Chiado: 25 anos
Por Eduardo Louro
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Por Eduardo Louro
Por Eduardo Louro
Da pizza diz-se que o segredo está na massa. Da Gestão diz-se que está na flexibilidade e na agilidade.
Particularmente em tempos de crise, como os que teimam em continuar, a agilidade da gestão tornou-se num verdadeiro mito. Só as empresas com grande flexibilidade, com enorme capacidade de adaptação em tempo real à mudança conseguem vingar e atingir o sucesso.
De facto a mudança sempre teve muito de assustador. Resistir-lhe foi e continua a ser um factor de bloqueamento. Na sociedade e, inevitavelmente, nas empresas. Responder à mudança é um factor crítico de sucesso, e responder-lhe rapidamente e em força, exige enorme agilidade. Chamamos-lhe, popularmente, jogo de cintura ou também flexibilidade de rins.
Este mito da agilidade e da flexibilidade de gestão continua a tirar o sono a muitos gestores e empresários, que passam noites de autêntico pesadelo a matutar na forma de alcançar tão valioso desiderato. Pois surpreendam-se: vou dar uma ajuda.
Há já alguns anos que venho observando, em Lisboa (é em Lisboa que tudo se passa...), o mais emblemático case study de agilidade e flexibilidade na gestão de um negócio. Passa-se no Chiado e tem como protagonista uma senhora, de aparência desenrascada, seca de carnes e à volta dos 50 anos.
Está sol e a senhora apresenta-se na Rua Garrett com os dois braços carregadinhos de óculos de sol, para a senhora e para o cavalheiro, pró menino e prá menina, de todas marcas: Ray Ban, Gucci, … Mas, de repente, o céu escurece e anuncia chuva. Num ápice a senhora desaparece com os óculos de sol e reaparece, minutos depois, com os mesmos braços agora carregadinhos de chapéus-de-chuva. A chuva pára e, se volta o sol, volta ela com os seus óculos. Mas, se o sol não está voltado para emprestar ainda mais beleza ao Chiado e a chuva é substituída por uma aragem fria, a senhora, os mesmos minutos depois, está de regresso com os braços carregadinhos de luvas e cachecóis.
Delicio-me com esta demonstração de agilidade desde há uns 4 anos. Ontem decidi que era tempo de meter conversa, de ao menos lhe perguntar o nome. Não podia deixar passar mais tempo sem juntar o seu nome à minha lista de gurus de referência. Saí do parque de estacionamento (Império): o sol brilhava, o Chiado estava lindo e cheio, como sempre. Ela lá estava, ao fundo, com os braços carregados de óculos. Mas, de repente, sem sequer me darem tempo de me aproximar, umas nuvens negras taparam-no… Fica para a semana!
*Publicado no Vila Forte em Outubro de 2009
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