A ênfase
Às duas grandes novelas do Verão, a de Cavani, já nos últimos capítulos, e da Messi, agora nos iniciais, ambas no reino da bola respondeu, pelo meio, a política com a saga "cobardes", protagonizada por António Costa, na qualidade de actor principal, e Miguel Guimarães, num papel secundário que não lhe ficou nada atrás.
Nos higlights da série dois flashs lamentáveis: uma lamentável frase de sete segundos pronunciada em off pelo primeiro-ministro; e a não menos lamentável fuga desse registo para as redes sociais, pelas mãos de quem se estava nas tintas para as normas da deontologia a que está obrigado.
O erro de um não desculpa o de outros. E vice-versa.
A novela parecia despedir-se com a cena final gravada nos jardins da residência oficial do primeiro-ministro, depois de uma reunião de três horas. A cena final de sempre, com tudo a acabar bem e a viverem felizes para sempre. Mas eis que, poucas horas depois, com as luzes apagadas e as câmaras desligadas, mas não em off, como da outra vez, Miguel Guimarães rói a corda. E diz que não. Que António Costa, nas declarações públicas, "não revelou a mensagem de retratamento da mesma forma enfática que aconteceu na reunião"....
Nas declarações públicas prestadas na sua presença, ao seu lado. Das duas, uma: ou o bastonário é de compreensão lenta, e precisou de dormir e acordar para perceber que as declarações do primeiro-ministro não respeitaram o guião; ou faltou-lhe qualquer coisa para logo ali, olhos nos olhos, às claras e para toda a gente ver, lhe dizer o que depois escreveu a dizer aos médicos.
Se o problema estava na ênfase, que diz ter faltado nas declarações de Costa, agora fica na ênfase que ele próprio colocou no que já era o título da saga.