Chapeau
Por Eduardo Louro
Num dos telejornais de uma das televisões, vi este fim-de-semana uma curiosa reportagem sobre o estado - de pré-falência, diz-se - das finanças da Câmara Municipal de Gaia. Que não é novidade, há muito se sabia que se trata da segunda Câmara mais endividada do país, que Luís Filipe Menezes, ao longo dos dezasseis anos que por lá passou, ao que se diz, gastou dinheiro como se não houvesse amanhã.
Enquanto o texto da reportagem ia dando conta disso mesmo, e das condenações que diariamente, à medida que caem as sentenças judiciais dos diversos processos em Tribunal, estão a inundar a autarquia, iam passando imagens do foguetório de inaugurações onde Luís Filipe Menezes ia cortando fitas, invariavelmente acompanhado de Marco António Costa, sempre de sorriso largo e aberto.
A reportagem fechava com a notícia de que Luís Filipe Menezes esteve sempre incontactável e com palavras de Eduardo Vítor Rodrigues, socialista e actual presidente. Que, para além de manifestar a sua convicção em resolver todos esses problemas, teve tempo para dizer que não tinha nada que se desculpar com o passado, que não tinha sido eleito para se desculpar com o seu antecessor, que lhe deixou muita dívida mas também muitas e excelentes infra-estruturas.
Que Luís Filipe Meneses esteja incontactável não me surpreende nada. É o normal… Também não me surpreende sorriso largo e aberto do então delfim de Menezes, o que me surpreende é o que anda agora por aí a dizer. Mas, francamente, que numa situação daquelas, um político recuse desculpar-se com a pesada herança e elogie a obra herdada, é que me deixa mais que surpreendido: espantado!
Não sendo – que não sou, antes pelo contrário – especial admirador de Luís Filipe Menezes, tenho de tirar o chapéu ao actual presidente da Câmara de Gaia: Chapeau Eduardo Vítor Rodrigues!