Não deixa de ser curioso que o FMI, dos dias depois, tenha vindo confirmar o que a UTAO tinha dito sobre a execução orçamental. Se não o fez palavra por palavra, fê-lo ideia por ideia, tema por tema. Por exemplo, que o aumento da receita em IVA, sem negar o aumento do consumo, se deve ao abrandamento nos reembolsos... E que a meta da cobrança fiscal não será atingida.
Mas não deixa também de ser curioso que o PS exulte com estes reparos. Que em vez de aproveitar para questionar o paradigma, o PS o aproveite para colher dividendos no debate eleitoralista, sem qualquer referência à austeridade que o FMI continua a impôr e a ver como inquestionável solução, e não como problema. E que lhe irá cair em cima se vier a ser governo...
Quando, para reagir a este relatório do FMI, João Galamba se lmita a dizer que "Parece que o FMI ficou agora surpreendido com o eleitoralismo do Governo e da maioria" , o PS limita-se a chafurdar na pantominice eleitoralista.
A Autoridade Fiscal e Aduaneira, as Finanças, como a conhecemos, foi-se transformando numa máquina de cobranças coercivas, num autêntico terror para os cidadãos agora vistos apenas como contribuintes.
A fama correu rápida, e não tardou que toda a gente passasse a querer recorrer aos seus serviços para cobrar dívidas. Primeiro foi o Estado. Ninguém se indignou muito, afinal era o Estado, o mesmo Estado todo poderoso, tudo contas da mesma casa. Não era bem assim, cobravam-se como impostos tudo o que fossem dívidas de que o Estado se lembrasse...
Depois, os privados abençoados pelo Estado lembraram-se que, melhor que seguros de crédito, factoring ou um simples departamento de cobranças, era mesmo recorrer a essa súper máquina de cobranças que o Estado detém. Os parceiros privados entenderam que o parceiro Estado também tinha a obrigação de lhe fazer as cobranças, e toca de cobrar dívidas das taxas moderadoras da saúde e das portagens...
Mesmo que alguma coisa comece a não correr bem, não me admiraria muito que, a curto prazo, a coisa extravase as PPP e passe a uma nova área negócio, com a oferta generalizada de serviços de cobrança. Que Autoridade Fiscal e Aduaneira, as Finanças, se transforme rapidamente num novo cobrador do fraque. Só que muito mais eficiente!
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