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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Finalmente a "Champions"

Confira a lista completa e atualizada de campeões da Champions League com Manchester  City

O Manchester City conquistou finalmente, tantos anos e tantas centenas de milhões depois, a "Champions", depois de vencer ("à rasquinha") o Inter de Milão, esta noite , no Atatürk, em Istambul.

O favoritismo da equipa de Guardiola era total, mas não o conseguiu confirmar no jogo. Porque lhe faltou o seu futebol, realmente superior e sem rival no planeta, "curto-circuitado" pelo meio campo do Inter. Que conseguiu fazer ao City de Guardiola, com todas as suas estrelas, aquilo que fizera ao Benfica, na Luz. 

O único golo do jogo foi marcado, aos 68 minutos, pelo espanhol Rodri, assistido por Bernardo Silva, numa jogada que desequilibrou por completo a intransponível defesa da equipa de Simone Inzaghi. E só então o jogo ganhou a dimensão de espectáculo de uma final da "Champions".

Até aí foi um jogo enfadonho, com o City aprisionado na maldição  "Champions" e na teia italiana, e o Inter preso à estratégia que o tinha trazido até Istambul. A partir daí, o Inter soltou-se, o jogo tornou-se excitante, poderia ter acabado com um resultado diferente, e poderia até ter ido para prolongamento.

Não foi, acabou assim. E o Manchester City conquista finalmente a "Champions", juntado-a ao campeonato e à taça de Inglaterra. O "treble", como eles dizem, por lá. E quatro benfiquistas são campeões europeus : Ederson, Rúben Dias e Bernardo Silva - provavelmente o jogador da final -, mas também "o proscrito" João Cancelo.

 

 

Foram os anéis, salvaram-se os dedos!

Não era realisticamente expectável que o Benfica pudesse virar o resultado da eliminatória hoje em Milão. Não o era pelo que tínhamos visto do Inter, uma equipa de grande maturidade táctica, constituída por jogadores de grande valia individual; e não o era pelo que tem sido o Benfica das últimas semanas, num ciclo profundamente negativo, com uma sucessão de três derrotas.

Nestas circunstâncias, ultrapassar a diferença de dois golos que o Inter trouxera da Luz, se era o objectivo, era inatingível. O jogo confirmou isso mesmo, em nenhum momento o Benfica mostrou que poderia dar corpo à ideia perdida de chegar às meias-finais desta Champions.

Os objectivos para este jogo teriam de ser - e provavelmente seriam mesmo - estancar a série de derrotas e realizar uma exibição a que a equipa, e os adeptos, se possam agarrar para inverter a fase negativa que atravessa, matar a descrença, e afastar fantasmas.

À luz desses objectivos, o jogo foi interessante, e até empolgante. A perspectiva de ir além deles morreu cedo, logo aos 13 minutos. Quando, no primeiro remate do jogo, Barella marcou e deixou o Inter ainda mais confortável na eliminatória. E quando ficou claro que os argumentos que, em Lisboa, tinham sobrado à equipa italiana e faltado ao Benfica, voltavam a decidir este jogo de Milão. 

Esse golo evidenciou logo que o Inter continuava a ganhar todos os duelos. E que o Benfica mantinha no défice de agressividade o sua principal dificuldade para ultrapassar estes jogos de maior exigência. 

Foi nos duelos que os jogadores do Benfica perderam que perderam esta eliminatória. 

O Benfica só conseguiu o primeiro remate à meia hora de jogo. Mas, para isso, foi preciso um livre. De Grimaldo, que até poderia ter acabado em golo, não fosse a boa defesa de Onana. E chegou ao empate oito minutos depois, no segundo remate, na primeira boa movimentação colectiva da equipa, iniciada com um passe de grande visão de Florentino, continuada na movimentação de Gonçalo Ramos e de Grimaldo, a obrigar o muro italiano a abrir, no  cruzamento preciso de Rafa, e na excelente conclusão de cabeça de Aursenes.

O resto foi controlo do jogo por parte do Inter e, ao intervalo, mesmo com o empate, garantido só estava o desfecho da eliminatória. Os outros objectivos realistas do Benfica ainda não.

O Benfica entrou com Neres para a segunda parte. Entrou bem o brasileiro, e entrou bem a equipa. Desta vez não saiu Florentino. Saiu Gilberto, que nunca se tinha entendido em campo, com Aursenes a preencher a sua posição. Uma novidade, mas ainda haveremos de o ver na baliza. 

O Benfica entrou bem mas, mais uma vez, um erro de arbitragem para "enfeitar" esta eliminatória, depois dos da Luz. Carlos del Cerro Grande, o árbitro espanhol que no passado domingo protagonizou em Valência (no jogo com o Sevilha) uma das mais inacreditáveis arbitragens da era do VAR, não assinalou um penálti claro de Lautaro sobre Aursenes. O Benfica tinha a bola, e jogava no meio campo do Inter, que fechava todos os caminhos para a sua baliza, e parecia que estava a atingir os tais objectivos realistas.

Só que o Inter saía em contra-ataque sempre que podia. Na primeira vez que o pôde, ia a segunda parte a meio, Lautaro Martinez marcou o segundo, com uma grande execução, saindo pouco depois, substituído pelo compatriota Corrêa. Que, dois minutos depois de ter entrado, marcou o terceiro, em novo contra-ataque, e novamente num golo de grande execução. 

Em comum, nestes contra-ataques bem sucedidos, a exploração do flanco direito e da falta de rotina de Aursenes, e a falta de agressividade, passividade mesmo, no centro da defesa do Benfica. 

Faltava um quarto de hora para o fim, e o cenário mais provável era, então, de mais uma derrota. Ou até de um enxovalho capaz de afundar a equipa ainda mais.

Os jogadores sentiram isso, e e não deixaram que isso pudesse acontecer. E, ao que, não direi de bom, mas de razoável tinham feito, acrescentaram querer. E alguma agressividade, nunca antes vista. Gonçalo Guedes, que substituíra Ramos pouco antes do terceiro golo, mas especialmente Musa e João Neves, que entraram a substituir Rafa e Chiquinho logo a seguir, muito contribuíram para isso.  

E nesse quarto de hora só deu Benfica. Neres rematou ao poste. Três minutos depois António Silva reduziu, respondendo de cabeça a um livre de Grimaldo. Um dos raros golos de bola parada dos últimos jogos, curiosamente no jogo em que, mesmo sem que se tenham visto lances trabalhados, finalmente acabaram aqueles cantos curtos para trás que já só irritavam.

Nove minutos depois, já sob o cair do pano, Musa, com a presença na área que Ramos nunca conseguira, empatou o jogo, e confirmou os objectivos que, na realidade, havia para atingir.

O Inter foi melhor no conjunto da eliminatória. Foi tacticamente superior e tem inquestionavelmente melhores jogadores. Mas, no futebol, ser melhor num jogo, ou numa eliminatória, nem sempre decorre de ter melhores jogadores e até melhor táctica. É frequente que haja circunstâncias do jogo a contribuir para que uma se superiorize, e outra se inferiorize. 

Mesmo com o actual Benfica longe da "performance" anterior, a verdade é que, na Luz, há uma semana, ficaram dois penáltis por assinalar a favor do Benfica. Hoje, ficou outro. No jogo da semana passado, diz-se que por o VAR ser holandês, e estar interessado na posição da Holanda no "ranking" da UEFA. No de hoje, não sei qual seja a razão, mesmo que o Valência-Sevilha do passado domingo diga muito sobre este árbitro espanhol. 

De que não há dúvida é que, se estes três penáltis tivessem sido assinalados, tudo teria sido diferente. E, se não é líquido que o Inter tivesse sido melhor, é evidente que o resultado final da eliminatória teria sido outro.

Assim, não foi. Mas, assim, com o que foi, não há razão para não acreditarmos todos que este ciclo tenebroso se fechou hoje em Milão. Mas é preciso manter a revolta patente no último quarto hora deste jogo, sem adormecimentos. 

 

Circunstâncias, não atenuantes!

25

Ainda não refeito, volto ao jogo de ontem, com o Inter.

No enquadramento aqui desenhado ontem, dificilmente o jogo seria diferente do que realmente foi. Dificilmente poderia fugir às circunstâncias que marcam o actual momento do futebol do Benfica, do mesmo modo que o da segunda mão, em Milão, não poderá fugir ao que este jogo foi.

Ao contrário das expectativas geradas com o sorteio, em muito alimentadas pelo espaço mediático que marca o futebol em Portugal, o Inter não era o melhor adversário para o Benfica. Nunca o seria, nem mesmo à data do sorteio, quando o futebol encarnado era todo "cor de rosa". Para o Benfica seria sempre mais cómodo um adversário que jogasse futebol, o jogo pelo jogo.

Não é o caso deste Inter, seguramente a "mais italiana" das principais equipas italianas. A mais matreira, a mais "cínica" e fiel à velha escola transalpina. E, ainda por cima, servida por jogadores tecnicamente de primeiríssimo plano, e maduros. Com experiência para dar e para vender, que lhes dá o "calo" que lhes permite exponenciar a matreirice. 

O Inter soube garantir a superioridade numérica em praticamente todas as zonas do campo. Dos três centrais fortes, e "batidos", libertava Bastoni para subir e criar desequilíbrios complementando, sempre um pouco mais por dentro, as tarefas do lateral esquerdo Di Marco, já que o do outro lado, Dumfries fazia tudo sozinho. No meio campo,  Brozovic, Barella e Mkhitaryan - todos jogadores de alto nível - eram de mais para apenas Chiquinho e Florentino. Na frente, Dzeko e Lautaro ficavam em igualdade numérica com os centrais do Benfica. E, depois, havia ainda o próprio guarda-redes Onana a criar mais desequilíbrios. Que é o que fazem os grandes guarda-redes, quando sabem jogar com os pés. Ora na construção, ora a lançar directamente os atacantes.

Daqui não resulta um grande futebol, que o Inter decididamente não tem. E como não o tem, não é uma grande equipa. Mas tem grandes jogadores para interpretar a estratégia de não deixar jogar. 

Era necessário um grande Benfica para contrariar aquelas dificuldades. Só que esse não é o Benfica desta altura. Este Benfica só deu para momentos, sempre esporádicos e breves. Nesses deu para ver que, com a consistência de há um mês, poderia justificar a euforia à data do sorteio. 

Depois, as circunstâncias do jogo não ajudaram. Nem só um bocadinho. O Inter marcou logo no arranque da segunda parte, quando o Benfica até passava por um daqueles momentos, e na primeira vez que chegou á baliza do triste Vlachodimos. E, na reacção ao golo, o Benfica não foi feliz, naquele lance em que a bola não quis entrar. Nem no primeiro remate de Grimaldo, nem no segundo de Rafa, nem na tentativa final de Gonçalo Ramos, onde até sofreu falta para penálti. A arbitragem foi outras dessas circunstâncias.

As decisões da equipa de Michael Oliver tombaram sempre para o lado italiano. Nas pequenas e nas grandes coisas. Nas pequenas foi até confrangedora a actuação do árbitro assistente do lado dos bancos. Nas grandes, sobressai o penálti assinalado a partir do VAR, com que Lukaku fecharia o resultado, a 10 minutos do fim. Ao contrário, nunca teria sido assinalado. O VAR viu penálti naquela intervenção do João Mário, mas não o viu  quando Darmian desviou com a mão da bola, disputa com Grimaldo na sua grande área. Nem quando Acerbi deu forte e feio em Gonçalo Ramos, no tal lance aos 55 minutos em que a bola não quis entrar.

Até no tempo de compensação. Quatro minutos perdeu ele para confirmar a grande penalidade, a maioria à espera que as imagens lhe chegassem ao monitor. Depois houve as cinco substituições do Inter. E a única de Schemidt, talvez para poupar tempo. E ainda os largos minutos queimados pelos italianos, de todas as maneiras e feitios. Algumas escandalosas, como nos festejos dos golos, onde permitiu que todos os jogadores do banco invadissem o relvado. Ou como Onana sempre ultrapassou todos os limites. Não com a tradicional demora na reposição da bola, que os árbitros sancionam com amarelo, normalmente já no fim do jogo. Mas com a bola na mão, ou debaixo do corpo, ultrapassando claramente os limites de tempo estabelecidos pelas leis do jogo, e puníveis com livre indirecto.

São circunstâncias, mas os jogos também são feitos delas. Se os jogos da Champions se decidem em pormenores, estas circunstâncias são mais que isso. Mas não são atenuantes. E não se podem esquecer os "pormaiores". 

E o actual momento da equipa, e porventura o seu esgotamento, é mesmo o "pormaior" decisivo deste jogo. E desta eliminatória.

Desilusão

Mais uma vez a Luz cheia, que nem um ovo, de benfiquistas crentes. Um Estádio que começou a cantar o seu amor ao Benfica, para acabar em assobios.

As meias-finais da Champions que há três ou quatro semanas era dada por adquirida, é hoje uma miragem. A esperança cedeu à desilusão. O futebol entusiasmante de há três ou quatro semanas cedeu ao esgotamento. O interruptor caiu para off, e ninguém mais o conseguiu levantar. 

Ouve-se por aí que os adversários já descobriram o antídoto para o futebol de Roger Schemidt. É fácil encontrar o antídoto quando os automatismos começam a falhar. Quando os jogadores quebram física e mentalmente, perdem a confiança, e passam a falhar o que nunca falhavam. Os passes deixam de levar a direcção certa porque o movimento colectivo deixou de funcionar. O que era automático, e fluente, emperra e os espaços, e as linhas de passe que antes se abriam facilmente, são agora facilmente tapados.

Não foi o Porto de Sérgio Conceição que descobriu a pólvora. Nem hoje o Inter de Inzaghi que aproveitou para o copiar. É Roger Schemidt que não percebe que a forma individual e colectiva da equipa caiu e, com ela, a dinâmica da sua ideia de futebol, e confiança dos jogadores.

Não é essa ideia que está errada no treinador do Benfica. São outras coisas. O que está errado é que Schemidt não tenha uma ideia de gestão dos jogadores e do plantel. Que não tenha percebido que os momentos de forma se esgotam. Que há lesões, e castigos. E que por isso não pode contar apenas com onze jogadores. Tem que contar com muitos mais e, para isso, têm que jogar. E que não pode deixar de ter um plano B para aquele seu futebol. 

Ao jogo, e à derrota de hoje, a segunda em quatro dias, haverei de voltar daqui a umas horas. Depois de refeito, se é que isso é possível!

Sinfonia na Luz

Noite de espectáculo na Luz, num jogo de futebol que soou a sinfonia. De uma orquestra sem bombos!

O tom foi dado na abertura, no primeiro minuto, naquela jogada genial concluída também genialmente por João Mário. Não valeu, o VAR anulou-o por fora de jogo de Gonçalo Ramos no início da jogada, muito antes do fantástico calcanhar de João Mário enfiar a bola na baliza de Mignolet. Soou a crueldade, na altura. O VAR serve para velar pelo cumprimento das leis do jogo, é certo. Mas não devia servir para anular uma obra-prima destas.

Percebeu-se, depois, que afinal aquilo fazia parte do ensaio, e servira para dar o tom à orquestra. E que o VAR, afinal, também pode servir de diapasão. Dado o tom, foi deixar a orquestra funcionar e a sinfonia fluir.

E foi o que o Benfica fez, deixou a sinfonia fluir, empolgante, a deliciar uma plateia esgotada e vibrante. O Bruges ia fazendo o que podia. Atordoado até ao meio da primeira parte; e a tentar também participar no espectáculo logo que saiu do sufoco benfiquista. Exclusivamente remetido à sua grande área, primeiro, na defesa cerrada da sua baliza. Tentando subir um bocadinho no campo e pressionar um pouco mais alto, a seguir. 

A música, essa era sempre do Benfica, mesmo com o contratempo do amarelo a Otamendi, perto da meia hora, que o afasta do primeiro jogo dos quartos de final, e mesmo que o golo tardasse. Por isto ou por aquilo, mas muito porque a equipa belga tinha atinado com o posicionamento, e fazia com os jogadores do Benfica caíssem muitas vezes na armadilha do fora de jogo. Surgiria apenas aos 38 minutos, já na fase em que a equipa belga tentava subir no terreno, e dentro do tom dado no primeiro minuto. Nem uma nota faltou: Gonçalo Ramos arrancou pela esquerda e cruzou para o Rafa, dentro da área, se libertar de dois adversários e marcar de "trivela". A trivela já é o que é - uma nota de execução difícil - mas esta não foi uma "trivela" qualquer. Foi uma "trivela" em queda, e isso é uma execução superlativa.

Tinha de ser assim o golo 100 do Benfica na época. Que foi também o primeiro sofrido pelo Bruges fora de casa, nesta Champions. Onde, na fase de grupos, isto é, antes de encontrar o Benfica, até só tinha sofrido golos num jogo.

O golo nada alterou no concerto. Foi como que se nada tivesse acontecido. O espectáculo tinha de continuar, e continuou. Até ao segundo, já em cima do intervalo, de novo no tom, com Gonçalo Ramos a receber a bola da esquerda, a passar por quatro adversários dentro da área dos belgas, e a rematar forte, fora do alcance de Mignolet, a fechar a primeira parte em apoteose. Antes, o árbitro turco tinha perdoado a expulsão ao defesa Lang, por falta sobre Bah à entrada da área, que não assinalou, para assinalar uma segunda, logo de seguida, e mudar o destinatário do amarelo.

Poderia esperar-se que fosse impossível ao Benfica manter o ritmo na segunda parte. Nada disso. Um espectáculo destes tem que ter duas partes ao mesmo nível. E os jogadores já estavam vacinados contra o fora de jogo, que antes tanto os tinha traído.

E a sinfonia continuou, com as bancadas em apoteose. E os golos também, mesmo que abaixo daquilo que o espectáculo merecia. Gonçalo Ramos voltou a marcar, mais uma vez dentro do tom ditado pelo diapasão, ainda dentro do primeiro quarto de hora. 

Vieram as substituições, Bah pelo aniversariante Gilberto, em jeito de parabéns. E Chiquinho - outra exibição soberba - por Neres. E nada mudou - quem entrava, entrava dentro do tom. E veio o quarto golo, no penálti sobre Gilberto que João Mário converteu. Com classe, dentro do tom, imediatamente antes de sair para a entrada do menino João Neves. Que entrou com Morato, para o lugar de Otamendi, afastado do próximo jogo. E, de novo, nada mudou - quem entrava, entrava dentro do tom. Tanto que foi o menino a assistir Neres para o quinto, a um quarto de hora do fim.

Nem com 5-0 a equipa abrandou o ritmo do espectáculo. Quis mais, e fez tudo para o conseguir. Mas acabaria por ser o Bruges a marcar, já mesmo no fim, o chamado tento de honra. Por sinal mais um grande golo. Nunca se saberá se foi aquilo que o lateral esquerdo, Mejer, quis mesmo fazer. Aquele gesto técnico - o pontapé - foi uma coisa nunca vista. Diria mesmo que poderá tentar repetir aquilo mil vezes que nunca mais conseguirá voltar a fazer igual. 

Um grande golo é sempre um grande golo. E afinal este ficou também dentro do tom de um espectáculo a que nada faltou. Nem a extraordinária ovação a Yaremchuk - perdoando-lhe a entrada dura sobre Chiquinho, logo no início do jogo que lhe valeria o primeiro amarelo da partida - na altura da substituição.

E fica uma exibição memorável do Benfica, com todos os jogadores a alto nível. Sem elo mais fraco, mas onde não é possível deixar de destacar Gonçalo Ramos como o melhor, entre os melhores. Não o entendeu assim a UEFA, que atribuiu o prémio de melhor em campo a Rafa. Que, numa demonstração de carácter, mas também do espírito de equipa que reina entre os jogadores, o entregou ao colega. Também para ele, hoje, o melhor entre os melhores!

E também isto é bonito. E de bom tom!

Agora ... pode vir o Chelsea.

Magia branca

VÍDEO: O golaço de calcanhar de Darwin contra o Real Madrid

Champions ... é Real Madrid!
 
Antes ficaram famosas as "remontadas" em Chamartin. A forma épica como os madrilistas aí viravam jogos e eliminatórias já perdidos, como ainda na última época sucedeu por diversas ocasiões.
 
Agora, é no próprio campo do adversário, como hoje, em Liverpool, no inexpugnável Anfield Road!
 
De presa fácil no primeiro quarto de hora, passou a predador inclemente no resto do jogo. A perder por 0-2 aos 14 minutos, aos 67 já tinha dado a volta a tudo, com cinco golos, num jogo memorável. Que começou com o golo fabuloso de Darwin, um golo de calcanhar que foi muito mais que um "simples" golo de calcanhar, desde já candidato maior a melhor golo desta Champions. Passou por um erro inacreditável de Courtois, depois, por mais um golo de grande categoria, de Vinícius e, depois ainda, no empate, por Allison imitar o seu colega da outra baliza. Dois dos melhores guarda-redes do mundo, com dois dos maiores erros que os guarda-redes podem cometer.
 
Ambos sem hipótese de remissão porque, e este é apenas mais uma das coincidências deste jogo, apenas tiveram oportunidade de fazer uma defesa. Dos remates (enquadrados) à baliza das duas equipas, só um não foi golo.
 
O resto ... é Real Madrid e magia e a força do branco na Champions!

Favoritismo confirmado, prestígio reforçado!

Era dada como favas contadas, esta eliminatória dos oitavos de final da Champions. E até este jogo da primeira mão da eliminatória em Bruges. Não havia quem não desse total favoritismo ao Benfica para este jogo na Bélgica, com o Club Brugge. Por cá, mas também por lá. E o jogo começou exactamente sob essa perspectiva, com o Benfica a impor o seu futebol e a equipa belga retraída no seu meio campo, claramente amedrontada e desconfiada de si própria.

Roger Schemidt não replicou o onze inicial de Braga, introduzindo-lhe duas alterações - Gonçalo Ramos, no lugar de Guedes, e Rafa, no de Neres. No resto, tudo na mesma. Nas bancadas, nem parecia que a equipa estava a jogar fora. Não que estivessem mais benfiquistas - eram à volta de 3 mil, 10% da lotação do estádio - mas porque foram sempre quem apoio mais forte deu à sua equipa. Foram fantásticos, e calaram durante duas horas os adeptos belgas, rendidos aos cânticos benfiquistas. Entre eles, Rui Costa. O presidente foi apenas mais um a cantar!

Dizia que o jogo começou com o Benfica a confirmar todo o favoritismo que lhe era atribuído, e foi assim mesmo naqueles três minutos iniciais. Só que, de repente, o Bruges alterou completamente a sua atitude e, de uma equipa recolhida e tolhida pelo medo, passou a uma equipa subida e aguerrida. Passou a disputar todos os lances com alta agressividade, lançou o jogo para a dimensão física, e passou a ganhar a maior parte dos duelos do meio campo. E a ganhar todos os ressaltos, e a grande maioria das segundas bolas.

A ignição para essa metamorfose foi uma escapada de Buchanan, pela esquerda, aos cinco minutos, que Vlachodimos anulou, junto ao poste direito. Durou cerca de um quarto, esse período mais complicado para o Benfica. Mas nem mais uma oportunidade para a equipa belga marcar, graças ao acerto da linha defensiva do Benfica.

A meio da primeira parte já o Benfica tinha recuperado a sua superioridade clara no jogo, e começava a iniciar um autêntico desfile de oportunidades de golo. Primeiro Aursenes, depois um corte que só por acaso não acabou em auto-golo, depois ainda, António Silva, com o remate de cabeça a sair ligeiramente por cima da trave. A seguir foi Rafa, a rematar aos ferros (mesmo no ângulo do poste com a barra), e depois Gonçalo Ramos, por três vezes.

"Quem não marca, sofre" - diz a velha máxima do futebol. E já em cima do intervalo, depois de tanto "não marcar", o axioma cumpria-se: uma perda de bola numa saída para o ataque obrigou Otamendi a uma falta sobre Lang (o melhor do Bruges), que lhe valeu um amarelo e, do livre, apareceu Odoi no segundo poste a cabecear para dentro da baliza. Valeu que estava em fora de jogo, por pouco, mas prontamente assinalado pelo "liner". E assim foi o jogo para intervalo, empatado. Sem golos, mas com muitas oportunidades para o Benfica.

A segunda parte iniciou-se exactamente nas mesmas bases e, logo no primeiro minuto, Gonçalo Ramos voltou a falhar a baliza, com tudo para fazer golo. Falhou o golo, mas ganhou um penálti, três minutos depois. Que João Mário marcou. Em força, ao contrário do que é habitual. Não fosse tanta e Mignolet teria defendido. Chegado ao golo, o Benfica tranquilizou. E refinou o controlo do jogo. Não recuou, não abrandou, mas temporizou mais o jogo.

Pouco depois da hora de jogo Shemidt trocou Ramos e Rafa (ainda longe da sua melhor condição) por Guedes e Neres, e a equipa revitalizou-se. Ganhou novo fôlego e voltou a criar novas oportunidades para voltar a marcar. Só o conseguiu já perto dos 90 minutos, por Neres. Que voltaria ainda a marcar, mas sem contar. Estava também em posição irregular.

No fim, fica mais uma exibição consistente do Benfica. E prestigiante. Colectiva e individualmente, sem elos mais fracos. Aursenes foi considerado pela UEFA o "homem do jogo". Talvez não tenha sido o melhor, por não ter estado tão bem a construir e finalizar como habitualmente. Mas esteve em cada metro quadrado do campo todo.  É até difícil escolher o melhor, quando António Silva e Otamendi, estiveram insuperáveis; Florentino, soberano naquele meio campo, João Mário decisivo em todo o jogo, Gonçalo Ramos, um mouro de trabalho e o desbloqueador do resultado ... E só não se pode dizer que Chiquinho já não surpreende porque ainda consegue surpreender. Como naquela recepção fantástica, digna de Zidane.

E ainda um resultado que, podendo ter sido bem mais dilatado, acaba por ser interessante, e praticamente garantir o acesso aos quarto de final desta Champions.

Noite mágica em Haifa

Está bem agarrado a raízes profundas este extraordinário futebol do Benfica. Ninguém diria que as sementes que Schemidt começou a semear no início do Verão desenvolveriam tão rapidamente raízes tão sólidas e profundas.

Só essas raízes explicam tudo o que de épico e extraordinário aconteceu nesta noite de glória de Haifa. 

Sem Enzo, até aqui peça fundamental desta máquina de futebol de Schemidt, impedido pelo castigo pelos dois cartões amarelos, havia Aursenes. Já tinha dado garantias de ser capaz de manter a máquina a funcionar em pleno. Só que o norueguês não resistiu mais que meia hora, tendo de sair lesionado. Porque um mal nunca vem só, pelas mesmas razões, e em simultâneo, também Gonçalo Ramos abandonou o jogo. Duas substituições "queimadas" logo à meia hora!

Ficou a ideia que ambas as lesões não seriam motivo de impedimento imediato de ambos. Que o treinador do Benfica simplesmente entendeu não arriscar que pequenas lesões se transformassem em lesões mais graves. E que, sabendo da robustez das raízes, não teve qualquer receio em fazer o que entendeu, e bem, que tinha de fazer.

E isto é bom senso, confiança e coragem!

Apoiado por um ambiente daqueles que empurram qualquer equipa muito para lá dos seus limites, com o estádio repleto de uma massa humana tomada de um entusiasmo fanático, focados no objectivo do terceiro lugar no grupo, que lhes garantia prosseguir a temporada na Liga Europa, o Maccabi Haifa entrou no jogo a todo o gás, pressionando em todos os metros quadrados do campo, e disputando cada bola como se fosse a última.

Nada a que este Benfica não esteja habituado. A equipa sabe o que tem a fazer nessas condições, não treme. Sabe que depois desse tempo vem outro, o seu. E depressa!

Voltou a ser depressa, nesta noite. Bastaram cinco ou seis minutos para o Benfica esvaziar o ímpeto inicial da equipa israelita, e colocar em pleno funcionamento a sua máquina de futebol, e esperar que ela comece a produzir oportunidades de golo.

A primeira chegou de imediato, mas a bola rematada por Gonçalo Ramos preferiu o poste à rede da baliza israelita. Pouco depois, a segunda, num extraordinário remate de Rafa, que o guarda-redes Cohen defendeu de forma verdadeiramente extraordinária. Às três foi de vez: da cabeça de Otamendi, a responder ao passe espectacular de Aursenes a mudar o flanco do jogo, cruzar toda a área,  à cabeça de Gonçalo Ramos para o golo. Tinha o jogo apenas 20 minutos, e já dono. Só o Benfica mandava.

Só que jogo é jogo e, seis minutos depois, o VAR conseguiu convencer o inglês Anthony Taylor que Bah jogara a bola com a mão. Assinalou mais um penálti manhoso - ontem foi também assim que o Sporting foi afastado da Champions e, já em última hora, remetido para a Liga Europa - e o Maccabi empatou.

Nada, mais uma vez, a que o Benfica não esteja habituado. Por isso reagiu, como sempre. Só que logo de imediato surgiram as lesões de Aursenes e Gonçalo Ramos, substituídos por Chiquinho e Musa, e temeu-se pela capacidade de reacção. Até porque as coisas também não estavam a sair bem a Neres.

Nada disso. João Mário recuou para o lado do Florentino, não para fazer de Aursenes, ou de Enzo, mas para fazer o que sabe fazer, e bem, naquela posição. E foi quase como se nada tivesse acontecido.

Mantendo-se o empate, e com o público sempre a puxar pelos jogadores, o Maccabi repetiu na entrada para a segunda parte o que fizera na primeira. E lá voltou o Benfica a fazer, também, o mesmo. Só que, desta vez, mais depressa e ainda melhor!

Bastaram pouco mais de dez minutos para que Musa (finalmente) marcasse, igualmente à terceira oportunidade de golo criada, e acabasse com a resistência israelita, após grande assistência de Bah. Em grande. Dez minutos depois Grimaldo fez o que sabe fazer bem, e marcou o terceiro, num livre primorosamente cobrado, silenciando as bancadas e desbaratando por completo o adversário, já em completo desespero. Mais quatro minutos, e Neres, já recuperado, assistiu para o belíssimo golo de Rafa.

Faltavam dois golos, e mais de um quarto de hora de jogo para, mantendo-se o resultado em Turim, onde o PSG ganhava por 2-1 à Juventus, chegar ao primeiro lugar no grupo.

Tranquilamente, Schemidt decidiu poupar as duas estrelas, que acabavam de construir o quarto golo. Ou refrescar a equipa?

Entraram Diogo Gonçalves e, finalmente, o miúdo Henrique Araújo. O primeiro só não fez o quinto porque a bola teimou em ir outra vez ao poste. O miúdo, em pouco tempo mostrou tudo o que se sabe que vale. E marcou o quinto, a dois minutos dos 90, com selo de marca registada. Aquela desmarcação, e aquela finalização, é marca de Henrique Araújo!

Festejava-se o golo quando, de novo tranquilamente, como se não estivesse a um golo do objectivo maior para esta Champions, Schemidt nos quis dizer que o Lucas Veríssimo está finalmente de volta. Na euforia da celebração quase não dávamos pela entrada do internacional brasileiro, em substituição do menino António.

Faltava um golo. E lá estava João Mário. Em noite de gala, com tanta diversidade de marcadores, merecia ser a ele a marcar o golo mágico. Jogava-se o segundo dos três (mais uma maldade do Sr Taylor) minutos de compensação, e era o final perfeito para uma noite de glória!

O Benfica atingia 14 pontos. Nunca antes lá tinha chegado. O PSG, também. Mas essa era a sua obrigação. Com 16 golos marcados e 7 sofridos. O PSG, também. Tinham empatado ambos os jogos, a um golo. 

Teve de se recorrer ao sexto e penúltimo critério de desempate. O Benfica tinha marcado mais três golos fora de casa que o PSG. Era primeiro no grupo!

Poderia ser pelas bolas nos ferros. Não é. Mas aí também o Benfica ganharia!

Ninguém acreditaria nisto, há meses, na altura do sorteio. Ninguém, ontem,  hoje, ao início do jogo, ou mais ainda ao minuto 30 do jogo, acreditaria ser possível superar a diferença de golos dos ricos de Paris.

O que de melhor que tínhamos para acreditar era que estivéssemos agora a lamentar os golos desperdiçados nos dois jogos com a Juventus, ou mesmo as duas bolas de hoje ao poste. É esta a dimensão épica desta mágica noite de Haifa! 

"Quem ama o futebol ama o Benfica"

Foi com este cartão de visita que Roger Schemidt chegou, há cinco meses,  para começar a escrever a partitura deste hino ao futebol que o Benfica hoje apresentou na Luz. Neste fantástico estádio, cheio e vibrante, hoje a festejar o seu 19º aniversário.

Poderá haver quem ame o futebol sem amar o Benfica. O que não pode haver é quem ame o futebol sem se deixar apaixonar por este futebol do Benfica!

Quem não viu o jogo (nunca saberá o que perdeu!) e olhar apenas para este resultado tangencial de 4-3 com que o Benfica venceu a Juventus, e se apurou, desde já, para os oitavos de final da Champions, poderá até achar estranha esta exaltação à exibição desta noite, a melhor exibição deste sensacional Benfica de Roger Shemidt. E provavelmente a melhor de sempre do Benfica na Europa!

Por isso é melhor explicar que o jogo teve duas histórias: a do hino ao futebol que o Benfica interpretou, e a do resultado. E uma não tem nada a ver com a outra, do mesmo modo que uma não apaga a outra.

O resultado não se apaga. É este 4-3 que ficará para sempre. O recital de futebol com que o Benfica presenteou a Juventus, também não. Nada o apagará da memória de quem teve a felicidade de assistir ao jogo!

Tudo foi perfeito. O Benfica - a quem o empate também servia - entrou a dominar o jogo em todos os capítulos, e a empurrar a Juventus lá para trás. O  primeiro golo não tardou mais que 17 minutos, e anunciava a noite perfeita que aí vinha: era, finalmente, o primeiro golo do menino António Silva. O golo que já tantas vezes lhe tinha sido negado teria de chegar numa noite perfeita!

O cruzamento de Enzo foi perfeito. O remate de cabeça do menino, no meio dos três centrais adversários, foi mais que perfeito.

A partir daí a gala foi sempre em crescendo. Mas também foi a partir desse golo perfeito que se começou a escrever a história do resultado. Apenas 4 minutos depois, e na primeira vez que conseguiu chegar à area, no canto subsequente, a Juventus empatou. Depois de ressaltos e mais ressaltos acabou por ser Moise Keen a empurrar a bola para dentro da baliza de Vlachodimos, com o árbitro a assinalar fora de jogo, que o VAR não confirmou. Um golpe de infortúnio que o Benfica transformou num mero incidente de jogo. O "show" tinha de continuar.

E continuou. Bastaram mais 5 minutos para Aursenes - mais outra exibição deslumbrante - pôr a cabeça em água a Cuadrado. Só lhe restou a mão para tirar a bola ao norueguês, dentro da área. João Mário fez o que tem feito com competência, e estava feito o segundo, repondo a vantagem, que nunca se tinha justificado ser perdida.

O futebol do Benfica continuava imparável. E requintado, mágico mesmo. Magia foi o que não faltou, sete minutos depois, na jogada do terceiro golo. Magia é com Rafa, e só poderia mesmo ser uma obra-prima. De calcanhar, a responder ao passe de João Mário.

Faltavam 10 minutos para o intervalo, e o 3-1 no resultado era o que de melhor a Juventus levava da primeira parte.

Nada mudou para a segunda parte. E bastaram cinco minutos para novo solo de Rafa. Desmarcado por Grimaldo, foi por ali fora até ficar cara a cara com  Szczęsny. Depois foi a arte de lhe fazer passar a bola por cima. Era o bis de Rafa, e a goleada cravada no marcador.

Os jogadores da Juventus estavam de cabeça perdida. Um deles até apertou o pescoço ao Rafa, com a complacência do árbitro. Não sabiam para onde se virar. Os jogadores de vermelho surgiam-lhe todos os lados, como se fossem mágicos. A Luz era o inferno. E as oportunidades de golo sucediam-se. Szczesny negou mais um a Gonçalo Ramos. António Silva só não voltou a marcar por milímetros. Os jogadores do Benfica estavam no paraíso, e já só procuravam o hat-trick para Rafa. Que o teve nos pés aos 75 minutos, com a baliza ali à mercê, depois de mais uma brilhante assistência de João Mário. A bola saiu a rasar a trave.

Allegri já tinha esgotado as substituições, à procura de estancar a avalanche do futebol benfiquista. Roger Schemidt, nem uma. Não se podia estragar o que era perfeito.

De repente, do nada, viu-se que Allegri tinha metido no jogo um tal Illing-Junior, mais uma esperança do futebol inglês. Fugiu pela esquerda e cruzou para Milik, também lançado por Allegri, marcar. De uma goleada histórica, o resultado passava para 4-2.

A superioridade do Benfica era tal que ninguém viu qualquer ameaça naquele golo. Muitos terão mesmo pensado que aquele golo, não passava da velha regra do "quem não marca sofre", e que, como sucedera no primeiro, apenas serviria para relançar o Benfica para mais golos.

Só que, logo a seguir, o menino inglês repetiu a graça, e Mckennie, também ele saído do banco, marcou também. Em dois minutos, e a 11 dos 90, a Juventus conseguia dois golos e deixava o resultado em 4-3.

Não estava tudo contado. Contada estava a história do resultado. Rafa ainda tinha mais para dar ao jogo. E deu. Aos 85 minutos voltou a soltar magia, e a ir por ali fora, deixando toda a gente para trás, para acabar com a bola no poste esquerdo da baliza de Szczesny, depois de o obrigar a lançar-se para o lado oposto. Saiu logo a seguir, sob a maior ovação da História de 19 anos da nova Catedral.

É verdade que a Juventus poderia até ter empatado, num canto já no período de compensação. E é verdade que se sofreu. E que, depois do remate ao poste de Rafa, se temeu a repetição da velha máxima da bola.

Nada disto apagou a gala de futebol do Benfica desta noite. Acrescentou-lhe apenas a emoção que a transforma em épica!

Quem diria?

Mais uma grande jornada do Benfica nesta Champions, e quase garantido o apuramento. À quarta jornada, em Paris!

Quem diria? 

Quem há poucos meses diria que o Benfica se bateria igual para igual com este PSG das super estrelas, discutir os dois jogos desta dupla jornada e sair dela no primeiro lugar, ombro a ombro com o colosso parisiense forrado com dinheiro do Qatar, que parece também estar a chegar a estas bandas? 

Mas é assim. Este Benfica já nos mostrou do que é capaz. E é muito capaz!

Foi-o em Turim, foi-o na Luz, há uma semana, e voltou a sê-lo esta noite, no Parque dos Príncipes. Num jogo diferente, muito diferente mesmo, do da Luz, na semana passada. Hoje foi um jogo sem balizas, não foram os guarda-redes a determinar o resultado.

O Benfica entrou personalizado, como sempre. Sem medo, e fiel ao seu modelo de jogo. Sem abdicar de qualquer dos seus princípios sagrados. E consagrados!

Não teve David Neres que, lesionado, ficara em Lisboa. E Roger Schemidt optou por colocar Aursnes no seu lugar. Não exactamente na sua função, até porque jogou na esquerda, com João Mário na direita, na posição do brasileiro. E, naturalmente, sem as capacidades de Neres, também sem o seu desempenho.

Foi uma decisão surpreendente. Esperar-se-ia que Neres fosse substituído por Draxler, ou por Diogo Gonçalves. Seria uma dessas a opção natural. Schemidt surpreendeu e, no fim, se havia quem ainda o não tivesse percebido, todos perceberam que é de treinador. 

Portanto o Benfica permaneceu fiel à sua ideia de jogo. E entrou bem, a dançar ao ritmo da música do jogo, que desde cedo começou a mostrar que teria pouca baliza. Sem balizas o jogo é sempre menos espectacular, mas pode ser igualmente bem jogado. Foi o caso. E o Benfica jogou-o bem, e disputou-o ainda melhor. 

Num jogo como este, golos, só mesmo de penálti. Foi assim, e não poderia ter sido de outra maneira.

Primeiro caiu para o lado do PSG, já perto do fim da primeira parte, aos 40 minutos. Depois de grande equilíbrio no jogo jogado, sem qualquer oportunidade de golo, e até mesmo sem remates. O primeiro remate do PSG coube a Sarábia, aos 34 minutos. Fraco, para defesa fácil de Vlachodimos.

O primeiro momento a quebrar esse registo, e de maior perigo junto a uma das balizas, pertenceu até ao Benfica, aos 18 minutos - dentro da primeira metade, quando o Benfica desfrutou de alguma ascendência no jogo - quando João Mário cruzou para a área e o lateral Hakimi desviou com a mão, dentro da área, a bola da cabeça de Aursnes. O árbitro assinalou penálti, mas depois reverteu a decisão a pretexto de fora de jogo de João Mário, que ninguém percebeu. Nem houve imagens que esclarecessem.

O segundo aconteceu durante aqueles três minutos, entre os 35 e os 38, em que o PSG pressionou mais alto e ganhou consecutivamente as segundas bolas, culminando no penálti cometido por António Silva sobre Bernat, na primeira vez em que o lateral esquerdo chegou à área benfiquista. Um penálti tão claro quanto infeliz do miúdo. Quem quiser acusá-lo de "verdura" pode enfiar a viola no saco, porque o miúdo prosseguiu imperturbável, e acabou por ser o melhor em campo, mesmo que a UEFA tenha decidido ter sido Mbappé que converteu o penálti no primeiro golo da partida.

O Benfica reagiu de imediato ao golo, e percebeu-se que não seria a morte de ninguém. Mas até ao intervalo o jogo acabou por regressar ao registo que trazia, com a má notícia de dois amarelos - para João Mário e, já no último minuto, mais preocupante, para Florentino.

Pensava-se que, a perder, ao intervalo Schemidt mexesse na equipa. Mas não, continuou fiel às suas ideias, manteve Aursnes, e o jogo prosseguiu nos mesmos moldes. Apenas quebrado num remate em arco de Mbappé, que saiu ao lado do poste direito de Vlachodimos, na única oportunidade de golo do PSG. E noutro, de cabeça, três minutos depois, de Gonçalo Ramos, e pouco antes do segundo penálti da partida.

Que o árbitro inglês deixou passar em claro. Verrati cometeu falta clara - claríssima - sobre Rafa. A dúvida era se fora, ou dentro da área. Valeu o VAR, e João Mário repôs o empate. 

Faltava cerca de meia hora para o final, e chegava então a altura de defender. E então o Benfica defendeu. Sempre bem, anulando todas as tentativas do adversário.

Roger Schemidt iniciou então as substituições. Logo a seguir ao golo, trocou Bah por Gilberto. Mais tarde, já pelo minuto 80, e com também Enzo já amarelado e constantemente provocado por Neymar, e por ter de se precaver com o amarelo de Florentino, recuou então Aursnes, e lançou Draxler, Diogo Gonçalves e Rodrigo Pinho.

Depois foram os ponteiros do relógio a fazer o seu percurso. Mesmo que às vezes nos parecesse sem muita pressa. No fim, mais um resultado notável, mais uma demonstração do valor desta equipa, e a quase certeza de mais uma presença nos oitavos de final da Champions.

 

 

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