado uns momentos fora do campo. Era o primeiro golo do jogo, e marcado pelo melhor em campo. Por quem mais o mereceu. E para estas coisas não há VAR!
Já o segundo golo do jogo, festejado pelos jogadores e pelo público catalão, aos 83 minutos, só foi isso - festejado. O central uruguaio, Araújo, estava clara e indiscutivelmente fora de jogo.
E pronto, fica escrita a história dos golos que o jogo (não) teve. E nesses, o Benfica ganhou.
Mas o grande jogo desta noite em Barcelona não se resume aos golos que (não) teve e deveria ter tido. A primeira parte foi muito bem jogada, de parte a parte. O Barcelona de Xavi, agora a comandar de fora, começou por se superiorizar, e esteve por cima do jogo na meia hora inicial. Mas sem que o Benfica lhe consentisse qualquer oportunidade de golo. Essas foram do Benfica, que respondeu no último quarto de hora, em que foi melhor. E chegou ao golo - o tal que ainda não se percebe porque foi anulado. Paradoxalmente foi nesse período que o Barça criou a sua mais flagrante oportunidade de golo, num remate à barra, mesmo no ângulo com o poste direito da baliza de Vlachodimos, com mais uma grande exibição.
Ao intervalo ficava a ideia de um Benfica melhor. Que dividira a posse de bola com os campeões da posse, tivera mais remates enquadrados, mais cantos.
Na segunda parte o jogo cresceu em emoção, e chegou até a parecer partido em muitas ocasiões. Para isso muito contribuíram as substituições, abertas logo que se esgotou o primeiro quarto de hora. João Mário, o relógio, e Yaremchuk, muito preso lá na frente entre os centrais adversários, foram substituídos por Taarabt e Darwin. E isso mudava o futebol do Benfica, tirando-lhe calculismo e introduzindo-lhe agitação. Do outro lado, Xavi fez o mesmo, lançando o agitador Dembelé para o lugar de Demir, mais um craque chegado de La Masia. E como agitou, o francês!
Tanto que Jorge Jesus teve de mexer no lado esquerdo, colocando Lázaro no lugar de Grimaldo, há muito amarelado, que primeiro subiu no terreno para, pouco depois, dar lugar a Seferovic. A tempo de fazer o quase golo, o tal que ainda se não percebe como só foi isso, e que ficaria para contar outra história deste grande jogo.
Se tudo correr dentro da normalidade em curso neste grupo E da Champions, este resultado, que acabou por acontecer, não se ficará por ter garantido apenas o terceiro lugar, que remete a continuidade na Europa do futebol para a Liga Europa. Normal será que o Bayern ganhe ao Barcelona. E, normal ou não, o Benfica só tem que ganhar ao Dínamo de Kiev, que marcou hoje o seu primeiro golo na competição, ao perder com os alemães por 2-1, em Kiev.
É isso, há mesmo uma boa probabilidade do Benfica prosseguir para os oitavos da Champions. Hoje mostrou que o merece!
Temia-se uma nova goleada, e mais um pesadelo, nesta viagem do Benfica a Munique, para defrontar o Bayern no jogo inicial da segunda volta desta fase de grupos da Champions. Se não há alturas boas para defrontar esta grande equipa do futebol mundial, esta, na actual fase do Benfica, era a pior.
A goleada aconteceu, não dá por onde dourar a pílula. O 2-5 final, é uma goleada em cima de outra goleada, num agregado de 2-9. E mais um resultado pesado, a carregar em cima dos últimos resultados, e certamente a pesar sobre os ombros dos jogadores, descrentes e desorientados.
Claro que o Bayern é uma grande equipa, inacessível à maioria das equipas que disputam a Champions. E que dá gosto ver jogar ... desde que não seja contra o Benfica. Mas não é invencível, como de resto já foi demonstrado por duas vezes nesta época, nas competições internas. Para isso é no entanto necessário não cometer tantos erros, individuais e colectivos, como o Benfica vem cometendo. É preciso um pouco mais de talento, que não abunda nesta equipa de Jorge Jesus. Nem nos jogadores, nem no treinador. E é preciso uma estratégia. Como o jogo mostrou!
A equipa até pareceu entrar sem medo, criando a ilusão que a goleada, e o pesadelo, não eram uma inevitabilidade. Teve a primeira ocasião para criar perigo para a baliza de Newer, e marcou até o primeiro golo. Mas não valeu, foi anulado pelo árbitro, por fora de jogo de Pizzi, que o VAR confirmou. Mal. Seguramente mal, à luz das linhas apresentadas, que mostravam claramente que apenas a mão do jogador do Benfica "pisava" a linha traçada. E, nem mãos, nem braços, membros que não podem jogar a bola, contam para determinar o fora de jogo (já agora, o árbitro voltou a prejudicar o Benfica ao poupar a expulsão, por segundo amarelo, a um defesa do Bayern). E, com talento para isso, Pizzi poderia ter marcado ainda antes do primeiro golo do Bayern, quando saiu isolado em contra-ataque, ainda no seu meio campo defensivo, com Newer na sua posição natural, quase sobre a linha de meio campo.
E ainda marcou dois golos.
Quem faz isto pode não ganhar ao Bayern. Quem joga com Meité, também não. Mas deixa demonstrado que se pode ganhar.
Deixa de poder é quando, por exemplo, permite que o Bayern chegue com sete jogadores à sua área, contra apenas três. Quando permite que Grimaldo fique todo o tempo sozinho, a levar nós, uns atrás dos outros, de Coman. Quando pressiona desgarradamente jogadores como os do Bayern. Quando marca individualmente jogadores que estão sempre em movimento. Ou quando permite que até Newer assista para golo.
Quem assim joga sujeita-se simplesmente a ver um conjunto de jogadores fantásticos a jogar como uma equipa, a fazerem do jogo o que quiserem, e a marcarem golos uns atrás dos outros. E, no fim, a puxar dos galões por marcar dois golos.
O Barcelona, ganhando em Kiev, fez o pleno com o Dínamo, e desalojou o Benfica da zona de apuramento. Mas esta não é sequer altura para fazer contas. Se esta sequência de resultados e exibições não for já estancada com o Braga - bem nos recordamos que a debacle das duas últimas épocas começou precisamente nas derrotas com os bracarenses, na Luz - todas as contas sairão furadas.
Durante 70 minutos do jogo desta noite, na Luz, vibrante, o Benfica alimentou a ilusão de ter condições de o disputar com o colossal Bayern. De discutir o resultado, e até que perder não era a fatalidade anunciada.
Claro que poderia ter sofrido golos durante esse período, e sofreu até dois que, bem, o VAR anulou. Mas também poderia ter marcado e, acima de tudo, nunca foi uma equipa dominada e submetida. O Bayern resolve sempre os seus jogos muito cedo. No último domingo, com o Bayer Leverkusen, com quem então partilhava a liderança da Bundesliga, à meia hora de jogo já ganhava por cinco. O resultado em branco aos 70 minutos, com uma equipa que é uma máquina de marcar golos, e com o Benfica a fazer bem mais que simplesmente resistir, fazia oscilar os adeptos entre a esperança num bom resultado e o receio que, para aquela máquina de futebol, o golo seja apenas uma questão de tempo. Ou de um erro!
Não se esperaria era que fosse numa bola parada. Já tinha havido duas ou três ocasiões para isso, e nenhuma tinha saído bem a Sané. Mas foi: Yaremchuk, na barreira, em vez de saltar, encolheu-se. E a bola passou por ali, direitinha às redes de Odysseas, sem possibilidade de fazer o que quer que fosse para o evitar. Aquele minuto 70 tornou inglório todo o esforço da equipa até aí.
E a partir daí foi o descalabro, perante um adversário impiedoso, com os erros a sucederem-se, e os golos a surgirem a um ritmo nunca antes pensável, até à temida goleada. Em casa, como já sucedera às outras duas equipas portuguesas na Champions. Por muito que o Benfica tenha feito bem mais neste jogo, perdendo por quatro, que então tinham feito os seus adversários nacionais, e companheiros de desventura nesta Champions, quando perderam por 5-1.
Ninguém se fica a rir. Essa é que é essa. Como é este o nosso futebol no espaço competitivo europeu. O resto é conversa!
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