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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Irresponsabilidades

Por Eduardo Louro

 

 

Juncker diz - entre muitas outras coisas relevantes, como a necessidade de definir reformas estruturais - que a troika é ilegítima, que o que fez foi atentar contra a dignidade dos países intervencionados, e em especial da Grécia e de Portugal. O governo português (com medo de uma simples dedução: troika = governo, se troika ilegítima, então governo ilegítimo) diz que não, que isso é uma palermice, que em linguagem diplomática se diz infeliz.

O novo governo grego dá mais um passo, e apresenta mais uma proposta que evite o bloqueamento final do beco sem saída em que está metido. Satisfaz todas as exigências, mas para um prolongamento por seis meses do acordo de financiamento, que não do programa dito de ajustamento. A Comissão Europeia manifesta-lhe receptividade, mas o governo alemão diz logo que não. Que não é viável. Que aquilo ainda não é capitulação total que, com os governos de Portugal e de Espanha, pretende…

Ainda há poucas semanas o governo português era acusado de, com a saída da troika, ter perdido o ímpeto reformista, e a economia portuguesa objecto de outlook negativo, o que irritava de sobremaneira Passos Coelho e os seus ministros… Nem se falava em trocar qualquer financiamento obtido ao abrigo do programa da troika – esses grandes amigos que nos cobram juros no dobro do que já está disponível no mercado, durante o tempo que quiserem – por outro mais barato…

Na sexta-feira passada, ao mesmo tempo que encostavam os gregos á parede, autorizavam Portugal a antecipar o pagamento de metade do empréstimo ao FMI. Que propagandeavam como evidência do êxito dos seus postulados, e como prova de sucesso do bom aluno… Ontem, com o governo grego a anunciar mais um passo atrás na direcção da parede, Schaubler aproveita para exibir Maria Luís Albuquerque numa conferência… Como uma atracção de circo!

É assim que as coisas se estão a passar nesta Europa...  Como se, em vez de um projecto de vida colectivo para centenas de milhões de pessoas, se tratasse de um enredo de telenovela barata … Com total irresponsabilidade!

O CIRCO EM ALVALADE

Por Eduardo Louro

 

O Sporting apresentou Jesualdo Ferreira: o novo treinador, apresentado como manager!

No meio de tanta incongruência dificilmente poderia ser apresentado como outra coisa, mas é do novo treinador que se trata.

Apesar da excitação não passa de mais um novo treinador e de mais um coelho que Godinho Lopes tira da cartola… Certamente o último!

Os mais crentes – sim, o clubismo é mais que uma religião – acham que Jesualdo é Jesus, o Messias, por que há tanto suspiram. E deixam-se invadir por uma onda de excitação que os ventos que correm em Alvalade, paradoxalmente, até podem justificar.

Não me agrada nada o papel de desmancha-prazeres. Mas não posso deixar de avivar a memória dos mais entusiasmados, referindo que Jesualdo teve sucesso no Porto, onde chegou em circunstâncias invulgares, se bem estamos lembrados. Neste Porto das últimas duas décadas onde, como há muitos anos Mário Wilson (já não há gente desta humildade) disse do Benfica, qualquer um se arrisca a ser campeão. Ali, não importa agora como nem porquê, todos os treinadores são bem sucedidos. Até o Vítor Pereira!

Antes, fora um desastre no Benfica – o treinador das duas piores classificações: o sexto lugar que nos envergonha, de 2000-2001, ano do título do Boavista, e o quarto da época seguinte, no último título do Sporting – e, no Braga, um dos treinadores de menor performance da nova era de Salvador, onde Jesus, Domingos e Leonardo Jardim se encarregaram de reduzir os seus resultados à simples dimensão de suficiente. Depois … bem, depois foi o desastre no Málaga, onde se não aguentou mais de três meses. Uma equipa que o seu substituto – Manuel Pellegrini – levou à Champions, onde acaba de se apurar em primeiro lugar no seu grupo, sem qualquer derrota, mesmo depois da sangria – o sheik do dinheiro deu à sola - do último Verão. E viu-se grego no Panathinaikos, de onde acabou de ser despedido, para se oferecer ao Sporting, ao mesmo tempo que desenterrava o velho tema dos túneis. Um tema que, para ele, era dois em um: mitigava o seu último inêxito nacional, e com ele todos os que lhe sucederam, e entrava directamente por uma das portas de afronta ao Benfica. Sabendo qualquer uma é a porta 10 A para entrar em Alvalade!

No seu discurso de apresentação começou por exaltar o Sporting como um clube diferente. Exactamente como eles gostam de dizer. E mais ainda de ouvir! E quase ia dizendo que era sportinguista desde pequenino. Vá lá, segurou-se a tempo…

Ouviu-se da boca de um dos portistas residentes num desses múltiplos programas que as televisões dedicam ao confronto clubístico que, no meio da tertúlia azul e branca, alguém terá perguntado ao Jesualdo o que é que ia fazer para o Sporting. E que a sua resposta terá sido: “pagam-me; enquanto me pagarem estou lá”…

Confesso que a última coisa que me apetecia agora era atirar com água gelada para cima dos sportinguistas. Juro que não quero mais nada que pôr alguma água na fervura. Que alguma ordem chegue ao circo que Godinho Lopes armou ali à entrada do Lumiar!

Mas desconfio que o tipo que está ligado à pior classificação de sempre do Benfica (e à pior do Porto neste século, a par de Octávio, também de boa memória em Alvalade) não deixará de fazer menos no Sporting… 

CORTE HISTÓRICO NA DESPESA

Por Eduardo Louro

 

Estava anunciado para hoje o anúncio do corte histórico na despesa. Um corte nunca visto em Portugal, o maior dos últimos 50 anos!

A forma como isto veio sendo anunciado só encontra paralelo na promoção dos espectáculos de circo que vemos pelas nossas cidades, vilas e aldeias ao longo do Verão. Com uma diferença significativa: é que o circo, seja onde for, nunca deixará de ser o maior espectáculo do mundo!  

A montanha voltou a parir ratos. Mais uma vez não se viram cortes, mas mais aumentos de impostos. Para ouvir falar de uma única medida de cortes na despesa teremos, uma vez mais, de esperar. Por agora pelo próximo orçamento de Estado!

Por enquanto uma coisa tem sido certa; de cada vez que fala em corte de despesa o governo descobre e anuncia mais impostos!

Depois de tantos e tantos fiascos à volta destes anúncios de cortes na despesa é difícil de entender como é que o governo insiste nesta estratégia circense. Ou talvez não!

Vamos lá a ver. Não há dúvida nenhuma que o governo não consegue dar corpo às expectativas que criou, ainda na oposição e depois, já no poder, sobre o corte na despesa. Por impreparação, sem dúvida, - porque não fez o trabalho de casa durante todo o tempo de oposição – mas também por falta de seriedade e objectividade política. Que, sendo habitual em toda a classe política, não é negligenciável para quem também reclamava um capital de seriedade e de rigor de que o país precisa como de pão para a boca. Porque se enganou, porque não foi sério, por incapacidade ou por todas estas razões, Pedro Passos Coelho e os seus ministros não sabem o que fazer com a despesa.

Por uma razão muito simples: é que a despesa é fixa e estrutural. Há evidentemente muito desperdício, que todos facilmente identificamos, mas que não é fácil de combater fora de um contexto de reformas estruturais, que exigem verdadeiras roturas (com interesses instalados, com lógicas de poder e redes de influências) mas também determinação e saber!

Por isso o governo continua a anunciar colossais cortes na despesa sem apresentar, credível e qualificadamente, uma única. Mas joga com palavras e conceitos que lhe permitam continuar a alimentar este espectáculo de circo, voltando a anunciar cortes que já vêm do governo anterior, prolongando congelamentos salariais e cortes de reformas que, sendo mais do mesmo, provocam, evidentemente, efeitos de redução de custos …para o futuro. Mas a tal gordura do Estado que Passos Coelho sabia tão bem cortar, essa é que não!

Este governo está, de resto, a ficar demasiado parecido com o anterior. O anterior andava de PEC em PEC falhando sucessivamente os respectivos objectivos; este está na mesma, apenas não lhes dá nomes, não lhes chama PEC´s porque já há memorando da troika. Diz que quer ir para além do memorando, para além das exigências da troika, mas apenas corre (com mais impostos) atrás de novos e sucessivos buracos, que ora chegam da Madeira, ora do afundamento da actividade económica. Ou dos erros de avaliação dos aumentos de muitos impostos!

O anterior governo abandonou completamente a realidade e passou a viver num mundo muito próprio, que mais ninguém conseguia ver. Este também já está lá próximo. Porque não pode distorcer assim tanto a realidade actual distorce o futuro, projectando o paraíso para 2014 e 2015, quando todos vemos que este presente não sustenta esse futuro. Que nada está nas nossas mãos, que nem sequer dependemos de nós próprios e do que consigamos fazer. Que o futuro nos foge que nem areia entre as mãos!

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